As mulheres Nikolaevnas

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Gregory Rasputin

Desperto...

Amaldiçoado, cego... mas ainda me recordo...

Eu queria a qualquer custo me vingar da família Romanov, o preço...  foi a minha vida.
Eu tinha apenas 15 dias para fazer toda a linhagem apodrecer abaixo da terra, e falhei! Minha vida não era valiosa o suficiente para que eu pudesse exercer tanto poder, mas a deles eram! Era exatamente tudo que eu precisava...
Condenado a ter minha alma perdida numa escuridão sem fim, hoje por algum motivo pude senti-la... Anastásia, Anastásia está viva.

Não posso sair, seja onde estiver, estou fadado a ficar para sempre.
Imóvel, acordado no pós vida,  dia por dia no mesmo lugar gelado e na escuridão sem fim, sem vida.

Eu sinto! Não sei como ou o porque, mas eu a sinto mais perto do que nunca...
Negociar, preciso negociar, preciso enxergar.

Eu renunciei tudo que eu tinha, não passo de um cadáver podre.
Mas se ouço Anastásia posso mata-lá também, isso está acontecendo por uma razão, ainda posso consertar tudo.
Com o que me resta terei capacidade de mata-lá, não com as minhas mãos, mas com as de outro alguém.

A procurarei, a perseguirei... e... no escuro da noite, eu vou matá-la...

[...]

Annya Anderson

(1914)

— Pare Anastásia! Exijo ordem! Você já é uma moça! Já passou seu tempo de infância. Agora seja mais madura. — Diz Olga apontando o dedo em meu rosto.

— Mas, eu só estava brincando com Alexey.

— Anastásia eu sei que você ainda gosta de brincar. Mas existem momentos para isso! Hoje Alexey será apresentado na linha de sucessão, depois de papai. É um dia importante! E você com suas brincadeiras quase fez ele se atrasar. Papai não iria ficar feliz com isso. Ia ser feio para nossa imagem. Você tem que entender que existe o horário de brincar, e o horário de ficar séria. — Maria apenas conversa, não brigou comigo que nem a Olga fez. Mas do mesmo jeito, suas palavras me machucam.

Estamos prestes a entrar na sala de coroação. Papai e Alexey estão lá, esperando as mulheres da família passar pelo grande tapete, e parar ali, no pedestal.

Isso será uma apresentação, hoje os membros da família, e demais ministros irão conhecer o futuro aristocrata imperial. Meu querido irmão. Curado finalmente pelo santo Rasputin.

As pessoas não podiam saber sobre a doença do meu irmão, senão tudo virararia um grande caos! Afinal ele é o único homem da família, sem ele não terá herdeiro. Para piorar, a doença do meu irmão não tem cura. Mas nosso salvador, nosso padre Rasputin o salvou, graças a ele nosso povo não precisa saber sobre a doença do meu irmão. E assim não teremos riscos de perdê-lo.

Infelizmente Rasputin foi embora, papai jamais o deixaria morar aqui conosco.
Ao menos a hemofilia de meu irmão está curada e com isso só temos a comemorar.

— Moças! A mamãe está chegando. — Tatiana avisa, todas nós ficamos em forma. Duas de cada lado. Mamãe chega caminhando em passos firmes. Ela para em nosso meio. E olha para nós.

— Minhas filhas, vocês estão lindas!

— Obrigada mamãe! — falamos juntas.

— Que carinha é essa Anastásia? O que se passa?

— Nada...— digo cabisbaixa.

— Nada demais mamãe! É que ela queria brincar com o Alexey, mas já dissemos a ela que agora não é o momento. — Diz Maria. Mamãe me olha com cautela.

— Não se preocupe filhinha, agora que Alexey está salvo vocês terão tempo o suficiente para brincar. — Sorrio para ela, mamãe como sempre me fazendo ver o lado bom das coisas.

Ela olha para o lado, analisando meu cabelo.

— Anastásia por que seu laço é azul?

— Eu disse pra ela mamãe! Mas Anastásia é muito...— mamãe olha para Maria com destreza, a fazendo se calar.

Ela está se referindo ao meu laço de cabelo, o das minhas irmãs estão rosas, o meu é o único azul.

— Não gosto de rosa mamãe...— ela apenas assente.

— O azul combina com seus olhos filha. — Sorrio para ela, que sorri de volta fazendo meu coração palpitar mais rápido.

E assim, as portas se abrem. Erguemos a cabeça e andamos lentamente uma ao lado da outra.

[...]

Assim ficamos, em pé, erguidas no pedestal, vendo o padre abençoar meu irmãozinho na frente de todos os nobres, minha mãe queria que fosse o padre Gregory Rasputin ao invés desse, mas meu pai se recusou, eles já não se falam a alguns dias.

Papai então começa a falar com as pessoas aqui presentes. Dizer o quão Alexey cuidará dessa grande Rússia.
Olho para Alexey, e sorrio. Ele sorri de volta, mas um sorriso forçado. Ele não está nem um pouco empolgado. Ele sabe que ser um aristocrata imperial é uma grande responsabilidade. Temos papai de exemplo, que anda diferente nesses últimos dias.

Não... Não pode ser! De novo não...

Alexey esfrega o nariz sujando suas mangas de sangue. Não! Está acontecendo de novo.

— Mamãe! — A chamo, ela arrega-la os olhos como se dissesse "silêncio". Não adianta, ela não vai ouvir. Alexey começa a olhar suas mãos sujas e começa a entrar em desespero. Saio de meu posto e corro agarrando o braço de papai que se surpreende quando o interrompo.

— Anastásia! Volte para seu lugar.

— Papai! O Alexey está sangrando. — Seu corpo estremece em espanto e ele se vira para trás vendo mamãe chorando enquanto tampa o nariz de Alexey com o véu de seu vestido.

— Nicolau! Temos que chamar o homem santo! Rápido. — Diz mamãe.

— Chamem Gregori Rasputin! — Meu pai grita aos guardas que saem correndo cumprir sua ordem. — Filha, leve suas irmãs para o quarto. — Diz ele se dirigido a Olga. — Vá Anastásia.

— Não papai! Eu quero ver Alexey.

— Depois você o vê, Alexey precisa de cuidados adultos agora minha filha.

— Ele vai ficar bem?

— Vai! Chamaremos Rasputin! Agora vá Anastásia. É uma ordem. — Ele me empurra para Olga, que puxa meu braço me levando junto com o restante das minhas irmãs, olho para trás. Vendo mamãe chorando desesperada. Alexey desmaiando no colo de papai que sai correndo o levando embora, e as pessoas confusas, sem saber o que houve.

Por favor homem santo, salve meu irmão...

[...]

Trem – (16:00hrs)

— Annya! — me levanto no pulo. Acertando a mão em alguma coisa — Aii...

— Ah me desculpa senhor eu não queria...— me levanto desesperada vendo Dimitry gemendo de dor. — Ah é você? Então bem feito. 

Duquesa Anastásia - Era Uma Vez Em DezembroWhere stories live. Discover now