11

888 122 11
                                    

Eu pude ver como a tia Kim ainda estava chocada com as palavras da minha mãe. Durante todo o trajeto até a sua casa, ela tentava disfarçar com um sorriso e até colocou uma música no rádio para tentar mudar o astral. Mas não era tão fácil. A Ray estava triste, eu estava triste. Todos estávamos tristes. O soco do meu pai foi o que menos me doeu. A verdadeira dor estava aqui dentro, ela era invisível. Só eu podia senti-la.

A casa da tia Kim ficava no mesmo bairro que a minha, mas á duas quadras de distância.

— Chegamos! — disse ela ao abrir a porta da casa. — Fiquem á vontade. A casa é de vocês.

Fomos recebidos com alegria pela a cachorrinha da minha tia. Ela balançava o rabo e pulava na gente sem parar.

— A Madalena está tão grande! — disse a minha irmã. Ela se abaixou para acariciar a Madalena. Fazia tanto tempo que eu não via ela. — Oi, Madalena... como você está? A mamãe e o papai não deixam eu ter um cachorro. Papai diz que dá trabalho. Ás vezes eu sinto falta.

— Não dá pra sentir falta de uma coisa que você nunca teve. — afirmo. Ela me encara sem responder.

— Mas você pode ver a Madalena, quando quiser. Ela sente muito a falta de vocês, principalmente do David. Eu não sei o que você tem, até os cães gostam de você.

— É porque ela é fêmea. As fêmeas amam o, David! — Ray brinca. E por um momento pequeno eu acho graça, mas o meu lábio ferido dói quando eu vou sorrir. — Ainda está doendo, não tá?

— Essa dor é a de menos. Pelo menos essa sim vai cicatrizar.

Tia Kim muda de assunto.

— Ninguém vai na escola, hoje! Vamos jogar jogo de tabuleiro. Ver filmes, e comer muito! Mais muito sorvete! O meu estoque do Board está esperando por vocês no freezer. Não me esqueci de você, David. Os Doritos que você ama também estão lá! Não quero ninguém tocando no que aconteceu hoje. Por favor...

Ray concorda e eu também.

— Tá bem, tia. — digo. — Bom, eu preciso de algum analgésico. Não só pra minha boca, mas também porque eu estou de ressaca. Minha cabeça está doendo pra caramba.

Ela vem até mim, e analisa o estado dos meus lábios.

— Hum... — ela faz uma careta. — Não está nada, bom. Mas acho que ainda tem jeito.

— Como assim, ainda tem jeito? — me assunto.

— Acho que você não deve perder garotas por isso. — ela responde, em tom de brincadeira. — Quando eu estudava, quando um cara bonitão como você se metia em uma briga e se machucava, as meninas faziam disputa pra saber quem iria cuidar dele. No caso, Cole  Fell.

— Quem é, Cole Fell? — Ray pergunta.

— Era um cara que estudava comigo na época da escola. Jogador de futebol do McCtoyson, andar confiante, bonitão e convencido.

— Acho que você descreveu o, David. — Ray se joga em cima do sofá. O rostinho ainda está triste, mas ela quer se esquecer do que houve. Isso está claro.

— É... tem algumas semelhanças, — ela vira o rosto, me analisando. — mas esse cara, Cole Fell. Ele era o pior dos piores! — ela afirma.

— Pior que o, David? — exclama, Ray, apontando para mim. — Hum... isso não é nada bom.

— E deixa eu adivinhar, e você era apaixonada por ele? — digo. Ela demora para responder, mas responde.

— Loucamente! — ela exclama. — A gente chegou até a namorar na época. Mas não deu certo.

Perfeitos Mentirosos [ÚLTIMOS CAPÍTULOS]Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