Capítulo 22: Vai ficar tudo bem [narrado por Dean]

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Abri os olhos, eu estava sentado em uma cadeira e meus braços estavam amarrados para trás, com cordas muito firmes. Eu sentia uma dor imensa por todo o meu corpo, minha cabeça doía e minha barriga latejava. Olhei para ela e percebi que por sorte o tiro foi de raspão, mas mesmo assim estava doendo e sangrando. Pelo nível de dor, com certeza eu tinha fraturado uma ou duas costelas quando caí da escada.
Por um momento achei que iria morrer quando levei aquele tiro, mas não. Eldon não queria me matar ainda, senão ele teria atirado na minha cabeça e me matado logo de uma vez. Ele ainda me queria vivo, mas o que ele iria fazer? Provavelmente me torturar, talvez.
Eu olhei para o lado e senti meus olhos encherem d'água quando vi Elena ali, totalmente largada naquela cadeira. Ela estava toda machucada e suja de sangue, em seus braços haviam cortes muito expostos e seu cabelo estava bagunçado. Comecei a me mexer desesperado ao ver que ela estava desacordada. Prestei atenção no movimento em seu peito e vi que ela estava respirando.
Ela estava viva, graças a Deus.
Ela estava praticamente sem roupa, usando apenas uma peça rasgada na parte de baixo do seu corpo. Notei o sangue entre as suas pernas, e uma lágrima dolorosa escorreu ao imaginar o que aquele miserável poderia ter feito com ela. Tinha sangue espalhado por todo o chão, formando uma pequena poça com as gotas que pingavam da cadeira.
- Elena? - chamei algumas vezes, mas ela não acordava.
Ela estava pálida, fraca.
Eu ainda não acreditava no que via. Queria que fosse apenas uma alucinação, mas infelizmente não era, era real. O sentimento de culpa começou a me invadir, tudo isso era culpa minha, eu poderia ter evitado que isso tudo acontecesse se eu tivesse chegado antes. Mas eu fui um inútil, não consegui ajudá-la. Não consegui salvá-la das mãos desse crápula. Só queria entender o porquê.
Por que ele fez isso com ela?
Esse sofrimento estava me destruindo.
Onde ele está? Porque ainda não apareceu pra me pegar? O que ele está fazendo? Isso me deixava assustado.
Eu tinha que dar um jeito, tinha que nos tirar daqui antes que ele apareça. Comecei a mexer as minhas mãos, tentando desafrouxar os nós. Estava muito difícil, ainda mais porque não conseguia enxergá-los. Mas eu não iria desistir, eu iria lutar até o fim para sair daqui vivo com Elena.
Custe o que custar!
A pressão aumentava cada vez mais quando eu olhava para as escadas, esperando o momento em que ele fosse aparecer. Meus batimentos eram acelerados e um suor frio escorria pelas minhas costas cada vez que eu me mexia, afim de me livrar das amarras.
A qualquer momento ele poderia entrar. Continuei tentando e consegui desmanchar um nó mas não fez muita diferença, pois as cordas continuaram apertadas, me machucando toda vez que eu me mexia.
Sem eu menos perceber Eldon entrou, abrupto, passando pela porta e descendo as escadas com total velocidade. Parei de me mexer no mesmo instante. Em suas mãos havia uma garrafa cheia com um líquido que, pelo cheiro forte que veio até mim, parecia gasolina. Fiquei confuso e me questionei sobre o que ele faria com aquela gasolina. Ele deixou a garrafa no chão e veio até mim.
- E aí, Dean. Aproveitou bem o cochilo? - ele perguntou, com um sorriso arrogante.
A raiva surgiu assim que olhei em seus olhos.
- Seu desgraçado. O que você fez com ela?! - praticamente gritei.
- Quanta agressividade da sua parte, Dean. Acho melhor não continuar assim. - ele disse, calmamente.
- Foi você, não foi? Você matou aquele rapaz na frente do prédio?!
