Capítulo 74

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Alfonso não dormiu aquela noite, o que fez ela parecer infinitamente grande. A ventania piorou durante a madrugada, fazendo ele se alardar, mas ao checar, Anahí, que tinha saído de um plantão de 48h, ressonava pesadamente, o coque tendo soltado, o cabelo em um vendaval ao redor do rosto. Ele se aproximou e riu de leve vendo-a com os lábios entreabertos; só dormia assim quando estava nocauteada. Apanhou a coberta aos pés da cama e a cobriu, mas ela só suspirou no sono.


Se alardou em seguida com um barulho vindo da sala. Olhou ela uma ultima vez, saindo. Ia amanhecer logo, ele achava (o celular descarregara e não haviam aparelhos eletrônicos na casa). Havia barulho na porta. Ele se postou na entrada do corredor, esperando.


Após um tempo um pouco mais longo que o normal, a porta abriu revelando uma Alícia parecendo um pouco irritada, os cabelos revoltos pelo vento. Escapuliu pra dentro de casa e fechou a porta, bloqueando o vento.


Alícia: Fechadura imbecil. – Murmurou consigo mesma. Ao se virar, Alfonso a observava, de braços cruzados.


Alfonso: Veio cedo. – Comentou, sarcástico.


Alícia: Eu sei. Mas fiquei preocupada com esse vento. Não sabia se vocês tinham como pedir ajuda, e se tivessem, iam ser presos por invasão. – Apontou, óbvia – Está tudo bem aqui?


Alfonso: Bem. – Ela assentiu, olhando em volta – Está dormindo.


Alícia: Dormindo? – Perguntou, parecendo em alerta – Vocês deviam ter conversado. Ela foi dormir?!


Alfonso: Conversamos, então ela foi dormir. – Ele coçou a sobrancelha – Allie, sei que faz algum tempo, mas você ainda se lembra do que eu conversei com você sobre interferir desse jeito na vida das pessoas? Que podia ser perigoso e etc? – Ela o olhou, incrédula.


Alícia: Você não está tentando me passar um sermão, está? – Perguntou, entrando na defensiva.


Alfonso: Se ainda for tempo, sim. – Apontou, óbvio.


Alícia: Vocês precisavam conversar, mas são tão adultos que não tinham maturidade pra isso. Precisava de um pouco de infantilidade, suponho. – Cogitou – Não me arrependo. – Informou, tranquila.


Alfonso: Claro que não, você ainda é a mesma garota que eu deixei aqui. – Ele hesitou, vendo-a recolher o cabelo do rosto, prendendo-o no alto de qualquer jeito.


Alícia: O que é? – Perguntou, vendo ele olhá-la. Terminava de prender o coque – Era pra eu me ofender? Não rolou.


Alfonso: Não, eu só... – Ele apontou e ela olhou as mãos – Eu não achei que você ainda tivesse.


O primeiro impulso foi olhar as mãos, mas só estavam um pouco pálidas pelas tentativas de conseguir abrir a fechadura quebrada, as unhas precisando trocar de esmalte... Mas a resposta estava logo ali, na forma de uma pulseira prateada, com um "A" delicado. Ela sorriu de canto, se sentando no braço do sofá.

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