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Quando eu era criança, eu queria ser o herói. Mas depois que eu cresci... eu me tornei o vilão. Não consigo evitar sentir ódio por mim mesmo depois de todas as merdas que eu fiz na vida. E de todas as coisas que deram errado quando eu queria que dessem certo.

Eu não sou a vítima.

Eu sou o culpado.

E eu não consigo mais carregar o peso da culpa nos meus ombros.

Durante esses dois anos eu estava convicto de não ter feito nada, mas é a palavra de todos contra a minha.

Eu devo pagar.

Eu tenho que pagar.

Eu estou perdido desde aquela noite, eu fico voltando e voltando no tempo como se ele fosse me ajudar. Como se as coisas fossem ficar claras. E mesmo depois de ouvir toda a história da boca do Gale, eu ainda não consigo me ver atropelando alguém. Ou melhor, dirigindo embriagado, atropelando alguém e fugindo do local.

Eu quero estar certo!

Eu queria estar certo!

Só que... talvez eu só esteja me enganado com essa falsa certeza que eu não tenho.

Gale estava me dizendo alguma coisa, mas não prestei atenção até ele me chamar em um tom mais auto.

— David!

— O pai do Danny...

— É. — ele afirmou. — Não acho que ele tenha feito isso só para limpar a sua cara, mas sim, porque a coisa toda aconteceu dentro do hotel dele. Acho que ele não queria ter o sobrenome envolvido nisso já que ele pretende se candidatar para governador do estado.

— Vocês me deixaram no escuro durante dois anos.

— Me desculpe, David. Eu...

— Dois anos não são dois dias!

— Não pense que eu não quis fazer algo. Eu quis. Mas o Danny...

— O quê tem o Danny...?

— Ele e o pai estavam tomando todas as providências. Liam achou que era o melhor a ser feito e eu me convenci disso. Eu estava assustado. Com medo. Você sabe como o Danny é persuasivo. O certo seria te entregar para a polícia... mas uma parte de mim não quis fazer isso. Não quis acreditar que fosse tinha feito. O Sr.Trivella disse que a garota está bem e que ela não ia prestar queixa.

— Ele ofereceu dinheiro...

— Não sei te dizer se foi isso. Garota nenhuma aceitaria dinheiro para calar uma coisa dessas.

— Estamos falando do pai do Danny. Até parece que você não o conhece.

— Acha que ele seria capaz? Capaz de dar dinheiro para calar a boca da garota?

— Não se assuste. Isso não é nem a ponta do iceberg.

— Eu fui muito idiota de ter deixado ele sozinho com ela. Ele deve ter ameaçado ela. Tenho certeza que ela iria prestar queixa.

— Meu Deus! — levo as mãos para a cabeça. — Eu sou um monstro!

— Todos nós somos.

— Isso era para me confortar? Acho que não funcionou. Eu pensei muito nisso, Gale. Pensei demais. Não posso mais ficar no escuro. Dessa vez vai ser diferente. Eu não vou fugir. Eu vou fazer o que eu tinha que ter feito naquela noite.

— Você vai se entregar...

— Não apaga o que eu fiz. Mas eu tenho que fazer isso.

— Você sabe o que todos vão dizer, não sabe? A sua família... tudo David.

Perfeitos Mentirosos [ÚLTIMOS CAPÍTULOS]Onde histórias criam vida. Descubra agora