19- Por que a gente não se dá bem?

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- Então vocês voltaram? – Ian perguntou em uma mistura de confusão e choque deixando seu copo de café em cima da mesa.

- Mais ou menos. – dei de ombros, constrangida pela sua reação.

Ian observou a cafeteria, provavelmente procurando o que dizer para mim. Eu estava com mais sono do que nunca e essa parada antes do trabalho foi essencial, já que assim que recebi aquela mensagem do Rodrigo nós entramos em uma chamada que rendeu muito, me fazendo dormir algumas horas a menos, mas acredito que tinha valido a pena.

Entre choros e algumas risadas, eu e Rodrigo havíamos chegado em uma alternativa que eu caracterizei como... interessante. Nós não íamos voltar como estava antes, pois claramente não estava dando certo, nós passaríamos por uma fase de teste. Não estávamos oficialmente de volta, mas na prática era como se fosse, mantendo contato frequente, etc. para que a gente tentasse levar o relacionamento a distância e caso funcionasse nós voltaríamos. A proposta foi dele e fiquei me questionando de onde veio essa ideia meio maluca, mas acho que estava tão desesperada para tê-lo de volta que nem pensei muito antes de aceitar.

Não esperei uma resposta de Ian e expliquei logo o que quis dizer com "mais ou menos", ele prestou atenção e me analisava cautelosamente enquanto eu falava. Quando eu acabei ele arregalou os olhos e respirou fundo, como se tentasse absorver o que tudo que acabara de cuspir.

- Olha Jade, – ele expirou calmamente – não tem jeito fácil de te dizer isso. Acho que ele está te engambelando. Tem vários furos nessa "proposta" dele, se é tudo igual porque ele não disse pra vocês voltarem e ponto?

- Não sei. Achei estranho também, mas acho que ele não quer se dar o trabalho de passar por um término de novo se tudo der errado. – digo minha suposição – Entendo como se a gente tivesse ficando sério, mas de longe.

- E na prática qual a diferença? – o olhei confusa – De namorar para ficar sério, vocês estando ou não na mesma cidade. Qual seria a diferença?

- Bom ponto. – analiso – Acho que é um processo natural, você fica num limbo até estar oficialmente namorando.

- É uma desculpa pra boy lixo se despedir da vida de solteiro, antes de "estar preso" a uma fêmea. – ele faz uma careta – Se você quer namorar, namora e pronto. Enrolação desnecessária. – ele faz uma feição de desgosto explícita – Definição do ridículo.

Dessa vez quem observa a cafeteria buscando uma resposta sou eu. Não era fácil para mim estar naquela situação, era melhor do que antes, mas ainda assim. Eu parecia estar lutando por algo que insistia em escorrer entre meus dedos, mas eu estava disposta a lutar por aquele relacionamento e se para isso teria que passar por um limbo, por mim tudo bem.

- Só toma cuidado. – ele suspira – Se blinda de qualquer coisa que possa te pegar desprevenida, mantenha uma distância segura para proteger seus sentimentos. – ele segura minhas mãos inquietas sobre a mesa – Não quero que você volte para aquele lugar que você estava. Você merece ser feliz.

- Vou me cuidar. Prometo. – sorri fraco.

- Jade! – o barista gritou do balcão, chamando minha atenção.

- Vamos? – perguntei e ele assentiu, descendo do banco da nossa mesa alta.

Fui até o balcão e peguei os dois copos pequenos, um de café com leite para mim – uma adulta com paladar infantil que não consegue apreciar café puro –, e um americano para minha assistente, que me disse amar café, me fazendo crer que seria de bom agrado.

Um pouco antes de chegar no estúdio recebi uma mensagem de Amanda, dizendo para ir para mesma sala utilizada no dia anterior. Me despeço de Ian e vou a passos rápidos para meu destino, visto que eu estava em cima da hora. Ao entrar na sala, a primeira coisa que vejo é Harry de costas para porta fazendo um mata leão em Rick, o que me assusta de primeira, mas logo escuto as risadas, indicando que era uma brincadeira.

Aimlessly |H.S|Where stories live. Discover now