Recaída

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— Annya, a gente pode conversar? — ele vacila na voz. Sinto minhas bochechas queimarem no mesmo instante.

É tão constrangedor... mas é preciso.

— Sim, podemos. — Ele fecha a porta cautelosamente e se senta no recamier da cama. Enquanto eu fico no meio dela, sem me mexer, ele logo vê o vestido que estou segurando.

— O vestido de Alexandra!?

— Sim, a Sophia me emprestou para essa noite.

— Ah sim, você vai sair com o duque não é? Já havia esquecido. — Ele não parece gostar de dizer isso. Eu anuo com a cabeça, esperando que ele prossiga com a conversa.

— Eu estava no meu quarto pensando, e antes de tocar no assunto que você sabe qual é — agora literalmente eu sei —, gostaria de saber como você está lidando com tudo isso que está acontecendo. Se está contente aqui, se não há nada te incomodando.

Eu não esperava que ele fosse começar a falar assim.

— Eu... me sinto ótima! Acho que nunca fui tão feliz.

— É mesmo?

— Sim! Eu conheci Sophia, fui num restaurante magnífico, estou vestindo roupas decentes, experimentando coisas novas e experimentado novidades e aventurado-me em experiências diversas.  Me sinto muito bem com isso, mas...

— Mas o quê?

— Eu tenho um grande problema com você, Dimitry. Eu só queria te entender, saber sobre seu passado talvez. — Ele recua o olhar.

— Não tem nada que você precise saber sobre meu passado.

— Então pelo menos me diga porque às vezes você parece tão próximo, e às vezes tão distante.  Alega não sentir nada por mim, mas não é isso que parece. — Digo, ajustando o cabelo atrás da orelha.

— Novamente este assunto?

— Está evitando por qual razão? O que é de fato te impede?

— Pare de insistir nisso! Nós não podemos ficar juntos. — Ele se levanta indignado, acabo ficando irritada também.

— Por que?

— Porque você tem um futuro pela frente, um futuro diferente do meu. — Ele não diz que é porque não me ama, cada vez mais tenho suspeitas sobre seus sentimentos por mim.

— E se eu não quiser esse futuro?

— Você não tem que querer! Você vai ter e pronto. — Não entendo sua reação, isso está me deixando cada vez mais confusa.

— Então porque me beijou? Está querendo me desonrar?

— Não! — ele esbraveja e passa a mão na nuca, bufando logo em seguida — aquilo foi tudo no calor do momento, eu não estou querendo deitar com você! Não tenho intenções. Pelo menos não mais...

— O que quer dizer com isso?

— Na floresta, eu admito que tentei te beijar, estava com más intenções, mas isso foi antes de te conhecer melhor. — Minha cabeça dói ao ter que ouvir tudo isso sair da sua boca, todas essas justificativas, essas desculpas mal contadas.
Estou sendo tola novamente, por mim já chega.

Decido ignorar tudo que ele me falou, me levanto e fico de joelhos no recamier da cama, ficando à sua altura e de frente pra ele que está em pé na minha frente com as duas mãos em sua cintura, visivelmente atordoado.
Ele ergue as sobrancelhas quando me aproximo mais.
Fico frente a frente com ele, o suficiente para sentir sua respiração quente e mentolada próxima ao meu rosto. Fricciono meus olhos e o encaro de perto, olhando diretamente em sua pupila, e em seguida a sua boca.
Estou com uma vontade louca de beijá-lo...

Mas não o faço, ao invés disso, tomo a liberdade de deslizar com a ponta dos meus dedos em sua franja. Meu toque o faz estremecer.
Eu não canso de pensar em sentir a maciez de seu cabelo, não canso de reparar nele. É liso, dividido ao meio com franjas laterais e castanho cor de madeira.

Só mais uma característica charmosa dele, que eu adoro.

Com a voz arrastada e baixa, digo:

— Tô cansada dos seus joguinhos, das suas indecisões... — ele engole seco. — Se tiver algo para me dizer, Dimitry, diga agora! É a sua última chance. — Dou um ultimato.