Ele andava vagarosamente pelo porão, não tirando a sua atenção de mim.
- Você é muito esperto, Dean. Como conseguiu descobrir? - ele perguntou, irônico. - Eu tinha que criar uma distração para os idiotas dos tiras. Assim eles ficariam mais preocupados com um assassinato e não viriam atrás de mim.
Eu continuei tentando me soltar das cordas disfarçadamente, enquanto ele andava de um lado para o outro, falando:
- Se aqueles policiais fossem um pouquinho mais espertos eles já teriam me encontrado, não? Mas eles são um bando de incompetentes. Se você duvidar eles não vão nem suspeitar que fui eu que matei aquele pobre infeliz. - ele disse, zombando.
Com dificuldade consegui desmanchar mais um nó. Agora as amarras já ficavam um pouco mais frouxas.
- Acho que seu plano não deu certo. - eu disse. - Eles já sabem que foi você, e mais cedo ou mais tarde eles vão aparecer e você vai voltar para o lugar onde nunca devia ter saído.
Ele ficou sério e olhou para mim.
- É uma pena que você não vai estar aqui para ver isso acontecer, não é, Dean? Pois você vai ter o mesmo fim da sua namoradinha ali. - ele disse, apontando para Elena.
Eu o olhei, agora com mais ódio por tudo o que ele fez com ela.
- Você é um filho da mãe! Como pôde fazer isso com ela?! - eu estava transtornado, cheio de raiva.
- Ah, Dean. Quer que eu te fale sobre a Eleninha? - ele perguntou, sorrindo. - Olha para ela. - ele disse, mas eu continuei parado, o encarando com raiva. - Olha! - ele gritou.
Então veio até mim, segurou o meu rosto com força e o virou para que eu pudesse olhar para Elena. Senti meus olhos começarem a lacrimejar e um aperto de angústia aparecer no meu peito.
- Você gosta dela, não é? - ele perguntou, me fazendo sofrer mais.
- Me solta! - eu disse, tentando ser forte.
Ele virou mais o meu rosto.
- Ah, você não sabe o prazer que ela me deu. Eu nunca vi uma mulher tão gostosa como a Elena. - ele soltou uma risada esganiçada.
- Seu verme! - eu gritei.
- Ela foi forte, Dean. E sabe o que mais? Ela chamou pelo seu nome várias vezes: "Dean", "Dean", "socorro, Dean!". Mas você não apareceu. - ele disse.
Uma lágrima desceu pelo meu rosto.
- Você não pôde ajudá-la. - ele disse, satisfeito ao ver o meu sofrimento. - Eu sei que você queria que fosse surpresa, mas você não pode morrer sem saber. Então eu vou te adiantar. - ele se aproximou do meu ouvido. - Ela tem duas pintinhas no lado esquerdo da bunda. - terminou com um sorriso de divertimento, soltando o meu rosto.
Eu não aguentei, não aguentei ouvir ele falar aquelas coisas ridículas para mim, sem nenhuma piedade. Senti o sangue fervendo nas minhas veias, a fúria tomando conta do meu corpo e, eu só pensava em sair daqui e acabar com a raça desse monstro.
- Seu desgraçado, miserável! Eu vou matar você, vou cortar você pedacinho por pedacinho e você vai sofrer bem mais do que a Elena sofreu. Você vai ter que implorar pela sua vida, e quer saber? Eu vou soltar a Elena e nós vamos acabar com você juntos.
Ele deu uma gargalhada.
- Ah é, jura? Pois eu acho que você não vai conseguir, mas eu vou adorar ver você tentar.
Então ele dispara vários socos no meu rosto, enquanto eu não conseguia me defender. A força que atingia o meu rosto era enorme, e o efeito que causava era brutal. Mas essa dor não podia ser comparada a dor da culpa que eu carregava no meu coração. Eu só conseguia imaginar o sofrimento que Elena passou, o quanto ela sofreu sem poder se defender, como eu não posso agora.
- Vamos, Dean. Qual é, você não ia acabar comigo? - ele perguntou, zombando e me humilhando. - Você não serve para nada. É um tolo, um imbecil!
Mais um soco.
- Vamos! Você não disse que sairia daqui?! Você vai morrer, vai morrer por ser um mentiroso.
Ele cuspiu aquelas palavras em mim, terminando de me bater.
Eu estava fraco, machucado, destruído e totalmente humilhado. Mas Eldon estava errado sobre uma coisa, eu não sou um mentiroso. O que eu prometi eu vou cumprir, e eu vou até o fim, nem que eu morra lutando. Por você Elena, porque eu te amo.
- Dean Winchester é um mentiroso!
Ele dizia isso e várias outras ofensas, enquanto se afastava e ia até uma mesa, começando a remexer nas tralhas que estavam ali. Eu fiquei de cabeça baixa, calado, mas era apenas uma maneira de fazê-lo pensar que eu havia desistido. A verdade é que eu estava tentando me soltar mais uma vez, e dessa vez eu não iria falhar.
Eu me movia quase imperceptivelmente, porém com agilidade suficiente para conseguir desmanchar os nós. Com mais alguns movimentos eu consegui desmanchar a maioria e faltava pouco para eu estar livre. Até ter a atenção atraída por Eldon:
- Sabe, eu poderia te torturar de mil formas diferentes. - ele disse, me mostrando uma faca mas voltando a guardá-la. - Mas eu prefiro fazer isso de uma maneira muito mais eficaz. Que tal um pouquinho de calor? - ele perguntou, com aquele olhar insano e eu então entendi o que ele pretendia fazer.
- Não! - eu disse, vendo ele pegar a garrafa e espalhar gasolina por todo o porão.
Desesperado, eu comecei a me debater sobre a cadeira, tentando me soltar mais rápido. Eldon jogava a gasolina por todo lado com total empolgação. Ele foi até Elena e jogou gasolina em volta da cadeira onde ela estava. Em seguida veio até mim.
- Sua vez. - ele disse, com um sorriso animado demais.
Então começou a espalhar o líquido em volta da minha cadeira, formando um círculo. Depois parou na minha frente.
- Você não vai fazer isso?! - eu disse, ainda incrédulo sobre o que estava acontecendo.
- Já estou fazendo. - ele sorriu.
- Você é um sádico, maluco! - eu disse.
- Ah, você já pensou alguma vez em como seria morrer queimado, sentindo a sua pele pingando no chão como plástico derretido? - ele perguntou.
Só de pensar nessa possibilidade eu ficava agoniado. Sentia um calor subindo pelo meu corpo sem ao menos ele ter acendido o fogo. As gotas de suor já grudavam as minhas costas no encosto da cadeira.
Essa casa sendo destruída pelo fogo, comigo e Elena dentro... ah, eu não consigo nem imaginar.
- Então esse é o seu plano? Nos deixar aqui queimando enquanto você foge pelos fundos?! - eu perguntei, isso tudo era ridículo.
- Dean, mais uma vez adivinhando tudo. O que acha de adivinhar o que vai acontecer agora?
E antes que eu pudesse abrir a boca, sinto a gasolina molhando todo o meu corpo. Eldon acabará de jogar todo o resto que estava na garrafa em mim. Sinto os meus machucados arderam e o cheiro forte me faz tossir.
Quando volto a olhar para ele observo que em sua mão havia um isqueiro. Começo a ficar desesperado e sinto um arrepio na espinha, causando uma sensação horrível de medo ao imaginar que a qualquer momento ele poderia acender o isqueiro e eu queimaria vivo.
- Chegou a hora, Dean. - ele disse.
