Silêncio

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Acordei nos braços dele. Sim, literalmente, nos braços dele. Quando comecei a abrir os olhos, percebi que eu estava sendo abraçado.

"isso deve estar muito desconfortável para ele."

Foi a primeira coisa que pensei, mas logo que me toquei do que estava acontecendo, abri um sorriso bobo. E foi no meio disso que eu comecei um diálogo na minha cabeça. Foi no meio desse momento de felicidade e daquele sentimento de coração quentinho que comecei uma conversa comigo mesmo. Pode até parecer estranho, mas eu faço isso muito. As vezes eu concordo e discordo das coisas de uma forma muito rápida.

" Caramba, fazia tempo que eu não dormia tão bem, de uma forma tão aconchegante."

"Esse abraço é a coisa mais gostosa que existe."

"Queria ficar aqui mais um pouco."

"Na verdade você pode Bruno!"

"Como assim?"

" Você não tem a primeira aula de hoje. O professor mandou o email."

Eu tinha esquecido, totalmente, desse detalhe. Eu posso aproveitar esse momento. Eu posso deixar meu coração com aquele sentimento de preenchimento por mais um tempo. Falando nesse sentimento, eu não sei como descrever. Vamos pensar como se a coisa que você mais gostasse de comer fosse uma pizza. Agora pensa na pizza mais gostosa que você já comeu. Coloca essa "pizza" no seu momento mais feliz. Só pensa nisso e vai colocando uma coisa na outra. Agora você multiplica isso tudo por muito. Muito mesmo. Seria o resultado disso esse sentimento. Mas como eu disse, não sei descrever. Pode ser que isso não chegue aos pés da verdade sensação.

Por causa desse diálogo na minha cabeça que eu decidi ficar ali mais um pouco. Junior continuava a me abraçar. Eu continuava uma pedra. Não me mexia por nada. Não queria acordar ele. Não queria que ele se mexesse. Tudo estava bom. Estava na maior paz. No maior silêncio.

Falando nele, eu acho ele bom e ruim. Tem dias que o que eu mais quero é ficar sem barulho. Ficar deitado, apenas sentindo o ar entrando e saindo. Inspirando e expirando. Sem nenhuma preocupação. E tem dias que o silêncio pode ser meu pior inimigo. É nele que começam a surgir dúvidas sobre mim mesmo. Dúvidas da minha capacidade, da minha aparência e de qualquer coisa que pode me deixar mal. É com o silêncio que eu já tive meus piores dias e piores pensamentos. Engraçado como uma coisa pode estar em dois extremos. Hoje ele está sendo ótimo, amanha ele pode ser péssimo.

- Bom dia- Junior disse muito baixo no meu ouvido. Foi quase um sussurro.

- Como você sabe que eu estou acordado?- respondi, virando minha cabeça para ele.

- Só senti.- J disse, ainda falando bem baixo.

E foi logo depois dessa fala, que ele me deu um beijo no meu pescoço. Daqueles beijos bem demorados. Eu sentia o toque dos lábios no meu pescoço. Eu estava derretendo por dentro. Todos os pelos do meu corpo arrepiaram no mesmo segundo. Subia um calor pelo meu corpo. O sentimento de desejo surgia e destruía tudo por onde passava. Parecia lava descendo a montanha de um vulcão: não perdoando nada pelo caminho. E era isso que meu corpo fazia comigo: não perdoava nada. E o pior disso foi que eu tentei mexer meus braços, mas Junior me segurou. Ele sabia o que ele estava fazendo eu sentir. Ele sabia que era bom. E sabia também que me segurar faria tudo ficar mais intenso. E ficou mesmo. Parecia que quando me senti preso em seus braços, tudo dobrou. O calor, a vontade de me mexer, a vontade de transar e tantas outras sensações que surgiram nesses segundos.

- Para- eu tentei falar, mas não consegui. O prazer não deixava

-Para- por fim consegui dizer.

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