Capítulo 7

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CAPÍTULO 7

- Julia, acorda! São quase 7 horas!

Mel estava de pé ao lado da minha cama. Tinha se encaminhado até a janela para abri-la enquanto eu me remexia tentando acordar e entender a situação. De repente o sol estava entrando no quarto, seguindo a direção do meu rosto. Uma coisa que eu percebi é que, não importa a localização da janela, o sol sempre virá na direção do seu rosto quando ela estiver aberta. A Janela está do lado direito: o sol vai bater no seu rosto. A Janela esta do lado esquerdo, o sol vai bater no seu rosto. A Janela está no teto, o sol vai bater no seu rosto. A Janela está no chão, então já não é mais janela, é possível que seja um alçapão.

Levantei da cama e fui tomar um banho expresso, aqueles de 3 minutos. A Ducha do banheiro do apartamento era daquelas que tinham uns 50 furos, mas apenas 5 funcionavam. E Não eram os 5 em sequência, eram 5 furos completamente aleatórios e separados uns dos outros. Para que o corpo conseguisse pegar a água que vinha dessas pequenas aberturas, era preciso fazer uma posição de anjinho de fonte. Era um ótimo exercício. Vamos comprar uma ducha nova. Não sei quando, mas esta nos planos.

Após me vestir, fui até a sala e Mel estava na porta, pronta para sairmos. Ela estava bonita e animada. Eu estava com cara de miserável e com um mau humor de botar qualquer capeta para correr de medo.

- Como você consegue acordar cedo assim e parecer uma pessoa feliz ao mesmo tempo?

- É A vida, é bonita e é bonit...

- Se começar a cantar pode ir sem mim porque eu não tenho paciência pra gente feliz perto de mim de manhã.

- Nossa. Então vamos logo para a loja de fantasias pra eu poder te despachar de uma vez para o seu trabalho. Você e seu mau humor deixarão de ser problema meu neste belo dia e será então dos seus colegas de editora. Certifique-se de não fazer cara feia para o Tom para não espantar o gato.

- Gatos adoram mau humor. Vamos lá antes que eu desista dessa palhaçada.

Pegamos o elevador e descemos os oito andares em silencio, curtindo a musica que tocava no cubículo em movimento. Era uma bossa nova bem tranquila que despertava uma calma em quem a ouvisse. Uma musica dessas que o telamarketing escolhia para te deixar na linha ouvindo por uma hora e meia quando você liga querendo cortar a linha do seu telefone, estrategicamente para te deixar calmo e não ameaçar de morte a atendente ou ameaçar tocar fogo no prédio em que funciona a sede da sua empresa de telefonia. Já ouvi histórias desse tipo. Mas nunca vi um desfecho tão ruim. Talvez a fatídica musiquinha funcione mesmo.

Chegamos à portaria e lá estava o porteiro Mauro Cláudio, com cara de sono. Vi sua cara se iluminar quando ele viu Mel chegar e cumprimenta-lo:

- Bom Dia Mauro! Que dia bonito está fazendo, não?

- Bom Dia Mel! O Dia ficou mais bonito agora com sua presença.

Mauro Claudio me viu e sua excitação caiu pela metade. Deu-me um bom dia com a boca meio semicerrada, o qual eu respondi com um amargo “meh”, mostrando meu nítido descontentamento com sua presença. Essa troca de farpas não estava acontecendo só porque eu estava mau humorada naquela manhã, ela tem um contexto que começou no ultimo domingo, no dia em que me mudei para o edifício Redenção.

Na veze em que eu cheguei ao edifício ao lado de Tom, entramos pelo estacionamento e eu seguia direto para o elevador sem passar pela recepção. Tom passou por lá, cumprimentara o porteiro e me encontrou no elevador para seguirmos nosso caminho. No Dia da minha mudança, cheguei à porta do edifício portando uma mochila, uma mala de mão e uma grande caixa com o resto dos meus pertences e apertei o interfone.

Querida Folha em BrancoWhere stories live. Discover now