Impulsionado pelo desesperado eu continuei me mexendo, mesmo sentindo que meus olhos queriam se fechar para não verem a cena que iria acontecer. Era como se eu enxergasse em câmera lenta. As batidas do meu peito eram aceleradas, eu respirava fundo mas não adiantava. Vejo ele levantar a tampa do isqueiro, e penso: é agora ou nunca! Então antes de Eldon acender o isqueiro eu consigo me soltar das cordas, ficando finalmente livre para lutar.
Me levanto rapidamente da cadeira e avanço sobre ele, derrubando-o. Ele, sem reação pelo meu movimento inesperado, cai no chão, deixando o isqueiro também cair em algum lugar. Sem pensar duas vezes eu subo em cima dele, olho diretamente em seus olhos, sinto a raiva tomando conta de mim e cerro os meus punhos.
- Isso é pela Elena!
Então começo a golpear o seu rosto incansavelmente. Minhas mãos já começavam a ficar machucadas, mas eu não me importava. Eu só queria fazê-lo sofrer até implorar para que eu parace.
- Você é fraco, Dean. - ele disse, soltando uma risada.
Isso me deixava furioso, o seu cinismo, a forma como ele debochava de tudo mesmo estando quase derrotado. Ele nunca se humilharia para mim, nunca admitiria que perdeu e isso me causava um ódio tão grande que eu já nem sentia mais as minhas mãos doerem. Apenas descarregava toda a minha raiva nesse monstro psicopata.
- Você não se conforma que não conseguiu ajudá-la, e por isso se sente tão culpado. E vai se sentir assim para o resto da sua vida.
Mesmo ele estando encurralado e machucado, não perdia uma oportunidade de me provocar. Ele queria me vencer pelo cansaço, insistindo naquela maldita tortura psicológica, atacando onde mais doía. Queria me destruir pelo sofrimento emocional, e que eu simplesmente desistisse por isso.
- Um monstro... - comecei.
Disparei mais socos.
- É isso que você é! E eu não me importo com nada que saia dessa sua boca. Porque ao contrário do que você diz, eu vou salvá-la. E você... não vai ter a mesma sorte.
Dei mais um golpe e ouvi o estalar de seu nariz se quebrando. Ele solta um grito de dor.
- Você finge que não se importa, mas por dentro... - ele quase começou.
Eu agarro firme em seu pescoço e começo a enforcá-lo.
- De você eu só sinto nojo. - cuspo em sua cara.
Ele solta um grunhido, segurando os meus braços e tentando tirar as minhas mãos do seu pescoço.
- Seu plano de vingança deu errado, Eldon. Só que dessa vez você não vai ter outra oportunidade, porque vai estar morto! - grito, rangendo os dentes.
Vejo o seu rosto mudar, agora para um aspecto muito mais sombrio e raivoso. Como se eu tivesse acabado de despertar toda a sua ira, apenas ao mencionar a sua maldita vingança.
- Miserável! - ele grita.
Então ele segura os meus braços apenas com uma mão e com a outra vai até a minha barriga, cravando os dedos no exato local onde a bala havia atingido. Sinto uma dor insuportável que me faz recuar, e acabo soltando o seu pescoço. Ele consegue se erguer e me dá uma cabeçada forte e inevitavelmente eu saio de cima dele e caio para o lado, totalmente desnorteado.
- É impressionante, não é? - ele solta uma gargalhada. - Como você sempre termina no chão.
Ele se aproxima de mim e me dá um chute na barriga, sinto o meu estômago embrulhar.
- Já chega de bancar o herói, Dean. Nós dois já conhecemos muito bem essa história. "O mocinho querendo salvar a sua amada donzela..." - ele começa com a sua fala irritante, imitando uma voz mais fina na última frase.
Pouso o olhar sobre Elena e vejo que ela começa a se mexer sobre a cadeira, ela estava começando a acordar. Sinto como se um pouco mais de esperança me invadisse. Ver ela viva mesmo estando tão fraca, já me dava força para continuar lutando. Tento me recompor e me sento devagar, apoiando o meu peso sobre os meus braços.
