Capítulo 19: É o meu fim

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     Eu nunca imaginei que isso fosse acontecer. Em um instante eu estava bem e, em outro eu estava destruída. Simplesmente por um ato tão comum de abrir a porta. Mas que nesse caso se tornou o ato mais abominável e horrível da minha vida - abrir a porta para uma pessoa estranha em meio a uma tempestade, na cidade de Detroit.  Sim, eu fui muito ingênua e não pensei nas consequências que isso causaria.
     Eu sou a culpada, nada disso teria acontecido se eu não tivesse permitido que o assassino viesse até mim. Eu estava fora de mim quando disse "tudo bem" naquela ligação, quando abri a porta dando caminho livre para que ele entrasse na minha casa. Se ao menos eu pudesse voltar no tempo, eu jamais teria aberto a porta para ele.
     Mas agora não há o que fazer. Não tem como mudar o que aconteceu, a minha vida jamais voltará a ser a mesma de antes. Tudo ficou para trás, a pessoa feliz que eu era, os meus planos e sonhos, tudo. Agora nada mais importava e eu só via um fim para isso.
     A minha morte.
     É o único jeito de acabar com todo o meu sofrimento, morrendo. Eu não aguentava mais toda essa dor horrível que me dilacerava, e toda essa angústia e tristeza que tomavam conta do meu peito. Toda a minha esperança se foi, não sobrou mais nada, a única coisa que restou foi o medo. O medo de nunca mais ver as pessoas que amo, porque no fundo eu sei que é isso que vai acontecer, eu vou morrer. Não há outra saída.
     Eu continuava deitada naquele chão gelado, toda encolhida em meio a um silêncio profundo, apenas sentindo a dor que cobria o meu corpo todo. Por um momento era como se eu estivesse sozinha ali. Eu não conseguia pensar em nada, meus olhos estavam parados, fixos, olhando para um lugar qualquer daquele porão. Eu só esperava pelo meu fim, o momento em que finalmente todo esse pesadelo iria acabar.
     Fraca, eu levantei o meu olhar vendo Eldon ao longe. Ele limpava as mãos com um pano, retirando todo o sangue... o meu sangue. Sua roupa também estava toda suja e amarrotada, rasgada e faltando alguns botões em sua camisa. Foi o que eu consegui fazer tentando evitar que aquela coisa horrível acontecesse, mas não deu. Seu rosto era sério, seu maxilar estava firme e seu olhar era um verdadeiro enigma.
     Lentamente e com dificuldade eu firmei os meus braços no chão e apoiei o meu corpo neles, que tremiam como se fossem despencar. Com muito esforço eu tentei me erguer, sentindo uma dor aguda nas minhas costas que me fez soltar um gemido baixo, quase inaudível. Eu mexi as minhas pernas, sentindo uma ardência em minha parte íntima e vendo como estava manchada de sangue em volta da região.
     Foi difícil mas eu consegui me sentar, de mau jeito e toda desajeitada. Mantive a minha cabeça para baixo, vendo os fios do meu cabelo todo bagunçado caírem sobre o meu rosto. Mesmo sentada continuei encolhida, como um animal indefeso.
     Fiz um esforço e levantei um pouco o meu rosto, olhando para ele com o canto dos olhos. Ele estava sentado, dava para ver que estava ofegante. Ele bebia água, segurando firme aquele copo de vidro. Eu percebi tudo, até mesmo as poucas gotas que escapavam pelos cantos da sua boca. O que me fez sentir o quanto a minha boca estava seca. Eu continuava zonza, a minha barriga também doía e eu estava muito enjoada.
     Ele se levantou, abrupto, jogando o copo que ainda continha um pouco do líquido pelos cantos do porão. Eu me assustei com o barulho do estilhaço causado pelo impacto do copo contra o chão, vendo os cacos se espalhando quase como em câmera lenta por todo aquele canto escuro do porão. O susto me fez tremer, por um instante quase perdendo o equilíbrio que fazia parte do esforço tão grande que eu estava fazendo para ficar parada ali.
