Capítulo 20: O Confronto [narrado por Dean]

551 45 8
                                    

     Minutos se passaram, horas talvez, eu já não sei. A única coisa que eu sei é que eu não aguento mais ficar preso nessa droga de elevador. A bateria do meu celular não durou por muito tempo, eu estava no completo escuro. A única coisa que me restava era esperar a luz voltar. Espero que isso seja logo.
     Eu estava sentado no chão, com uma baita dor de cabeça. Por mais que eu tentasse eu só conseguia pensar em coisas ruins. Eu estava preocupado, achando que Elena pudesse estar em perigo. Antes da minha bateria acabar eu tentei ligar várias vezes para ela, mas ela não atendia. Também tentei ligar para o Sam e para várias outras pessoas que poderiam me ajudar a sair daqui, mas só dava caixa postal.
     Não tenho noção de que horas são, mas provavelmente já é de madrugada. Eu já estava me sentindo agoniado em ficar preso nesse espaço tão pequeno e apertado. Parecia que cada vez mais o ar ia desaparecendo. Eu estava aflito e agitado, meu coração estava a mil. Eu queria sair daqui mas não conseguia e isso só me deixava mais frustrado.
     - Será que Elena está bem? - eu me perguntava.
     Tenho medo que alguma coisa aconteça com ela. Eu prometi que iria o mais rápido, será que ela deve estar achando que eu desisti? Se ao menos eu conseguisse me comunicar com ela. Mas pelo jeito vou passar a noite inteira aqui.
     - Ah, Deus! - murmurei.
     De repente o elevador dá uma leve balançada que me faz cair um pouco para o lado e, quando eu menos esperava a luz reacende.
     - Não acredito. - eu disse, sorrindo.
     A luz fez meus olhos arderem, então pisquei, tentando fazer eles se acostumarem com a claridade tão repentina. Quando eles voltaram ao normal eu me levantei, pegando as minhas coisas.
     - Finalmente. Ah, obrigado! - eu disse.
     Apertei o botão para continuar descendo e em menos de dois minutos eu já estava no primeiro andar. Então a porta do elevador se abriu e eu saí correndo. Passei rapidamente pela recepção, indo até a porta dos fundos. Desci alguns poucos degraus, chegando ao estacionamento, que estava vazio.
Peguei a chave no meu bolso e entrei no carro, dirigindo até a saída. Assim que passei pelo portão encontrei uma viatura da polícia parada bem na frente do prédio. Olhei ao redor, encontrando várias faixas que diziam: "proibido ultrapassar". Era a cena de um crime.
     Um agente vestindo um uniforme azul e preto veio até mim. Ele era alto e moreno, provavelmente 54 anos. Sua expressão era séria, seus ombros cansados e seu olhar meio caído demonstravam o tempo na profissão. Eu abaixei o vidro assim que ele se aproximou.
     - Tudo bem, oficial? - perguntei.
     - Agente John Karter, FBI. - ele se apresentou, mostrando o distintivo. - O que ainda faz aqui a essa hora? - perguntou.
     - A luz acabou no prédio inteiro e, eu acabei ficando preso no elevador esse tempo todo. - respondi.
     - Hum. - ele disse.
     Seu olhar era desconfiado, mas me mantive firme.
     - O que aconteceu aqui, agente? - perguntei.
     Ele olhou para a cena do crime e em seguida voltou a sua atenção para mim.
     - A polícia encontrou um rapaz morto na frente do prédio algumas horas atrás. Seu nome era Ryan, 28 anos, sua garganta estava cortada. - eu ouvia com atenção. - O delegado acionou o meu departamento, que me enviou para cuidar desse caso, já que também é do meu interesse. Então vim checar a cena do crime e fazer mais algumas anotações. O senhor viu alguma coisa? - perguntou.
     - Não. Como eu disse, oficial, eu fiquei lá dentro o tempo todo. - respondi.
     - Claro.
     - Qual é a sua suspeita? - perguntei
     - Minha suspeita? Provavelmente a primeira vítima do Styne. Eu estive na cola desse cara a minha vida toda, até conseguir prendê-lo. Mas agora ele fugiu novamente o que me fez reabrir o caso. Ele é perigoso, eu espalhei a minha equipe por toda a cidade a procura desse assassino. Mas com certeza ele deve ter fugido para bem longe daqui.
     Eu apenas fiz um movimento com o olhar para ele. Espero que ele esteja bem longe mesmo, pensei.
     - Bom, mas isso é assunto Federal. - ele disse. - Pegue o meu cartão e se ouvir alguma coisa não hesite em ligar, entendido? - ele disse, estendendo o braço e me entregando o cartão. - E vá para casa, rapaz, não é seguro ficar nas ruas esse horário.
     - Sim, senhor. - concordei, afinal, o meu objetivo não era estar aqui.
     - Boa noite. - ele disse.
     Acenei para ele, arrancando com o carro. Pisei fundo no acelerador, ultrapassando o limite de velocidade permitido na rodovia. Já não chovia mais, a tempestade tinha dado uma trégua então não precisei ligar o limpador de para-brisas.
     Alguns minutos depois cheguei no bairro de Elena. As ruas estavam vazias e os vizinhos já deviam estar dormindo, pois as luzes das casas estavam apagadas. Passei por mais algumas quadras, finalmente estacionando em frente a casa dela.
     Desci do carro e olhei para a casa que estava com as luzes apagadas. Franzi o cenho, talvez Elena tenha cansado de me esperar e... dormiu? Pensei. Subi correndo pelos degraus da varanda, parando em frente a porta. Bati uma vez e nada.
     Vamos, Elena.
     Comecei a bater desesperadamente na porta.
     - Elena? - chamei, mas nem sinal dela.
     Toquei a maçaneta, me certificando que a porta estava trancada.
     - Droga.
     Pensa, Dean, pensa.
     Então uma lembrança me veio a mente: Elena sempre costumava deixar uma chave em um dos vasinhos de flores, para que eu pudesse entrar na casa dela quando eu quisesse. Já que eu era praticamente da família.
     É isso, pensei.

