14- De volta em LA

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Olhei para o relógio mais uma vez e depois varri o ambiente com os olhos, sem visualizar o que eu queria. Meu pé batia freneticamente no chão e eu não conseguia me controlar, eu ouvia a conversa entre os presentes, mas eu não estava nem aí.

- Você acha que ele vem? – Laura sussurrou ao meu lado. Me virei para ela e percebi que meus pais e Pedro continuavam conversando.

- Eu não sei. – suspiro triste.

- Ele respondeu sua mensagem? – neguei com a cabeça. – Sinto muito.

Não sabia de Rodrigo desde o dia que ele explodiu e saiu irritado do meu apartamento. Tentei entrar em contato com ele no domingo e na segunda até fui em seu prédio no fim do dia, mas ele não estava. Eu não sabia o que pensar daquilo, e essa história martelou tanto minha cabeça que passei a sentir dores físicas. Então assim que terminei de entupir duas grandes malas com roupas e coisas que precisaria para morar os próximos meses em Los Angeles, mandei uma mensagem pra Rodrigo. Nela eu dizia que sentia muito por tudo, mas que era tarde demais para eu voltar atrás, pedi que viesse ao aeroporto dizer adeus e que aí eu saberia que existia uma chance entre nós dois, disse o horário, a companhia aérea e o check-in no qual estaria.

Grande parte de mim tinha certeza que ele ia aparecer, mas a pequena parte que duvidada disso não me deixava em paz. Eu não conseguia me concentrar na minha família e Laura que estavam ali por mim e que queriam que aquele momento fosse o mais feliz da minha vida, quando na verdade era o mais angustiante.

- Filha. – meu pai diz e pigarreia – Está na hora de entrar. – diz hesitante.

- Eu sei. – dou um sorriso fraco.

- Vamos tirar uma foto! – Pedro diz animado, tentando me alegrar.

- Vamos! – Laura entra na onda e me dá uma sacudida. Assinto e abraço minha amiga de lado quando meu irmão levanta o telefone e tira uma selfie de nós cinco. – Eu vou sentir muita saudade. Me liga sempre que der! – minha amiga me abraçou com força – Eu amo você e só vou chorar quando você entrar. – ela diz com a voz falha e a vontade de chorar me atinge também.

- Também te amo amiga. Vou sentir muita saudade. – nos separamos – Vou te mandando os vídeos que conseguir gravar.

- Bom mesmo! – ela diz – Se não eu fico desempregada. – rimos.

- Obrigada gente. – me viro para minha família, papai está com seu braço direito envolta de mamãe e o esquerdo sobre o ombro de Pedro – Sem vocês eu não teria essa oportunidade e eu amo vocês. Por isso e por mais um milhão de coisas. – abraço os três ao mesmo tempo, de forma muito desajeitada.

Assim que passo da catraca eletrônica e olho para trás, meu coração aperta ao ver os quatro acenando para mim, sorrio e aceno de volta. Laura vira o rosto e vejo que ela chora. Pedro abraça ela de lado e faz um leve carinho em suas costas, enquanto ri para mim apontando para ela, debochando de seu coração de manteiga. Continuo seguindo a fila e chega um momento que não posso mais vê-los, e então desabo em lágrimas silenciosas, mas incontroláveis.

Minha mente resistia em ceder que era as lágrimas eram por Rodrigo, mas meu coração sabia que era.

Assim que sento nas cadeiras da sala de embarque me sinto mais sozinha do que nunca e me arrependo mais uma vez de aceitar a proposta. O que eu estava fazendo? Estava indo morar em uma cidade desconhecida para fazer um par romântico com um cara que desprezo e deixando um relacionamento de lado para isso.

Quando percebo onde estou me enfiando, sacudo a cabeça como se pudesse afastar esses pensamentos. Aquilo era meu sonho não era? Foda-se Harry. Foda-se Rodrigo. Eles que lutem.

Aimlessly |H.S|Onde histórias criam vida. Descubra agora