Capítulo 23

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O sistema educacional canadense por si só é o que se pode resumir como excelente. A rede publica de ensino possui colégios bem estruturados, bem equipados, com professores aptos e instruídos para prestar a melhor educação aos alunos, sendo ela não parcial, visando assim a melhor preparação destes para o futuro, sem se importar com nenhum viés ideológico.


Mas é claro que se tratando de Alícia Portilla, não estamos falando de um colégio público. Como tudo relacionado a aquela garota, assim que ela estava prestes a finalizar o ensino fundamental, Anahí fez uma busca complexa entre os colégios disponíveis, algo que levou semanas, até encontrar o colégio onde Alícia fazia o ensino médio. Particular e exorbitantemente caro, o lugar era ponto de referência entre os nomes de ensino do país, e o que qualificava ainda mais: Era bom o suficiente para passar nos padrões de exigência de Anahí.


A garota tinha um fluxo de estudos pesado (o que a irmã aprovava; sabia por experiência que a faculdade e o mercado de trabalho não eram leves, logo não concordava que a garota já começasse de forma leve pra receber o baque de vez depois). A escola tinha período integral, onde ela pegava as 7h da manhã e saía as 17h, possuindo intervalos durante o dia para descanso e 1h para almoço. Durante esse período variava entre as aulas normais, laboratórios, aulas práticas.


Foi no intervalo de 1h, que era o tempo que eles tinham pra almoço, que ela finalmente viu Dexter. Ele era do mesmo ano que ele, então haviam se visto em uma classe ou outra, mas não houve realmente uma oportunidade, mas no intervalo, depois do almoço, ela realmente o viu. Se bateram no refeitório, ele saindo e ela entrando. Ao contrário de como sempre, o clima foi desagradável; criou a sensação de engolir gelo nela, que hesitou, olhando-o.


Dexter era um garoto normal pra idade dele: Cabelos castanhos, olhos escuros, sem muito o que dizer. Só que, nesse momento, não tinha o olhar carinhoso ou o sorriso doce que sempre tinha pra ela. Os destroços da briga ainda estavam lá... E as testemunhas também. Três amigos dele, que estavam na pizzaria e viram acontecer, estavam logo atrás dele.


E no final de contas, a verdade de tudo era que Alícia era uma adolescente com a mentalidade de uma criança, resultado da bolha de proteção que a irmã colocara em volta dela. Ela não tinha as reações, pensamentos ou até mesmo instintos próprios de sua idade, frutos do excesso de cuidado. Anahí cuidava pra que a pior parte do mundo não chegasse nela, e a certo ponto isso não era saudável. Dexter gostava disso nela: Achava a inocência dela de certa forma meiga... Até que a inocência dela cruzou o limite do aceitável.


Alícia: Hey, Dex. – Disse, torcendo os dedos, pra quebrar o gelo.


Dexter: Allie. – Respondeu, neutro.


Alícia: Eu... Eu queria falar com você, se der. – Pediu, ainda torcendo os dedos. Ele levou um instante e ela temeu uma negativa, mas por fim ele assentiu.


Os dois se afastaram um pouco, saindo do refeitório. Na área aberta, que era um grande pátio que dava acesso aos prédios com as salas de aula e laboratórios haviam arvores localizadas estrategicamente, dando uma aparência mais ampla e fresca, fora a sombra. Eles caminharam até uma das mais próximas, parando debaixo dela, e ele se sentou na bancada de mármore por reflexo; um habito, sendo que se ficasse de pé ela teria que ficar olhando pra cima. Ela tomou aquele gesto como um ato de encorajamento.

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