Na manhã seguinte, Aria foi sozinha até Hîth Dagor, novamente. Levou com ela alguns pequenos barris onde equilibrou alvos desenhados a mão por ela mesma. A névoa cobria toda a campina, rodeando de branco a rainha. Águia voava sobre ela. Aria não conseguia vê-la, mas ouvia seus gorjeios e o bater de asas. Na campina, o silêncio era penetrante.
Aria procurou um bom local para colocar seus alvos improvisados, depois se postou a trinta metros de distância deles. De onde ela estava não conseguia ver nenhum dos alvos, exceto quando uma brisa soprava a névoa e por instantes ela conseguia vê-los ao longe. Seria um treinamento para testar seus tiros em visibilidade zero.
Ela tirou uma flecha de sua aljava e armou seu arco. Aria respirou fundo, fechou os olhos e tentou lembrar onde havia colocado cada um de seus alvos. Mirou para um dos lados e escutou o vento. Esticou a corda e mirou, ainda de olhos fechados. Aria podia ouvir o som das asas de Águia acima dela, sentia o vento em sua pele. Ela mudou a direção da mira, lá em cima Águia soltou um gorjeio. Aria soltou a corda. O som da flecha cortando o ar ecoou, e, então, um baque seco indicou que a rainha havia acertado o alvo. Aria sorriu.
Pegou outra flecha e repetiu a ação. Um a um, os alvos foram atingidos, sobrando apenas o último. Com ainda mais confiança, Aria pegou outra flecha e armou o arco. Os músculos dos braços tensionados, toda a atenção voltada para aquela última flecha. Nem mesmo o inconfundível som de passos às suas costas a distraiu, mas então...
– Não é muito cedo para estar acordada, Majestade? – a voz que ela tanto odiava soou.
Aria soltou a flecha que percorreu o ar, mas sem atingir alvo algum, perdendo-se na clareira. A rainha virou de costas e encontrou Connell sorrindo para ela.
– Bom dia para o senhor também, Lorde Connell – Aria forçou um sorriso.
– Estive observando suas habilidades – ele disse se aproximando. – Nunca vi um arqueiro fazer o que você faz. Fantástico.
Desconfiada, Aria olhou para Connell. Ele parecia sério ao dizer aquelas palavras, mas não sabia se eram verdadeiras, não vindas do lorde.
– Obrigada – Aria disse tentando não ser grosseira.
– O exército inimigo chegará em breve. Como está se sentindo? – Connell parecia ligeiramente preocupado ao dizer, mas para Aria, não passava de fingimento.
– O que quer dizer com isso, Lorde Connell? – ela perguntou, quase rispidamente. – O que está insinuando?
– Eu!? – Connell levou a mão ao peito como se não compreendesse a acusação. – Só queria saber como se sente, Majestade, pois na situação em que se encontra seria uma péssima ideia participar de uma guerra.
– Na situação em que me encontro? – Aria tentou se fazer de desentendida. – Minha saúde está perfeita! Posso lutar em quantas batalhas eu quiser.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Série Guerreira - Livro 3 - Hîth Dagor
Adventure"Majestade. Vai receber um recado em breve. Esteja preparado." A situação de Andunëar finalmente se estabilizou após o casamento de Aria e Tumen. Mas a suposta paz que abraçava o reino do Mar do Leste é desfeita quando Tumen recebe uma mensagem escr...