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  Eu acordei animado. Fazia tempos que eu não me sentia assim. E embora o céu estivesse com uma possibilidade enorme de chuva, a minha intuição dizia que o sol iria brilhar para mim.

Ela estava de pé no seu armário, pegando um livro de biologia e guardando um outro de matemática. Ela não havia feito muitos amigos desde o dia que chegou na escola, aliás, ela não havia feito amigo nenhum. Ela estava sozinha, mas não se importava com isso. Acho que ela deixava isso bem claro.

Fiquei observando-a de longe, suas roupas não eram nada atraentes e sem sexy, porém a forma que o seu corpo ficava desenhado em uma simples calça jeans, me deixava maluco. Uma outra coisa que eu também havia percebido depois das duas semanas que eu voltei, era que a Georgina, mesmo em dias de sol, raramente ia sem casaco. Mas acho que tirando isso, o charme maior, era ela mesma. Os cabelos castanhos amarrados em rabo-de-cavalo com um elástico cor-de-rosa, os lábios rosados... e aqueles olhos peculiares.

Era errado. Eu sei! Mas eu estava disposto a conquista-lá. O meu objetivo não era fazer ela ficar comigo enquanto namorava o Mason, mas convencê-la que eu era melhor do que ele. E aí sim, ela largar ele para ficar comigo. Não seria difícil, qualquer garota largaria o seu atual para ficar com David Van Sel.
Ando até a sua direção, cheguei cedo na escola para isso. Os corredores não estão com tantos alunos, e posso conversar com ela sem ser interrompido por alguém, ou pela a Dove.

— Ei! — estou encostado em outro armário, ao lado do seu. Ela se vira surpresa, e sorri. — Eu queria te pedir desculpas por aquele dia lá em casa. Eu não deveria ter falado aquelas coisas. Eu só... eu só pensei que você estava afim. E também, sei que você está namorando com o Mason e devo confessar que eu não esperava por isso. Foi uma surpresa, e não quero estragar isso. Podemos ser amigos.

— Ei, David. Que bom que você está de volta. Fico feliz por isso. — ela afirma. — Bom, sobre o que houve na sua casa... não se preocupe. Já passou. E sobre a última coisa que você acabou de dizer, eu não acredito em nada.

— Como assim? — pergunto. Ela fecha o armário. Com uma das mãos, ela segurava o livro contra o peito e me encara. — É claro que eu disse a verdade! — exclamo. Depois lhe entrego um café expresso que eu trazia da cantina da escola. — Olha, eu trouxe até um café pra você. O melhor da cantina. Como um pedido de desculpas. Pedi até que a moça escrevesse o seu nome com um coraçãozinho.

Ela cheira o café, e depois sorri mostrando uma fileira perfeita de dentes branquíssimos.

— Não tem veneno, tem? — ela brinca. E eu me rendo ao seu bom humor. — Obrigada. Eu estava mesmo precisando disso.

Ela se escora no seu armário.

— Podemos ser amigos? — minha pergunta soa delicada. Ela está pensando.

— Não sei, David. Embora você tenha me dado esse cappuccino, como pedido de desculpas. Você deixou bem claro as suas intenções comigo.

— Minhas intenções são as melhores possíveis, Georgina.

— Não sei porquê. Mas não consigo acreditar em nada do que você diz. — ela afirma. Agora está séria.

— Porque é tão difícil pra você acreditar, que eu quero ser o seu amigo?

— Porque você é, David Van Sel.

— Até você, Georgina? — pergunto ao me virar de costas para o armário.

— É brincadeira, David.

— Toda brincadeira tem um fundo de verdade. É o que dizem.

— Eu não ligo pro seu sobrenome e nem pra essas coisas. Pra mim você é um cara como qualquer outro. Mas seria mentira minha se eu não dissesse que somos de mundos completamente diferente, e pelo o simples fato de eu estar em uma escola da elite me transforma em uma intrusa.

Perfeitos Mentirosos [ÚLTIMOS CAPÍTULOS]حيث تعيش القصص. اكتشف الآن