     Então comecei a procurar nos vasos que estavam ali, até que encontrei.
     Rapidamente destranquei a porta, adentrando a casa. Acendi a luz e comecei a acelerar os passos pelo corredor.
 

   - Elena, cadê você? - gritava.
     Ela não respondia, não estava em canto nenhum. Meu coração estava acelerado e minha respiração começou a ficar ofegante.
     - Elena? - gritei mais uma vez.
     Até que finalmente ouvi a sua voz:
     - DEAN, AQUI! EU TÔ AQUI EMBAIXO, NO PORÃO! - ela gritou.
     - Elena! - respondi, desesperado.
     Saí correndo.
     - DEAN, CUIDADO! ELE ESTÁ AQUI! - ela gritou.
     Quando ouvi isso, por um instante vacilei. Era como se todo o passado estivesse voltando a acontecer, mas de uma maneira jamais esperada. Isso era a confirmação de todos os pensamentos ruins que eu estava tendo, do meu medo, a confirmação de como eu fui inútil e não consegui chegar a tempo.
Ele está aqui, Eldon Styne está aqui.
Me virei rapidamente para correr até o porão quando de repente me deparo com ele.
     - Olá, Dean. - ele disse, tinha um sorriso no canto.
     - Você! - meu olhar era raivoso.
     - Lembra de mim? - perguntou, estupidamente.
     - Sim, como esquecer um monstro como você? - perguntei o provocando.
     Então ouço mais um grito desesperado de Elena:
     - DEAN, CUIDADO! ELE TEM UMA ARMA!
     - Depois de tanto tempo, é assim que você me trata? - perguntou, partindo para cima de mim e me dando um soco no rosto.
     O soco me fez tropeçar um pouco para trás, sentindo a dor no meu maxilar. Passei a mão limpando um pouco de sangue no canto da minha boca.
     - Você estava preso, devia ter continuado preso! - me ergui e revidei o soco com toda a minha raiva, acertando em cheio o seu rosto.
     Ele passou a mão no rosto e mesmo com a dor ainda deu uma leve risada.
     - Mas antes eu tinha uma surpresinha pra você... - ele disse, posicionando os braços. - Elena, quer saber o que eu fiz com ela? - perguntou, sorrindo.
     - Miserável!
     Então parti para cima dele, dando mais um soco que o acertou.
     - Eu mato você! - disse rangendo os dentes.
     - Ótimo, vamos ver quem morre primeiro. - ele respondeu.
     Ele avançou para cima de mim, dando um golpe com o braço esquerdo. Eu me esquivei e ele não conseguiu me acertar. Começamos a lutar, o espaço apertado do corredor dificultava em parte os meus movimentos, que eram ágeis e rápidos. Eu desviei do seu ataque, contra atacando logo em seguida.
     - Esse é o seu melhor? - ele perguntou, debochando. - Vai ter que fazer melhor que isso.
     - Se for para acabar com você eu faço.
     Então com um movimento rápido eu passei meu braço ao redor do seu pescoço, dando um mata leão. Em seguida eu girei seu braço para trás, o encostando na parede.
     - Acho que agora acabou pra você, desiste! - eu disse no seu ouvido.
     Eu o segurava firme contra a parede, empurrando seu rosto com força e mantendo seu braço torcido atrás das suas costas.
     - Hahaha - ele deu uma risada.
     O seu cinismo me enfurecia, torci mais o seu braço. Ele se calou e com um movimento ágil conseguiu dar um giro, se soltando do meu aperto. Se virou para mim acertando uma cotovelada no meu rosto, fiquei desnorteado e automaticamente tropecei para trás.
     - Eu acho que não, Dean!
     Eldon aproveitou o meu momento de fraqueza e me deu um chute na barriga, trazendo uma dor horrível e me fazendo dar mais alguns passos para trás. Parei em frente a porta do porão que estava aberta e me virei, vendo os degraus de madeira atrás de mim.
     - Ah, seu tolo!
     Minha atenção voltou para ele, que agora estava com a arma apontada para mim.
     - Não há o que fazer Dean, acho que você perdeu. - sorriu.
     Ele disparou.
     Senti uma dor forte na barriga, então olhei para ela, vendo um furo na minha camisa e as manchas de sangue aparecerem.
     - Acabou.
     Eldon me empurrou e eu caí escada abaixo, minha visão ficou turva e eu apaguei.

Continua...

Sozinha Com Um Psicopata Where stories live. Discover now