04

1K 238 18
                                    

- Você não vai na escola hoje, David? - estou sentado no sofá da sala de jogos, com um balde de Doritos ao meu lado, creme de abacate com limão e uma garrafa de cerveja. E não me atrevo a responder. Ela sabe que ás vezes faço isso. - São sete da manhã. E você está bebendo cerveja?

- Você não vai contar nada pra eles vai, Dorotéia? Alivia pra mim! - ela me olha de cara fechada, pega sua bolsa e o seu casaco, e me dá um beijo no rosto.

- Vou ao médico, e depois passarei na casa da minha irmã. Tem comida na geladeira, é só você esquentar.

- Okay. - jogo um beijo para ela, quando ela já está na porta para sair. E ela acena com a mão.
Deixo do videogame de lado quando vejo que Dorotéia já não está mais em casa e estou sozinho. Subo as escadas correndo para o meu quarto e tranco a porta.

Que loucura, David. Falo comigo mesmo.

Existe uma tábua solta no assolado do chão do meu quarto, debaixo do carpete marrom. Me abaixo para tirá-la do lugar, e em segundos vejo o que guardo ali.

Pego o pequeno saquinho plástico, coloco a tábua no lugar e arrasto o carpete para o seu devido lugar.

Vou até a cozinha e despejo conteúdo em cima da bancada. Faço pequenas fileiras, uma ao lado da outra.

Se a minha mãe me visse fazendo isso nessa bancada cara, ela iria arrancar o meu pescoço.

Corro em direção ao escritório do meu pai, pego uma caneta e tiro o seu tubo depois volto correndo para a cozinha. Posiciono o tubo da caneta entre as fileiras do pó branco e da minha narinha esquerda.

Respiro fundo, e meus olhos automaticamente se reviram.

Não sei por quantos minutos eu estou fazendo isso, mas vejo que ainda tem mais dentro do pacote ao lado da cafeteira.

Limpo tudo depois de subir para o quarto, e guardar o resto que sobrou debaixo da tábua. Depois volto para a cozinha, e pego mais uma garrafa de cerveja e vou para a sala de jogos. Me atirando em cima do sofá, de calça moletom cinza e sem camisa.

Nesse verão, o Texas é mais quente que Indiana. Mesmo assim todas as janelas e cortinas estão fechadas.

Dou o play no jogo, e continuo a jogar. Porém o meu celular vibra ao meu lado.

Danny.

"O que foi?" digo assim que atendo. Com o celular no viva voz, e ainda jogando.

"Não vai vim na aula hoje?"

"Hoje é feriado." respondo. Ele gargalha do outro lado.

"Que isso. Por que não me falou? Queria ter matado aula também." ele responde.

"Não deu pra te falar dessa vez. Eu queria um tempo pra mim."

"Tá drogado, cara?" ele brinca.

"Não muito. Ainda sobrou um pouco daquele que a gente comprou com o Tyler."

"Eu estou dando um tempo. A cocaína dele é da boa. Mas eu não sei se é porque eu usei demais durante as férias... e o meu nariz começou a sangrar pra caramba."

"Você não tinha me contado. E o que você fez?" perguntei, curioso e um pouco preocupado.

"Subornei o médico particular do meu pai, para me atender e ficar de bico calado."

"Sério? E ele aceitou?"

"Claro. O que essa gente não faz por dinheiro." ele debocha.

"Achei que ele era correto demais para fazer essas coisas." respondo.

Perfeitos Mentirosos [ÚLTIMOS CAPÍTULOS]Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz