Capítulo 8

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CAPÍTULO 8

Segui meu caminho para a editora naquela manhã de terça onde as horas não passavam de um jeito normal. Ainda bem, porque só se o tempo parasse mesmo eu teria alguma chance de chegar na hora em meu trabalho. Sorte que quem estava no comando naquela semana era Samantha, e não Brian. Mesmo porque, quem tinha feito eu me atrasar era a própria Samantha ao propor esse evento e ter nos feito ficar loucos em busca de fantasias da noite para o dia. E É melhor que esse MovieCon seja bom mesmo para valer todo o esforço.

O MovieCon já era, para mim, um modelo de todas as festas que eu já tinha participado. Não quero dizer que todas as festas que fui, as poucas que fui, eram de fantasia, ou seguindo temáticas. Mesmo as mais simples, aquelas que só têm um dj e bando de gente efusiva dançando e se esfregando umas nas outras. O Que quero dizer é o sentimento. Eu pelo menos nunca fui a uma festa sem esperar nada em troca. Só para se divertir, como sugerem os jovens para ludibriar seus ouvintes. Eu sempre fui movida pelas expectativas. Expectativas de conhecer um bom rapaz que não quisesse perder contato comigo depois. Não expectativa de ficar com 9 pessoas em uma noite só, como já vi muitas de minhas amigas fazendo, espalhando para outras amigas aumentarem seu ego e no fim da noite voltando para casa sozinha para assistir filmes tristes e chorar na solidão de seu quarto. Não queria isso para mim.

E Seguindo o mesmo caminho das expectativas altas que podem cair do salto a qualquer momento, lá estava eu me preparando para ir a uma festa. Para buscar inspiração? Talvez. Para me aproximar de Tom? Isso definitivamente. Não conseguia tirar da cabeça a ideia de que podia ter outra garota mexendo com seu coração. É isso, estou jogando a toalha e assumindo para mim mesma que eu estou gostando de Tom. Burra! Burra, burra, burra.

No meio dos meus devaneios, quase passei da parada da editora. Desci do ônibus e segui em direção ao prédio. Dei um breve aceno para a estátua, mostrando meu respeito para o homem de pedra e sua águia. Ele olhou de volta para mim, mostrando entender tudo que se passava na minha cabeça. Gosto cada dia mais dessa misteriosa estátua.

Entrei na sala e sentei silenciosamente em minha cadeira na expectativa que Samantha, que estava na sala de Brian, ao lado, não me visse. Comecei a mexer no meu computador e Tom quebrou o silêncio.

- Não encontrei você hoje para te dar carona. Bati no seu apartamento, mas nem a Mel estava lá. O Que houve? Algum problema?

Ele parecia bem consternado. Ele estava preocupado comigo e eu estava sem palavras. Não sei me comportar direito perto das pessoas que eu gosto, geralmente eu fico parada e erro todas as palavras que por ventura saem da minha boca. Mas eu não podia me comportar dessa maneira com Tom, porque, se nada acontecer entre a gente, romanticamente falando, ainda iria restar a nossa amizade para ser ainda mais cultivada ao longo do tempo. Então respirei fundo e tratei de conversar com ele da maneira mais calma possível.

- A gente foi alugar fantasias, você sabe, pra MovieCon.

- Ah, claro! Se você tivesse me dito antes de sair, eu teria esperado.

- Jura que eu ia te pedir para me acompanhar a um lugar que eu vou especificamente para passar horas trocando de roupas. Homens detestam isso. Você só está sendo legal.

- Eu ia adorar, na verdade.

Sorriu para mim. Um sorriso muito bonito, que combinava muito bem com seus olhos azuis. Desviei o olhar porque sabia que eu estava fazendo cara de boba naquele momento. Fiquei fazendo contato visual com a tela do meu computador enquanto mudava o assunto.

- E você, escolheu a fantasia? – perguntei.

- Escolhi sim. Escolhemos, aliás, o Léo está na cidade e adorou a ideia. Pediu para ir junto. Então nos ajudamos na escolha e o resultado foi muito bom.

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