Capítulo 19

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CAPÍTULO 19

Como eu não havia dormido em casa naquela dita noite, Mel teve que esperar até o dia seguinte para me contar tudo o que havia acontecido entre ela e Seth no primeiro encontro. Já passava das 10 horas da manhã do domingo quando deixei o aconchegante apartamento de Tom e parti de volta ao meu. Entrei e, não vendo ninguém na sala, fui direto para meu quarto. Abri a janela, peguei um travesseiro, joguei-o no chão e deitei minha cabeça sobre ele. Minha visão ali ia diretamente de encontro ao pedaço de céu que entrava pela minha janela aberta. Eu sempre adorei fazer isso, desde criança. Deitar no chão e olhar para o céu, simultaneamente. Sempre me ajudou a raciocinar melhor. Não pensar em nada é o primeiro passo para pensar melhor em algo. Não pensar em nada é o primeiro degrau em que pisamos antes de pensar em tudo. E Não fazer nada te faz pensar. E Pensar demais te leva a cometer loucuras.

Ao me ouvir entrar e me alocar no quarto, Mel saiu do seu e foi me encontrar.

- Julia? – Bateu na porta, mas não esperou eu responder e foi entrando igual uma flecha.

- Opa. – Falei sem desviar o olhar da janela.

- Tá fazendo o quê ai no chão?

- Buscando inspiração.

- No chão? Talvez seja por isso que você não encontre, porque a gente varre o chão toda semana. Talvez esteja debaixo do carpete... – brincou. - Você está bem? Está com uma cara triste...

- Ninguém é feliz domingo de manhã. – respondi sem mudar a expressão -  Mas me conta o que você veio me contar.

- Como você sabe que eu vim aqui te contar algo?

- Porque você está me assustando com esse sorriso na cara logo cedo. Esse sorriso que vai de orelha a orelha.

- Você nem está olhando pra mim, como sabe?

- Está refletindo no vidro da janela. Estou com medo de olhar diretamente, vai que ofusca minha visão.

- Nossa que hoje você acordou virada hein, que coisa. – bufou e eu ri enquanto ela jogava um travesseiro no chão e deitava-se ao meu lado para contar todos os detalhes da noite anterior. Mas aquela não seria a única vez que ela me contaria essa história. Para falar a bem da verdade, naquele domingo, ela só conseguia falar sobre o encontro. A Cada 10 palavras que saiam de sua boca, 11 eram relacionadas ao tema. Contou para mim, contou para Tom, contou ao porteiro, ligou para minha mãe para contar. Ainda ligou para Seth para comentar sobre.

- E Agora? – perguntei, curiosa.

- Agora aguenta coração, minha filha.

- Quando vocês vão sair novamente?

- Ainda não sei. Espero que o mais breve possível.

- Por quê você não convida ele para a festa de inauguração da megastore da 100 palavras? Já é sábado que vem e é aberta ao publico. E Ele sendo uma pessoa tão culta como me pareceu ser, iria gostar do programa. – dei a ideia e viajei pensando no quão rápido o tempo estava passando. Incrível como tanta coisa pode mudar em menos de um ano.

- Você tem razão.

- Eu sempre tenho.

- Vou convida-lo mesmo.

- Convida sim, quem sabe ele gaste bem muito dinheiro em livros para você! Os livros para você e o dinheiro para nós da editora. Todo mundo sai ganhando.

- Ah, mas eu não gosto muito de livros não.

- Como você pode dizer uma blasfêmia dessas contra os deuses da sabedoria em minha presença????

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