- Mas tem uma coisa que você não sabe... - eu disse. - Em histórias como essa, o vilão sempre morre no final.
Então me levanto, sentindo as minhas pernas tremerem. Posiciono os meus pés bem firmes no chão, mesmo sentindo que eles poderiam cair. Levanto o meu olhar cansado para encarar o seu rosto frio e sistemático. Ele já estava preparado para lutar. Seus braços estavam bem posicionados para me atacar e seu ar de deboche era notório.
- E quem vai me matar? Você? - ele perguntou.
- Se eu fosse você não duvidaria disso. - respondi com convicção.
Ele mais uma vez gargalhou. Era patético como tudo para ele soava como uma piada, como se nada fosse sério. Era uma forma de divertir o seu ego.
- Então vai em frente, tenta.
Com raiva e sem pensar duas vezes, disparo um soco em seu rosto. Sinto as minhas costelas doerem apenas com esse movimento. Mas eu sabia que se eu quisesse sair daqui vivo eu teria que lutar, mesmo que o meu corpo todo doesse. Só assim eu cumpriria o que prometi a Elena.
- Decisão errada. - ele disse, cuspindo sangue no chão.
Ele vem para cima de mim e tenta me acertar um soco, mas eu consigo desviar me abaixando. Então ele tenta mais uma vez e eu me esquivo de novo e acerto a sua barriga com um soco.
- Ai! - ele solta um grito de dor.
Tento atacá-lo novamente, mas ele dessa vez se move rápido, assim fugindo do meu golpe.
- Oh, não! - escuto o espanto de Elena após acordar e ver a cena que se passava à sua frente.
Em milésimos de segundo me perco olhando para ela e sinto uma força atingir o meu rosto. Com a minha desatenção, Eldon conseguiu me acertar em cheio, e sinto o gosto metálico do sangue na minha boca.
- É isso que acontece com quem acha que pode me desafiar! - Eldon diz e me bate novamente.
Eu tropeço e bato as minhas costas na ponta da mesa, sinto uma dor aguda e solto um grunhido. Vejo ele vindo novamente na minha direção e depressa pego o primeiro objeto que vejo na minha frente. Era uma garrafa de vidro que estava em cima da mesa. Quando ele se aproxima eu tento acertá-lo mas ele desvia e me empurra para trás, e eu encosto na parede.
Ele levanta o seu braço para me atingir mais uma vez, só que falha quando eu seguro o seu antebraço o impedindo. Ele me olha surpreso e eu o afasto de mim, o empurrando com força. Então ele se desequilibra e quase cai. Eu seguro firmemente a garrafa e bato ela com toda a minha força em sua cabeça.
A garrafa se quebra e uma listra de sangue escorre sobre sua testa, revelando um corte. Ele coloca as mãos sobre a cabeça sentindo a dor causada pela batida. Começa a cambalear e cai ajoelhado no chão, erradamente.
- E é isso que acontece com quem machuca as pessoas que eu amo! - eu grito para ele, dando mais um soco em sua cara, que o derruba no chão por completo.
Ouço alguns murmúrios de Elena, que estava totalmente desesperada e desacreditada. Subo em cima dele novamente, descarregando mais socos. Mas não era só isso, eu descarregava toda a minha raiva, a minha revolta, o meu nojo e a minha tristeza. Tudo, nesse maldito psicopata.
Ele tinha que pagar pelo que fez, então não me canso de golpeá-lo.
- Seu monstro, miserável! Eu disse que acabaria com você.
Seu rosto já estava todo inchado e ensanguentado, e ele já não exibia nenhum movimento. Termino quando vejo que finalmente ele estava desacordado, imóvel e incapaz de fazer qualquer coisa. Me levanto, agora sentindo todo o cansaço sobre mim, eu estava exausto. Fico em pé, quase fraquejando e só penso em uma coisa, Elena.
É hora de sair daqui.
Então me viro e corro até ela, parando em frente a cadeira onde estava sentada.
