31- Os talentos dele

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Harry Styles era bom em algumas coisas. Várias talvez. Ele cantava muito bem, atuava bem e performava impecavelmente. Pude ver ele tocar o piano, e também pular uma cerca de 2 metros em menos de 30 segundos. Isso devia ser classificado como um talento, certo?

Ele fazia um drink com vinho tinto maravilhoso, sabia exatamente como cortejar alguém e flertava como ninguém. A lista era longa e eu poderia continuar adicionando tópicos até cansar, e como eu podia. Mas o talento mais recente descoberto por mim era que Harry Styles fingia demência perfeitamente.

Na manhã seguinte do social na casa de Mitch Rowland, acordei com uma ressaca física e moral fodida, Rodrigo não deu sinais de vida o que fez eu me sentir levemente melhor. Como cereja do bolo, recebi uma mensagem de áudio de Harry me perguntando amigavelmente entre risadas se eu tinha sobrevivido ao tinto de verano, caçoando da minha ressaca e da minha resistência mínima a álcool.

Sem constrangimento. Sem hesitação.

Enquanto o bolo ainda estava atolado na minha garganta e a torta de climão na bancada da minha cozinha. Bem tangível. Pronta pra ser cortada.

"Ei Cloudy. Passando pra checar se está viva já que o motoqueiro aqui está pronto pra próxima rodada. Pode começar a pensar no que vamos fazer na semana que vem, se sua ressaca passar até lá..."

Olha a audácia desse filho da puta.

Eu obviamente não ia ficar sozinha no meio do caos. Eu era a ingênua que ficava pra trás em 90% das vezes, mas ali não. Agarrei a barra da sua blusa que sumia na neblina de confusão e entrei no seu mundo fantasioso. Onde estava tudo bem, onde éramos amigos. Onde ele não tinha me atiçado no sofá, onde eu não tinha feito a mesma coisa e onde eu não estava – literalmente – contra a parede, implorando para ele não me beijar.

Harry fez a coisa certa, mesmo que não tivesse obrigação nenhuma em fazê-lo. Agradeci o autocontrole dele ali, porque eu não tinha nenhum e se sua boca chegasse perto demais da minha, eu iria aceitá-la de bom grado e me sentir uma traidora até o fim dos tempos. Sendo assim, acho que foi uma coisa boa nós não termos tido cenas românticas nas três semanas seguintes. Nem encontros que envolviam álcool, ou flertes mascarados, ou jogos indecentes, porém incrivelmente divertidos.

Rodrigo apareceu mais vezes, impressionantemente. Consegui fazer duas chamadas de vídeo em intervalos de almoço. Em uma delas, ele conheceu Amanda, Rachel e Liz, e fez questão de enfatizar o quão bonita a vilã do filme era. Eu poderia ter me incomodado mais, mas aconteceu apenas por dois segundos, já que Harry apareceu no camarim e eu desliguei num súbito, evitando a fadiga que seria se Rodrigo o visse ali.

De qualquer forma, estava tudo tranquilo. Apesar de eventualmente as memórias voltarem e me impactarem com o quão louco tudo foi, nada fora dos eixos. Eu tinha finalmente aceitado que aquilo foi tudo obra da minha carência, talvez a de Harry e um tesão que beirava o delirante. Ele devia ter se atracado com alguém em uma festa qualquer nas semanas decorrentes que acalmou o espírito dele, então sua visão finalmente ficou clara e ele pensou: "Deus, por que eu dei em cima da Jade? Credo!"

Pensamentos autodestrutivos... check.

Pouco saudável, mas no final das contas era bem mais fácil pensar dessa forma e era provavelmente o mais próximo da verdade. Eu gostava do que eu via no espelho, mas não estava nem perto do nível Harry Styles na escala de interessante.

Eu caminhava pelo estúdio na manhã de quinta-feira. O céu estava limpo e nos primeiros minutos claridade já que era um pouco depois de 5:40. Eu normalmente acordava às 6:30 e encontrava com Rachel no camarim as 7:00, num cronograma marcado de gravações. Porém naquele dia especificamente, Connor queria conversar comigo, antes do dia de fato começar.

Aimlessly |H.S|Where stories live. Discover now