Escalada amorosa

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- Bruno onde você está?

- Bruno?

- Preciso te falar uma coisa.

- Aparece Bruno. Não vou te machucar.

Essas eram as frases que eu ouvia, enquanto eu estava escondido em baixo da cama. Eu tinha tantos lugares para ir, mas fui para o pior. Parece aqueles filmes de terror que a gente fala que os personagens são burros, por que tudo que eles fazem parece ser burro, ou inconsequente. E sim, estou fazendo uma autocrítica aqui. Eu fui burro de esconder em baixo da cama. Não nego isso, inclusive entenderei, totalmente, se alguém quiser me chamar de estupido.

Agora vamos ao que interessa. Isso é mais um sonho meu. Na verdade, um pesadelo. E posso dizer que foi um dos que mais me abalou. Eu não demonstro meus sentimentos. Quem me conhece sabe disso. Eu, Bruno Saltto, sou uma pessoa que guarda as coisas para mim. Não sei porque faço isso, apenas faço. E não tem nada que eu consiga fazer que muda isso. Está preso em mim. Voltando a falar dos sentimentos, você talvez nunca saiba se eu tive um sonho bom ou ruim. Eu não vou demonstrar isso no meu rosto. Ou seja, eu preciso contar as coisas, para as pessoas saberem.

Aquelas vozes estavam vindo da boca de Júnior. Ele estava me procurando. Ele tinha descoberto meu segredo. Sim, esse segredo mesmo. Ele descobriu a minha pior face.

Vou contar a história agora.

Não sei onde eu estava. Era uma casa. Uma casa bem grande. Cheio de quartos e corredores. Eu estava na cozinha com o Júnior. Estávamos comendo. Não sei se era dia ou noite, então não posso afirmar se estávamos almoçando ou jantando.

- Preciso falar com você. É um assunto sério.- Júnior disse para mim, com um olhar sério.

- Pode falar.- respondi preocupado.

- Eu sei o que você anda fazendo toda quarta feira.- J disse.

O silêncio se instaurou.

Eu não sabia o que respondia. Comecei a me afogar dentro dos meus pensamentos. Uma mistura de pensamentos. Alguns queriam saber como Júnior descobriu. Outros queriam saber o que eu responderia. E sinceramente, eu não sabia. Não tinha ideia.

- Responde, seu nojento.- J disse. Ele estava com ódio nos olhos. Era muito perceptível. Ele continuava me encarando.

- Não fala assim.- respondi, calmamente.

- NÃO FALA ASSIM? VOCÊ MENTIU PARA MIM POR TODO ESSE TEMPO.- J gritou.

- Você não entende o que estava acontecendo. Eu não podia contar. Eu estava sofrendo chantagem.- falei, novamente de maneira calma.

Não sei o motivo de nesse sonho eu ficar calmo. Não entendo mesmo. Eu odeio pessoas que querem falar de forma calma durante uma discussão. E eu consigo sentir o ódio que eu estava criando no Júnior, nesse sonho.

- Você mentiu para mim. Você mentiu por muito tempo para mim. Achei que a gente tivesse passado essa fase. Eu amava você. Eu amo você. Como você pode ser capaz disso?- J disse.

- Me desculpa- eu disse enquanto chorava.

- Eu sinto nojo de você agora. Seu bosta. Seu merda. Eu posso amar você, mas sinto ódio agora.- J disse.

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