A viagem de trem

129 11 1
                                    

— Sua louca! Você quase quebrou meu nariz. — Ele se retorce e se senta no banco segurando seu nariz, me levanto meio zonza de meu sono profundo. Me espreguiço no sofá e esfrego os olhos. Em seguida me deparo com a janela do trem, chego mais perto e começo a admirar a vista de lá de fora.

A neve fofinha sobre o chão de uma floresta com pinheiros grandes e pontudos. Lá fora obviamente está muito frio. Mas aqui dentro do trem é tão quentinho que eu não consigo evitar, e acabo me aconchegado sobre o forro do sofá macio.

Sim! Já estamos no trem a caminho de Paris.
O trem não é luxuoso, mas é magnífico! As paredes são cobertas de um tecido vermelho com detalhes em dourado, tem dois sofás em cada cabine, um de frente pro outro... no direito estou eu, e no esquerdo Vlad e Dimitry, que conversam entre eles. Não acredito que estou viajando com dois desconhecidos, mas não me importo! Sei me defender e também não havia outra maneira de ir para Paris.

Esfrego meu polegar pela textura do tecido vermelho das paredes, ainda estou impressionada com esse trem! Acho que nunca entrei nessa coisa. Dimitry disse que esse vagão é o de classe baixa, e que não gosta dele. Mas para mim que sempre foi acostumada com pouco, está mais do que suficiente.

A janela é enorme! Me dá uma bela vista de lá de fora. Fico imginando como vai ser o navio que iremos pegar para Paris.
Eu não podia estar mais feliz! Sinto que meu destino está cada vez mais próximo. Que finalmente poderei realizar o sonho de conhecer minha família, ou melhor, o que sobrou dela... que foi só minha vó.

Inclusive eu não engoli direito esse assunto sobre eu ser a duquesa Anastásia, mas tudo faz sentido! Inclusive esse sonho que acabo de ter... que sonho foi esse? E por que ultimamente ando tendo essas visões? Será um sinal?
Seguro meu colar e começo a analisá-lo, me relaxo mais sobre o banco o encarando sem parar. Se pelo menos tivesse um nome nele, algo que que me diga quem o me deu, mas não adianta! Desde que perdi a memória procuro todos os dias algo que possa me dizer mais! Mas é inútil...

— Quer parar de mexer nisso? E senta direito! Como quer ser uma duquesa se comportando dessa maneira!? 

— Dimitry... acha mesmo que posso ser uma grã-duquesa?

— Você sabe que sim! — murmura com uma voz dengosa.

— Então para de me dar ordens! — retruco, e me viro para a janela.

— Hahahahahaha! Essa moça é indomável Dimitry, aceite isso. — Diz Vlad, caindo na gargalhada.

— Pois se ela quer se tornar uma duquesa tem que agir como uma duquesa! Até porque me deve respeito depois de quase ter arrancado fora o meu nariz. — Esbraveja! Passando um guardanapo em seu nariz para limpar o sangue que estava escorrendo. Mostro a língua a ele e volto a olhar para a janela.

— Vlad! Você viu? Olha! Ela é impossível! A gente vai ter que ter muita paciência pelo jeito. — Diz ele se derramando pelo sofá, estressado. Eu apenas ignoro! Não fui com a cara dele, ele é muito exigente e dá a entender que quer mandar em mim ao invés de me ensinar.

Pois se tem uma coisa que eu não engulo é desaforo! Principalmente vindo dele. Eu gostei mais do Vlad, ele é um senhor adorável e gentil! E sabe conversar comigo! Já o Dimitry é tudo na base da gritaria.

E sem contar que ele está implicando comigo desde às 9:00hrs da manhã, literalmente. Fico com dor de cabeça só de pensar como será o resto dessa viagem.

— Tá bom! Annya, não dê ouvidos a esse paspalhão! Ele não sabe conversar com uma dama. — Diz ele se ajeitando no sofá, Dimitry olha para ele sem entender.

— Concordo Vlad! Esse homem não sabe o que é ter classe. — Zombamos, eu e Vlad damos risada enquanto o mesmo faz cara feia.

— Bom, a começar... Annya, sente-se direito! Entrelace as mãos sobre o colo e mantenha-se reta, por favor. — Eu faço tudo que ele manda, pois ele tem jeito com as palavras, me sento do jeito que ele pede.

Duquesa Anastásia - Era Uma Vez Em DezembroWhere stories live. Discover now