Dançando como uma princesa

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Navio – (17:15hrs)

Annya Anderson

Fico parada olhando Dimitry sair. Ele está um pouco tenso desde o ocorrido no lago.

A cena realmente foi vergonhosa! Mas não há motivo para que fique um clima tenso entre nós. Só não posso dizer que está exageradamente tenso porque ele ainda continua bastante ranzinza.

Começo a analisar bem o vestido que ele me deu, coloco sobre minha cintura e rodopio. Eu achei ele lindo! Nunca pude desfrutar de um vestido assim, não tive coragem de dizer isso a Dimitry pra ele não se sentir tão convencido.

O único que não tomou banho hoje foi o Vladimir. Ele deve estar desesperado por um banho, então vou deixar os baldes de água para ele.
Tiro a minha roupa velha, trajo o vestido, escovo meu cabelo e prendo um rabo de cavalo baixo com o laço azul que Dimitry me deu. Por último, as botas. O vestido coube perfeitamente e os sapatos também! Começo a alisá-lo com receio de me olhar no espelho e não me sentir bonita, a muito tempo não me arrumo! A muito tempo me olho no espelho e não gosto do que vejo.

Com muita hesitação eu vou para frente do espelho de olhos fechados. Depois de vários segundos de profunda reflexão eu abro meus olhos, me impressionando com o que vejo.

Apenas com um vestido e um laço de cabelo consegui me sentir linda! Seguro as bordas do vestido e abro, me virando de costas pra ver melhor como ele ficou em mim.

Abro um sorriso imenso, me sinto perfeita! E pronta pra mostrar aos dois. Saio do quarto e tranco a porta levando a chave comigo, subo as escadas em direção a popa do navio, onde eles estão sentados jogando.

O navio é muito grande! Assim que subo as escadas dou de cara com um pôr do sol vislumbrante. As cores avermelhadas tomam conta do céu! O sol contorna o horizonte e despeja toda sua luz no mar, os pássaros voam sob as nuvens e uma brisa suave bate em meu rosto esvoaçando meu cabelo, fecho os olhos e respiro fundo, absorvendo toda a energia boa que estou sentindo.
A paisagem daqui é maravilhosa! Eu sei que não deveria, mas estou feliz por estar longe da Rússia.

10 minutos depois

Dimitry Petrov

— Xeque-mate! — Cruzo os braços e me encosto na cadeira. Não aguento mais! É a terceira vez seguida que o Vlad ganha de mim no xadrez.
Ele gargalha alto se sentindo glorioso.

— Vlad qual é o seu segredo? Você precisa me contar.

— Hoje não meu amigo! Hoje não. Hahahahaha. — Fico analisando bem a jogada dele, mas não adianta! Não consigo entender a geringonça que ele fez aqui.

— Aah, nada me deixa mais relaxado que uma boa partida de xadrez.

— Que bom pra você! Porque eu só consigo ficar ainda mais estressado. — Bufo.

— Aah Dimitry, como você consegue ficar estressado com uma paisagem tão linda como essa? Veja que lindo o reflexo do sol na água salgada. — Diz ele olhando pro mar, é! Realmente hoje o dia está muito bonito, nada comparado com o inverno cruel de São Petersburgo.

— Linda! Maravilhosa! Esplêndida. — Diz ele se levantando e saudando algo atrás de mim. Quando olho pra trás encontro os olhos de Annya... eu paraliso.

Ela sorri segurando as bordas do vestido, ele a segura pela mão direita e a rodopia fazendo seu vestido girar. Eu me levanto sem tirar os olhos dela, ela realmente está muito bonita. É difícil acreditar que é a mesma Annya.

— Agora você está vestida para um baile! E vai aprender a dançar como uma princesa. Venha Dimitry. — Ele vem em minha direção e me puxa pelo braço, fazendo eu ficar de frente com Annya.

— É... não podemos passar essa lição outra hora?

— Não! Quanto mais cedo ela aprender melhor, para de frescura e vem logo. — vou ainda hesitante, quanto mais eu olho pra ela mais eu lembro da cena do lago, não queria ter que ficar tão próximo justo agora.