     - É, eu tenho que confessar. - ele disse quando se levantou, eu o olhava com fraqueza. - Você é muito boa.
     O que ele estava querendo dizer dessa vez?
     Ele veio até mim e se abaixou, olhando em meus olhos enquanto continuava:
     - Mesmo depois de tudo você resistiu, aguentou firme até o final. Você foi muito bem, pode acreditar. Seus pais vão se orgulhar muito quando eu contar a eles o quanto você foi forte, e que você morreu lutando até o fim.
     Minhas lágrimas começaram a descer.
     - Shiiiu, calma. Você pode ter certeza de que a sua morte não será em vão. Você vai servir como um grande exemplo de força para as minhas próximas vítimas. - ele sorriu, cínico. - Vou contar a elas o quanto você estava agarrada a vida e o quanto você lutou para não morrer.
     - Monstro... - eu disse com ódio.
     Ele sorriu e se levantou.
     - Você é só o começo, eu não vou parar. - ele disse.
     - Você não vai chegar a lugar algum, não vai terminar essa sua maldita vingança. Você jamais vai encostar um dedo na minha família, pode ter certeza. - eu disse aquilo com total convicção.
     - Hahaha - ele gargalhou. - E quem vai me impedir? Você? Pelo o que eu sei uma pessoa morta não pode fazer nada. - então ele saca o revólver e aponta para a minha cabeça.
     Nessa hora o meu medo desapareceu, eu não tinha mais nada a perder, então eu o enfrentei.
     - ANDA, ATIRA! ACABA COM TUDO ISSO DE UMA VEZ, ME MATA! - eu gritei.
     Ele manteve o revólver apontado.
     - Você vai continuar sendo um monstro. - eu disse.
     - Essas são as suas últimas palavras? - ele perguntou, ainda com o sorriso estampado no rosto.
     - VÁ-PARA-O-INFERNO!
     Ele engatilhou a arma e eu fechei firme os meus olhos.
     É agora.
     De repente ouvi um barulho vindo do andar de cima, abri os olhos, alguém estava batendo desesperadamente na porta.
     - Elena? - alguém me chamou lá de cima.
     Isso não pode ser.
     Eldon olhou para mim com uma expressão de apreensão e curiosidade. Ouvi o barulho quando a porta da sala foi aberta e os passos começaram a ser altos pelo corredor.
     - Elena, cadê você? - a voz perguntava.
     De quem é essa voz?
     Eu tentava reconhecer.
     - Elena?
     Até que finalmente reconheci de quem era.
     Dean.
     - Dean? - eu disse baixo para mim mesma, não acreditando.
     - DEAN, AQUI! EU TÔ AQUI EMBAIXO, NO PORÃO! - comecei a gritar euforicamente, me esforçando muito para ele escutar.
     - Elena! - ele respondeu de volta.
     Ouvi seus passos correndo.
     Eldon olhou para mim e sorriu.
     - Mais um para a festa.
     - DEAN, CUIDADO! ELE ESTÁ AQUI! - gritei.
     Eldon se afastou de mim subindo as escadas do porão, com a arma na mão.
     - Ah, meu Deus, não! - comecei a chorar. - DEAN, CUIDADO! ELE TEM UMA ARMA! - gritei.
     Eu tentava mas não conseguia me levantar, até que ouvi um disparo.
     - NÃO!

                                                    Continua...

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Notas da autora:

     Oi, meus amores. Tudo bem com vocês? Espero que sim. Finalmente um novo capítulo, não é mesmo?
     Quero pedir mil desculpas pela demora para publicar este capítulo. Aconteceram alguns probleminhas que me fizeram ficar um tempo sem escrever. Mas agora esses problemas já foram resolvidos e eu estou voltando a escrever mais capítulos.
     Peço desculpas novamente e espero que vocês não desistam da história. Pois isso é muito importante para mim.
     O que acharam desse capítulo? Deixem nos comentários a opinião de vocês e quais são as suas expectativas  para os próximos capítulos. Isso me ajuda muito e é de total importância, além de me incentivar e me dar mais inspiração. E não se esqueçam de votar, hein. Muito obrigada, beijinhos da Amanda.

Até o próximo capítulo!

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