A família imperial

169 15 4
                                    

São Petersburgo — Rússia — 1924

(6 anos depois)

Dimitry Petrov – (7:40hrs)

Hoje vai ser um dia muito especial! Sete anos se passaram após a revolução. E agora, eu e meu fiel amigo Vladimir... estamos nos arrumando para o concurso de duquesas Anastásias. Sim, a vó de Anastásia está em Paris oferecendo uma grande recompensa a quem achar sua neta perdida. E como não achamos vamos contratar e treinar uma mulher para se passar pela duquesa e assim nós ganharmos a recompensa.

— Oh Dimitry! Mal posso esperar para ver verdinhas caindo a frente de meus olhos. — Ele diz saltitando a frente do espelho.

— Nem eu meu amigo! Por isso vamos logo! Temos muitas duquesas Anastásias nos esperando. — Pegamos nossos casacos e saímos daquele quarto velho, estamos no castelo da família Romanov, após a morte dos Romanov este castelo ficou abandonado.

As pessoas todos os dias vem aqui para pegar coisas valiosas e vende-las nas ruas mesmo os guardas tendo fechado as portas com madeira, mas isso não impede as pessoas de entrarem! É totalmente ilegal, os guardas não sabem que estamos aqui.

Mas, como não tem ninguém morando aqui além de mim e o Vlad, nós vamos fazer o concurso no grande teatro que fica no subsolo do castelo. Lá será mais fácil de fazer as apresentações.

[...]

Depois de atravessarmos o castelo todo chegamos ao teatro e sentamos a mesa, á uma grande cortina vermelha no palco, as participantes estão bem atrás só esperando nosso sinal. Pego minha maleta e tiro uma lista com o nome delas.

— Então, que comece o concurso de duquesas Anastásias! — Vladimir grita alto e levanta os braços quase batendo em minha cara. Vai ser um longo dia... mas tudo bem! O que importa é a recompensa que me aguarda no castelo da senhora Romanov.

Annya Anderson

Meu nome é Annya, ou melhor, meu nome postiço é Annya. Pois quando eu cheguei a este orfanato eu não lembrava meu nome. A senhora Eldenia disse que eu fui trazida por um senhor que me achou jogada nos trilhos de um trem, eu não sei se isso é verdade, mas acredito. Não há uma possibilidade de que eu tenha vindo para cá sozinha, senão eu provavelmente me lembraria.

Agora a mesma que sempre diz "ter cuidado de mim" está me puxando pelo braço em direção a saída do orfanato. Eu sempre dei um jeito de ficar mais tempo por aqui, até me ofereci para limpar a casa e por um tempo deu certo, só que é quase impossível levar o trabalho de faxineira a sério quando se tem muitas crianças que adoram brincar comigo, eu acabo não resistindo! Implorei para que ela me deixasse ficar por mais tempo e prometi que tentaria me concentrar nas tarefas domésticas.

Mas não adianta, essa velha é muito chata! Ela não quer me deixar por mais tempo, pelo fato de eu ser uma adulta de 22 anos ainda abrigada num lugar de crianças. Ela resmunga enquanto me puxa para saída do orfanato, está nevando muito, eu nem dou importância a ela e continuo dando tchau as crianças que me olham pela janela.

— ... e sem falar que você era uma peste! Já chegou querendo mandar em tudo! Faça o seguinte, vá para São Petersburgo e fique por lá! Arrume trabalho e nunca mais volte aqui. — Suas palavras me chamam atenção, ela acha mesmo que vou ficar por aqui?

— O que? Eu não vou ficar por este lugar horrível! Eu tenho uma pista onde pode me levar a minha família e...

— Já sei! Já sei! "juntas em Paris" não é mesmo? — ela diz pegando meu colar e ditando o que está escrito ao verso dele, seu tom de voz é sarcástico — pois vá para Paris, vá para a China, se quiser pode até ir até o inferno! Apenas não volte mais! Sua insolente. — Ela me empurra para fora do portão me fazendo cair na neve. — Hahahahahaha! "Juntas em Paris" sabe quando você vai pra Paris? Nunca! Sua rata de esgoto. Espero que seja grata por ter comido, dormido e dado prejuízo, já que ninguém nunca te adotou.

Duquesa Anastásia - Era Uma Vez Em DezembroWhere stories live. Discover now