Eu realmente sinto que ele não diz a verdade quando diz não querer nada comigo. Talvez a recompensa fale mais alto em sua mente. Mas seja como for, vou arrancar a verdade dele, basta utilizar aquela técnica que Sophia me disse, a sedução.
Assim como imaginei, ele começa a pensar.
A situação é tensa mas é precisa! Se dessa vez ele disser que não, eu juro que não insistirei mais nisso.

Mas antes, preciso saber o que ele realmente quer.

— Não, Annya, eu... eu não tenho mais nada pra te dizer.

— Ah não? — passo a mão em seu ombro Desço para o teu peito, deslizando a mão em seu suspensório. — Então, por que admitiu ser louco por mim quando estávamos naquele quarto? — vejo seus braços arrepiarem com o meu toque.  Ainda com as mãos na cintura, ele começa a soar frio e diz:

— Eu não disse...

— Ah, disse sim! Você disse que eu te deixo louco — chego mais perto e sussurro em seu ouvido — que desejou muito aquele momento.

Dimitry repentinamente me agarra com urgência e me beija instantaneamente. Segura minha cintura e aperta contra si mesmo, me fazendo arfar. Nossas línguas dançam sincronizadas enquanto meus dedos se enterram entre seus cabelos, intensificando o beijo.
É tão dominante e apaixonado que me recuso a acreditar que não carregue sentimento.

Dimitry segura minhas coxas, me acolhendo em seu colo. Passamos por cima do recamier indo parar no meio da cama, com ele por cima e minhas pernas entrelaçadas no seu quadril. Nos vemos de novo na mesma posição que estávamos no quarto, ainda nos beijando sem parar. Chega a ser incrível como ele consegue me enlouquecer com apenas alguns toques. Eu só penso em querer mais! Meu corpo implora por mais.

Instintivamente eu o viro na cama e me pego sentada em cima de seu quadril, sentindo seu sexo duro roçar meu íntimo, que por algum motivo está todo encharcado.

Nos olhamos com satisfação. Ele me come com o olhar, e comigo não é diferente, eu o quero! Eu o desejo... mas ao nos ver nessa situação, começo a me perguntar se esse é o momento certo para mim. E não! Não é! Não posso fazer isso.

— Espera... — diz ele. — Isso não está certo.

— O que?

— Eu não posso fazer isso com você. — Ele se levanta e me tira de cima dele, abotoando sua blusa branca que eu sequer tinha percebido que abri. Parece que o juízo bateu em minha cabeça com força, mas também na dele.

— Por quê? — Pergunto, mesmo sabendo que realmente não devemos.

— Porque você não vai ser minha, Annya. Se eu te desonrar, você não vai se casar. Imagine a repercussão se o mundo soubesse que o casamento da Duquesa foi anulado porque ela era impura. Não posso, não devo, sinto muito. — Ele sai do quarto deixando a porta aberta.

Me levanto da cama e fecho a porta, encostando nela desacreditada. Quis fazer um teste com ele, para ter certeza de que ele não queria nada comigo além de sexo, e estava enganada, ele me quer! Ele me deseja, mas me respeita, e se me respeita, ele não vai deixar nada acontecer entre a gente.
Dimitry, eu não vou ser sua porque você não me quer, e sim porque quer o dinheiro da recompensa.
Diz não querer me prejudicar, mas está claro que o que não quer é prejudicar seus planos.

Vou em direção ao espelho e me vejo toda desarrumada, com os lábios inchados, o vestido todo amassado e meus cabelos desgrenhados. Me assusto ao ver a marca vermelha da palma de sua mão carimbada na minha coxa, eu nem senti que ele apertou tão forte.

Não tem jeito, eu desisto! Ele não vai abrir mão da recompensa por mim. E agora, vou de cabeça erguida ao encontro com o duque que é um homem que está disposto a me conhecer. Meu coração está apertado, eu gosto tanto dele...
Calma Annya, respira.

Melhor eu ir ao banheiro para me recompor e depois descer para ficar um pouco no jardim, ou quem sabe procurar algo mais útil para fazer. O importante é eu tentar me distrair.

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⏰ Last updated: Jun 01 ⏰

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Duquesa Anastásia - Era Uma Vez Em DezembroWhere stories live. Discover now