- Elena! - exclamo euforicamente.
Começo a desamarrar as suas mãos, deixando-a finalmente livre.
- Dean! - ela indagou com um olhar profundo, cheio de alívio e gratidão ao mesmo tempo.
- Vamos, tenho que te tirar daqui. Você consegue se levantar e andar? - pergunto apressadamente.
- Não, não! - ela responde, tentando levantar mas não conseguia. - Não dá, eu não consigo. Eu não sinto as minhas pernas, não tenho força. - disse, choramingando.
- Calma, Elena, calma. Eu vou te ajudar e nós vamos sair daqui, tudo bem? - tento tranquilizá-la.
Ela concorda baixinho, ainda nervosa. Eu pego os seus braços e coloco sobre o meu pescoço, mandando que ela segurasse firme para que eu pudesse erguê-la. Quando olho em seus olhos vejo eles se arregalarem de repente, com um espanto.
- Dean, cuidado! Atrás de você. - ela grita.
Eu me viro para trás rapidamente, vendo Eldon vindo até mim com uma faca na mão.
- Achou que tinha acabado, Dean?! - ele pergunta.
Então levanta a faca e tenta me atingir. Mas com agilidade eu seguro o seu braço e o giro, fazendo ele enfiar a faca em si mesmo. Foi tudo muito rápido até eu perceber o que eu realmente tinha feito. Olho para baixo e vejo que a faca está em sua barriga e eu à cravo mais fundo, escutando o seu gemido e um choro de Elena.
Encaro o seu rosto, agora sem expressão e digo:
- Acabou, Eldon! Esse é o seu fim.
O empurro para longe e ele cai sobre a mesa que balança, deixando cair no chão uma pequena lamparina de vidro, acesa por uma vela. A lamparina se quebra e a vela cai sobre uma poça de gasolina. O fogo se acende e rapidamente começa a se espalhar pelo porão.
- Ah, meu Deus! - volto a me desesperar.
Me viro de volta para Elena e continuo tentando erguê-la.
- Vamos, Elena. Nós temos que sair daqui agora!
Levanto-a da cadeira e a coloco em pé, ela se desequilibra e quase cai mas eu a seguro.
- Não tem como, Dean! Eu não consigo parar em pé. - ela se desespera.
Não havia mais nada o que fazer a não ser carregá-la. Então passo os braços por baixo das suas pernas e a ergo, pegando-a no colo.
- Nós vamos conseguir, está bem?! - eu disse.
Então começo a andar rapidamente com ela sobre os meus braços, vendo o fogo se alastrar por todo lado. Paro sobre as escadas e subo com dificuldade. Além de estar todo machucado eu carregava Elena comigo.
Não sei como consegui...
Antes de sair pela porta ainda escuto gritos de Eldon:
- Isso não vai ficar assim. Vocês vão se arrepender, vão se arrepender!
Então passo pela porta, deixando tudo queimar atrás de mim. Corro com Elena pelo corredor e juntos passamos pela porta da frente. Me afasto o máximo que consigo da casa, com medo que ela pudesse explodir de algum jeito. Paro e me sento sobre o gramado, ajeitando Elena sobre o meu colo. Vejo toda a sala da casa pegando fogo e em um piscar de olhos um carro e várias viaturas da polícia chegam até nós.
Não consigo explicar de onde essas viaturas surgiram tão rápido, eu mal olhei para elas. Continuei sentado sobre a grama gelada, apenas escutando o barulho das sirenes ao fundo. Abracei Elena com mais força, que chorava sobre o meu peito.
- Acabou. - eu disse, beijando sua testa e uma lágrima escorre sobre os meus olhos. - Acabou.
Fico abraçado com ela, olhando para a casa em chamas e sinto os pingos leves e frios de chuva começarem a cair sobre nós.
- Vai ficar tudo bem. - repito várias vezes em seu ouvido. - Vai ficar tudo bem.

Continua

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Continua...

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