Capítulo 21

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A primeira semana foi... Excruciante. Como um viciado entrando em uma crise violenta de abstinência. Ela não o procurou em nenhum daqueles dias. Não foi até ele, não o telefonou, não o mandou uma única mensagem. Respondeu no grupo do WhatsApp quando os outros brincaram com ela, mas não chamou ele no privado. O único que sabia dela é que estava muito bem; era o que dava pra saber por Alícia.


No quinto dia ele mandou uma mensagem pra ela. Hesitou ao ver a seta ficar azul, porque ela a havia lido... Mas não houve resposta. Ela só viu e o ignorou.


O trabalho era insuportável, porque cada canto do hospital lembrava um lugar onde ela deveria estar, mas não estava. A carga horária parecia levar o triplo de tempo pra passar, e quando estava folgando era ainda pior, porque ele tinha tempo livre pra pensar no que ela estaria fazendo agora.


Na verdade, Anahí não estava gostando muito, mas era o que tinha pra fazer. Acordava de manhã sem despertador, ainda assim cedo (era o que seu corpo mandava), e se espreguiçava, divertida da ideia. Acordava só, porque Arthur não estava de férias e saia cedo, tendo cuidado de não acordava.


Logo em seguida ficava possessa da vida com seu nível de inutilidade, largada no meio daquela cama feito um dois de paus. Não tinha o que fazer, não podia trabalhar, Alícia estava no colégio. Aquele hospital devia estar um pandemônio, ela tinha que fazer algo, mas não, lá estava, jogando tempo pra cima. Todos os dias precisava se acalmar antes de se levantar, ou passaria o dia de mal humor.


Ela tentava ligar, mas era claro que Madison dera ordens expressas pra que nada passasse pra ela; todo ano era assim. Depois de alguns dias, se resignou. Decidiu aproveitar o que havia. Se programou pra acordar cedo o suficiente pra tomar café com a irmã e vê-la se arrumando pro colégio; só pra descobrir que Alícia não gostava de comer de manhã. Só um copo de suco e comia no primeiro intervalo, quando seu estomago havia despertado.


Anahí: Ok, eu levo você, então. – Decidiu. Alícia, que se aprontava, a olhou por cima do ombro.


Alícia: Tá louca? – Perguntou, e Anahí piscou.


Anahí: Por que?! – Perguntou, exasperada.


Alícia: Eu estou no ensino médio, se eu começar a chegar com acompanhante vou virar piada! Eles já acham que eu sou meio louca mesmo. – Apontou, vestindo o jeans. Deixara a irmã penteá-la e ajuda-la a se maquear, mas ai já era demais – Você precisa aprender a tirar férias. – Determinou.


Anahí: O que eu devia fazer aqui? – Perguntou, derrotada.


Alícia: Dormir?! – Anahí tombou na cama, o rosto nas mãos – Não sei, ver um filme, ler um livro? Desacelera! – Exclamou.


Ela bem tentou, mas quanto mais tentava "desacelerar", mais irritada ficava. Os outros faziam piada dela no grupo do Whatsapp. Imbecis. Era como se, por causa de um mês, ela não fosse voltar a ser chefe deles logo pronto. Ela sorria, um sorriso cruel, ao pensar nisso. Alfonso tinha mandado uma mensagem, sutilmente sondando território, perguntando "como estavam as coisas". Ela ainda não o contatara. Era o modo dela de fazê-lo pagar pelo acesso na recepção na casa dos Archibald. Nossa, devia estar delicioso de tanta tensão agora. Mas tudo no seu tempo.

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