22- Festa

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- E aí ele pediu para gente sair mais juntos. Nos "conectar" de corpo e alma. – parei de passar o pó translúcido no rosto e olhei para Ian sentado na cama – Você acredita nisso?

- Sim, Jade. – ele diz em tom de tédio – Você reclamou disso o dia todo ontem.

- Pois é, mas eu ainda não acredito. – volto pro espelho continuando a maquiagem.

- É bem comum diretores pedirem isso, e eu acho que vai ser bom. – ele dá de ombros – Quero dizer, vocês estavam criando uma amizade antes dessa briga retardada.

- Retardada? – perguntei – Ele intrometeu na minha vida sendo que me conhecia há 15 dias.

- Amiga, ele teve uma percepção que qualquer um teria. Para de ser louca.

- Ele foi arrogante. – rebato, ignorando seu insulto.

- Ai, tanto faz. – ele encerra o assunto, pois sabe que minha opinião quanto aquilo era praticamente inflexível – Termina logo isso aí, tenho que passar na casa de um amigo antes da gente sair.

Era sábado, um dia após a montanha russa de emoções no set e Ian fez questão de selecionar uma festa para irmos na cidade com o objetivo de afastar meus nervos e reviver os velhos tempos de baladas no Rio de Janeiro. Ele geralmente demorava tanto quanto eu para se arrumar, já que seu banho pré-festa era longo e escolher sua roupa, um ritual devido ao seu interesse em moda. Mas naquele dia em especial eu resolvi gastar muito tempo na maquiagem, pois era quase terapia para mim e eu estava precisando.

Rodrigo sumiu desde o horário que me disse que iria para uma festa com os amigos no dia anterior, eu não me importei, como de costume, e esperava que ele se divertisse bastante já que ele estava super sobrecarregado com a faculdade. Apenas avisei para ele o nome e o local da festa que iria e enviei a localização para acalma-lo no momento que ele voltasse a vida e tivesse interesse em meu paradeiro.

Assim que finalizei a maquiagem e fiquei satisfeita, dei uma última olhada no espelho para conferir minha roupa. Eu usava peças novas que tinha comprado junto com o Ian, uma saia preta lisa de cintura alta e colada ao corpo juntamente com um cropped de mangas compridas de tule com brilhantes espalhados por toda ela sobre um top preto. Puxei a saia um pouco para baixo e chequei a bota de cano curto e salto baixo grosso, pensando no quanto queria ir de tênis e como Ian enchera meu saco para trocá-lo por aquela alternativa nada confortável.

Meu pé vai estar doendo em menos de 2 horas.

- É só beber que você nem vai sentir. – ele diz, como se lesse minha mente. Apenas ri e concordei com a cabeça. – Vamos?

Assenti e peguei minha bolsa com celular e carteira sobre a cama, me movendo para fora do cômodo e então do apartamento. Quando estávamos no elevador Ian tirou uma foto no espelho e postou no seu Instagram, me marcando.

- Você acredita que já tem um monte de pessoas me seguindo por sua causa? – ele comenta saindo na portaria. – Me acharam no seu feed e ficam mandando DM perguntando de você.

- Sério? – respondo – Não tive coragem ainda de sentar com calma e verificar minhas notificações. Tenho medo do que vou achar.

- É só ignorar. – ele me abraça de lado – Você é foda, não importa o que digam.

- Você é perfeito. – respondo rindo e abraço de volta.

Logo estamos no Uber indo em direção a casa do amigo misterioso de Ian, ele disse que precisava buscar algo muito importante. Perguntei para ele o que era no caminho e insisti algumas vezes, porém ele disse que era muito difícil de explicar e acabei deixando de lado. A medida que o carro se aproximava do destino, os bairros foram ficando mais sofisticados e vazios, com casas muito espaçadas umas das outras. Em menos de 15 minutos estávamos na portaria de um condomínio muito chique, o nosso carro parou na portaria e Ian abriu sua janela para falar com o porteiro.

Aimlessly |H.S|Where stories live. Discover now