A hora da verdade

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- E ai? O que achou. - J disse.

- Muito gato -falei dando um beijo nele.

- Você eu nem preciso falar. Sempre lindo – J disse.

Respondi com mais um beijo nele. Esse um pouco mais demorado.

O beijo terminou com a seguinte frase de Junior:

- Gostou da minha botina nova? Comprei, especialmente, para hoje - J falou.

Olhei para a botina, fingindo que ainda não tinha reparado e já feito um pré julgamento sobre ela. Então eu disse:

- Muito bonita, melhor do que as suas da faculdade – falei rindo.

Junior riu também. Ele ficou feliz que eu gostei da botina. Dava para ver no seu rosto; um sorriso tomou conta. Às vezes, uma mentira é necessária. Nem tudo tem que ser do jeito que a gente quer. Deixar outras pessoas felizes é gratificante.

- Então vamos?- falei.

- Que horas são?- Junior perguntou.

-Quase oito horas. – falei.

- Caraca. Vamos. Não podemos chegar atrasado, se não a gente perde a reserva - J disse.

- Vamos rápido então – falei, levantando e indo em direção a porta do quarto.

**

O caminho até o restaurante foi normal.

Por falar em caminho, é válido falar sobre a cidade em que estudo. A cidade é universitária. Possui três faculdades. A minha, a qual tem uns quarenta cursos diferentes e que é federal. Tem também a Faculdade de Artes e teatro, que possui seis cursos. Essa é estadual. E por ultimo, temos a Faculdade de Tecnologia e Minérios. Lá tem todas as áreas de engenharia, que na minha não tem. Essa também é Federal.

Os alunos circulam nas três faculdades livremente. Todos possuem acesso a qualquer biblioteca, sala de estudos, e outras coisas. Mas raramente fazem isso, pois os campus são longe uns dos outros. O meu campo é conhecido como Verdão. Ele é o maior. Não sei se deram esse nome por causa da quantidade de árvores que lá tem, ou pelo tanto de maconha que fumam lá. Essa é uma questão que pretendo descobrir um dia. O campus das Artes é conhecido como DaliAsso ( juntando os nomes do Salvador Dali e Picasso surge o nome). O campus das engenharias é chamado de Pedreira. Esse último é gigante. Eles possuem tantos laboratórios, que da para se perder tranquilamente lá dentro.

Os três campus estão espalhados na região Norte, Sul e Leste da cidade. O lado Oeste possui vários bairros ricos. Bem ricos mesmo. E é para lá que o Junior está me levando. O Le Vermont fica lá. Agora posso começar a me preocupar.

"Não vou ter dinheiro para pagar o que eu for beber"- pensei dando uma risadinha.

Junior percebeu que eu estava rindo, e me perguntou o que eu estava pensando.

- Só estou pensando em como isso tudo de namoro, está sendo melhor do que eu imaginava – respondi, mentindo o motivo, mas não a resposta.

Realmente tudo estava muito bom, até demais. Estou criando muita expectativa nessa relação, e acredito que o J também. Espero que de tudo certo. Temos muito sobre o que falar ainda. Espero que hoje, no jantar, possamos jogar limpo um com o outro.

- Fico feliz que você esteja pensando assim... Fico feliz mesmo – J disse colocando a mão na minha coxa, e em seguida apertando de forma carinhosa.

Eu gosto desse idiota. Não posso negar mais isso. A pior coisa que eu poderia ter feito, foi começar a beijar ele e me tornar um amigo muito próximo. Será que foi a pior, ou a melhor? Só o tempo poderá me dar essa resposta. Mas só espero poder aproveitar o máximo possível dessa minha nova fase. Estou ansioso pelo que me aguarda. Estou mesmo. Já me sofri muita desilusão para pouca idade. Acho que mereço, pelo menos uma vez, algo sincero e fofo, mesmo sabendo que a qualquer momento eu posso estragar tudo. Basta que apenas a verdade apareça.

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