Floresta de pinheiros

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Dimitry Petrov

Floresta de pinheiros – (18:05hrs)

E assim anoitece, Annya e eu vamos voltando para onde acampamos, conseguimos pegar uma boa quantidade de gravetos e folhas secas para fazer uma fogueira. Vamos voltando pela trilha de pedras que joguei no chão, para que não nos perdêssemos na floresta. O que Annya me disse não sai de minha cabeça! Sobre o tal "homem" a ter chamado de Anastásia.

Só há uma explicação para isso... tem mais alguém querendo a Annya para receber a recompensa! A semelhança é surpreendente! Era óbvio que não foi só eu e o Vlad que notou. Ou, alguém quer matá-la! Só não sei por quê. E ela pelo jeito também não sabe.

De uma coisa eu sei, ela não é a Anastásia! Eu a reconheceria se fosse...

Andamos lentamente, até ouvirmos o uivo de um lobo não muito longe daqui. Annya acaba se assustando e deixando tudo cair no chão, eu no impulso de fazê-la ficar quieta acabo jogando também.

Empurro ela contra a árvore, e tampo sua boca, fazendo um sinal para que fique quieta. Ela assente com a cabeça.

— Shhh! — tiro a mão de sua boca devagar. Esse bicho além de ser perigoso e andar em grupo, consegue ouvir a quilômetros de distância! Se não ficarmos quietos podemos virar um belo banquete de lobos.

Quando me dou conta ainda estou agarrado com Annya, contra a árvore. Olho em seus olhos, eles demonstram segurança, como se ela se sentisse segura comigo. Ela não me empurra, e não reclama! Apenas me encara de volta, assim como eu, ela parece sem reação.

Acabo me deixando levar pelo momento, e arrisco a chegar mais perto. Na intenção de beijá-la.

— Você está louco? Sai de perto de mim Dimitry. — Ela me empurra de uma vez, pega os gravetos no chão e sai andando rápido.

— Mas..., mas eu pensei que...

— Pensou errado! Nunca mais faça isso. — Annya volta batendo os pés de raiva. Incrível! Eu devia ficar envergonhado pelo que acaba de acontecer, mas só consigo achar mais graça! E me sentir mais inspirado a continuar.

Voltamos ao nosso lugar, e lá está Vlad, afiando um pedaço fino de madeira.

— O que você está fazendo Vlad? — Pergunta Annya, deixando os gravetos no chão e se sentando ao lado dele.

— Estou fazendo uma lança! Ouvi o uivo de um lobo, não quero me arriscar a ficar desarmado numa floresta cheia de lobos. — Annya ri, e eles começam a conversar. Vlad tem mais lábia do que eu! Mas no caso dele, é por ele ser um velho fofo e gentil. Annya não veria ele além de um amigo, ou até mesmo um pai.

Me sento no chão, pego as folhas secas, os gravetos e começo a tentar fazer fogo.

Annya Anderson

Vlad começa a contar histórias sobre suas aventuras quando era mais novo, eu caio na gargalhada quando ele conta as enrascadas que se meteu. Entre risos e sorrisos... continuo pensando no que aconteceu na floresta. Ele tentou mesmo me beijar? Será que ele está atraído por mim? Acho que não! Nos conhecemos hoje de manhãzinha! Isso seria impossível. No máximo ele está querendo me seduzir pra tirar proveito de mim. Foi exatamente isso que pensei quando ele tentou me beijar! E eu admito! Quis beija-lo também, mas graças ao bom Deus eu fui racional e cortei o mal pela raiz naquele momento.

Olho para Dimitry e percebo que ele está a um bom tempo tentando acender aquela fogueira. Deixo Vlad com seus afazeres e me sento ao lado de Dimitry. Pego dois gravetos, com uma pedra faço um pequeno buraco no meio de um deles, coloco as folhas secas no buraco e com a ponta do outro graveto eu começo a esfregar. Não demora muito até o fogo acender.

Dimitry e Vlad me olham espantados.

— Onde você aprendeu isso? — questiona Dimitry.

— No orfanato. — Ele se surpreende.

— Hahahahahahahaha. — Vlad gargalha. E eu mesmo sem entender o motivo me deixo levar por sua risada e acabo rindo também. Meus risos e do Vlad acabam incentivando Dimitry a rir também! E assim todos caímos na gargalhada.

O resto da noite foi tranquila, nós fizemos um pequeno lanche, com pão e bolinhos que roubamos do trem, e também um pouco de água. Conversamos bastante sobre a família real, eles me contaram histórias da família e coisas que eu deveria saber, provavelmente pra ver se eu me lembrava, mas infelizmente não me lembrei de nada.

Me ensinaram o que dizem ser a primeira aula e então nos arrumamos pra dormir! Nossos cobertores estão em volta da fogueira, estamos bem separados uns dos outros. Vlad não dormiu, desmaiou! E seu ronco é tão alto que não tenho certeza se vou conseguir pregar os olhos. Já Dimitry está deitado e virado de costas pra mim, mexendo em alguma espécie de caixinha, eu tentei ver o que era, mas ele escondeu mais ainda. Já faz um bom tempo que ele está mexendo naquilo, me pergunto o que é.

Bom, não vou perder meu tempo com isso, deito-me de barriga para cima. Olhando as estrelas, aos poucos vou fechando os olhos, sentindo o sono me consumir...

[...]

(5:30hrs)

Gotas de água começam a cair sobre meu rosto, passo a mão no rosto sentindo um certo incômodo. E mais gotas caem, esfrego meu rosto abrindo os olhos devagar.

— Mais que diabos...— abro os olhos! Encontrando uma figura assustadora em minha frente. Um lobo de olhos grandes e dentes imensos em cima de mim, ele me encara sem piscar. Não é um lobo normal! Parece ser um monstro! Eu tento gritar, mas meu medo é tão grande que minha voz não sai. Ele rosna! E meu medo cresce, seus olhos não desgrudam dos meus! Ele carrega desdém! Ódio! Uma energia negativa que não consigo decifrar. 

Duquesa Anastásia - Era Uma Vez Em DezembroWhere stories live. Discover now