Vou ter que inventar uma desculpa...

— Eu não sei dançar muito bem... — murmuro envergonhado.

— Hahaha, quer enganar quem Dimitry? — diz ele. Eu engulo seco.

Pelo jeito não tenho pra onde fugir.

Seguro a mão direita de Annya, coloco a mão esquerda em sua cintura e ela coloca a dela sob meu ombro. E assim tentamos dançar, ela joga o pé para os lados manuseando meu corpo.

— Espere — interrompe Vlad. Nos separamos. — Annya você não conduz! Ele sim. — Nos damos as mãos de volta, dessa vez eu conduzindo.

— Isso, nesse movimento! Um, dois, três... um, dois, três. — Nós vamos girando e dançando enquanto Vlad cantarola uma música. Annya pega o jeito rápido! Não preciso de muito esforço pra conduzir, é como se ela já soubesse dançar.

O ve...vestido ficou muito bonito em você. — Falo baixo, minha voz está com dificuldade de sair.

— Obrigada, você escolheu muito bem. Como sabia meu tamanho?

— Não sei, apenas deduzi. — Quando na verdade peguei referência do manequim da Anastásia.

Dançamos e rodopiamos mais e mais, sem tirar os olhos um do outro. Não passa nada pela minha cabeça! Estou tão perdido em seus olhos azuis que não consigo soltar palavras. Aperto sua cintura contra mim.

— Onde aprendeu a dançar? — me sinto incomodado, de alguma forma sinto que já ouvi isso. Arqueio as sobrancelhas.

— Você sabe que eu não gosto de falar sobre minha vida pessoal.

— É só uma simples pergunta. — Bufo, mas com um sorriso no rosto.

— Eu dançava nos bares de São Petersburgo algumas vezes...

— Devo dizer que está de parabéns vossa graça. — Um tremor percorre por minha espinha, eu estou com uma forte sensação de deja vu, tento lembrar onde já ouvi isso, mas fica difícil! Não consigo me concentrar com ela me olhando desse jeito... Dou um sorriso contido e a giro com o braço direito, colando seu corpo no meu com mais firmeza.

Não consigo desviar o olhar de sua boca! Nesse momento ela parece tão serena, tão bem consigo mesma! E eu admito que também me sinto bem.
Com ela assim tão perto eu sinto meu sangue correr por minhas veias, meu coração palpita tão forte que eu me afasto um pouco pra ela não perceber meu nervosismo.

Nos movimentamos conforme a melodia que Vlad canta, o jeito que ela me olha só está piorando cada vez mais minha situação! Não sei como agir, não sei o que falar e nem o que pensar.

— V-você está dançando bem... — gaguejo. Ela agradece com um sorriso. É incrível o modo que ela consegue acompanhar meus passos! Parece que conhece toda a dança. — Eu não sabia que vo...você sabia dançar.

— Eu também não! É como se os passos estivessem registrados na minha mente, não sei explicar. — Suas palavras me intrigam, eu não entendo! Como ela pode ser tão parecida com a Anastásia? Tanto na aparência quanto na personalidade? O seu cheiro me é familiar, seu cabelo me é familiar, até mesmo sua teimosia. Será que no final das contas eu... achei a pessoa certa?

— Você deve estar cansada... acho melhor pararmos.

— Mas nós já paramos... — percebo que estava todo esse tempo parado ainda á segurando pela cintura. Minha mão solta a sua, mas ainda não nos desgrudamos! Uma energia inexplicável vindo dela não permite que eu saia.

Dimitry... — sussurra, ela repentinamente encara meus olhos e em seguida minha boca. Annya vai se aproximando lentamente, sinto seu hálito quente cada vez mais perto da minha boca, seus olhos se fecham devagar e ela fica nas pontas dos pés, intencionada a me beijar...

Vou me deixando levar pelo calor do momento, fecho meus olhos devagar me aproximando para beijá-la. 

Duquesa Anastásia - Era Uma Vez Em DezembroOnde histórias criam vida. Descubra agora