O Questionamento

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Olivia White

A Ala psiquiátrica do St. Mungus conseguia ser extremamente assustadora quando gritos ecoavam pelos corredores, mas era ainda pior quando o silêncio se instalava. Era o silêncio mais estrondoso que os ouvidos poderiam testemunhar.

Dava-nos espaço para sermos sufocados pelos nossos demônios.

As noites eram insustentáveis, horripilantes, sombrias e frias, muito frias. Nunca saberei se provinha de minha mente dissimulada ou se o frio era realmente tão intenso.

Os ossos enrijeciam-se, a pele ardia, os pelos arrepiavam-se dolorosamente.

Mas o pior eram os dois extremos: o súbito surto da mente e a profunda inércia proeminente das fortes poções administradas diariamente.

As refeições eram feitas em um salão comunal de paredes brancas simples sem decoração alguma - um paradoxo quase cômico se comparado com o Salão Principal de Hogwarts- o piso era tão claro quanto os azulejos das paredes, mesas compridas de madeira escura e cadeiras duras e desconfortáveis preenchidas por pessoas cujas as almas não se encontravam lá.

Jo era uma típica bruxa inglesa de pele extremamente clara, cabelos ruivos e olhos azuis como o oceano. Mesmo ocupando o quarto ao lado do meu, ela não era louca e nem insana, fora posta lá após uma manobra política por causa de seus livros e matérias que tanto atacavam e questionavam as autoridades que governavam sua cidade. Infelizmente, uma pessoa lá esquecida depois da algazarra que se sucedera a guerra.

Jo não precisava dos remédios e nem das poções, tentava enganar os médicos e enfermeiros o máximo que conseguia, mas eu sempre sabia quando dava errado quando seu corpo arrastava-se salão adentro com seus olhos fundos e apáticos transmitindo estagnação.

A comida era racionada, uma fatia de pão por pessoa no café da manhã, fazendo os pacientes contrabandearem comida entre si.

Quando Jo estava faminta, ela sentava-se ao meu lado para que eu passasse discretamente minha fatia de pão para seu prato; quando sentia-se sem fome, sentava-se a minha frente, do outro lado da mesa.

Quando Jo conseguia driblar os profissionais e não ingerir nada que lhe fora oferecido, passava horas confidenciando-me seu planos de fuga que eu escutava de longe, a distância, em meio à confusão mental que embalava-me.

Em uma tarde sombria, ela não conseguira enganar os médicos, havia sido brutalmente dopada e drogada. Naquela noite seus gritos foram escutados.

Acordei assustada e tentei destrancar a porta do próprio quarto para ajudar a única amiga que eu tinha naquele lugar. Seus gritos foram ofuscados pelos meus, até que só uma pessoa estivesse gritando naquele lugar, eu!

Nunca mais a vira depois daquela noite, nunca soubera o que lhe acontecera.

Nossas testas estavam coladas, os sorrisos iluminavam-se um para o outro

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Nossas testas estavam coladas, os sorrisos iluminavam-se um para o outro.

Prince permanecia dormindo profundamente em sua cesta de palha e as portas abafavam a agitação do Coquetel.

A Leoa De SnapeWhere stories live. Discover now