Encalço

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- O quê ainda faz acordada?
- Não estou conseguindo dormir com tudo que está acontecendo.
- Venha comigo.
Megan segue com Keith pela grande casa.
Um grande espaço, onde ao centro aloja-se um chafariz.
Megan diz:
- Que inovação!
- Este é um portal.
- Portal?
- Ele pode nos mostrar quando nossos inimigos estão se aproximando.
- Quer me dizer que isso funciona como uma espécie de bola de cristal?
- Talvez.
- Interessante.
Keith continua andando pelo salão.
Megan o segue, perguntando:
- O quê você faz aqui o dia inteiro?
- Eu controlo tudo que possa atingir quaisquer um de nós.
- Então você é a balança? Você é a igualdade que eu via, mas nunca conseguia saber o quê significava.
- Posso ser visto assim. Eu tenho a função de manter o equilíbrio entre os reinos, entre os seres, os seguidores, apoiados e as espécies que vivem nas obscuridades das imediações.
- E como faz?
- Não tem uma teoria?
- Sim, tenho. Mas ela é meio estapafúrdia para ser levada a sério.
- Por favor, divida ela comigo.
- Você fica sentado em uma espécie de trono com um cetro na mão, distribuindo suas regras aos seus seguidores.
- Três coisas: Não tenho um trono. Um cetro? Talvez. Mas seguidores, eu não tenho. Tenho fiéis seres de luz, mas seguidores, isso eu não tenho.
- Eu quase consegui.
- Não duvidei disso.
- Imagino que não.
Keith para diante de uma parede de gelo, não nada nela, mas assim que ele toca nela a mesma se transforma em um vidro espelhado, que é capaz de refletir um cidade inteira no horizonte.
Megan pergunta:
- Que cidade é aquela?
- Não é uma cidade.
- Como não?
- Olhe novamente.
Megan fixa o olhar e sorri ao ver algumas casas se transformarem em um castelo cercado por muros enormes e casas de prebleus ao redor.
- Nós chamamos de Reino do Norte. Na alcatéia é visto como Norte Olympio.
- Você pode controlar tudo daqui?
- Ele não pode ser controlado, não em tese. Mas pode ser modificado.
- Alucinante! Podemos ir até ?
- Existe um porém.
- E qual é?
- Ele não existe.
Megan olha para trás no intuito de descobrir o dono da resposta, Leônidas está se aproximando.
Keith diz:
- Seu acompanhante está certo.
Megan volta o olhar para o vidro, que agora exibe um vale montanhoso de arbustos.
Ela pergunta:
- O quê foi isso?
- É o que faço, eu oculto as coisas. Deliberadamente eu omito a verdadeira face da verdade.
- Caramba!
- O quê você viu quando chegaram?
- Bom, que eu me lembre eu vi um casarão.
- Se prestar bem atenção, verás que não é exatamente o quê viu.
- Isso é surreal!
- Realmente.
Leônidas à olha, perguntando:
- Megan, não quer ir para o quarto?
- Estou sem sono. Pode ir se quiser, Leônidas.
- Tem certeza?
- É, eu tenho.
- Tudo bem.
Leônidas desaparece pelos corredores.
- Protetor o seu acompanhante.
- Essa é a função dele, me manter segura e longe do perigo.
- Que tal tentarmos contra ele?
- Como assim?
- Poderíamos fazer uma brincadeira com ele, para passar o tempo depressa.
- Eu não quero. Estou bem.
- Garanto que não doerá nada.
- Prefiro deixar como está.
- Você se importa muito com ele, ou estou errado?
- Está. Eu não me importo com ele, na verdade, eu me importo comigo mesma e para isso eu preciso dele.
- Isso é interesse, então?
- Não necessariamente. Eu não preciso dele para ficar bem. Tenho meus dons recém-concebidos.
- Por quê quis que ele viesse?
- Eu não quis nada. Trevon o mandou.
- E o quê você sente pelo Trevon?
- Eu não sinto nada.
- Não parece ter tanta certeza do que está dizendo.
- Por quê eu não teria?
- Me diz você.
- Não tem nada para dizer.
- Com certeza deve ter. Você foi tirada de sua casa, colocada em risco, você deve sentir algo por ele, nem que seja raiva, rancor, hum?
- É, eu sinto uma coisa. Pena.
- Pena? Por quê?
- Porque assim que tudo acabar, eu vou embora. Vou me mandar deste país e ele nunca mais irá me encontrar.
- Sim, ele vai. Não tenha dúvida.
- Por quê?
- algo que não contaram a você.
- E o que é?
Megan segue Keith até o sofá e se sentam.
- Megan, me escute bem... Existe uma capacidade de faro na genética sanguínea de um predador como o lobo, que se é capaz de encontrar sua presa onde quer que ela esteja. Se ele sentiu o seu... odor, dentro de quilômetros, imagina o quê não fará para senti-lo novamente.
- Está me dizendo que nunca vou me lembrar do Trevon?
- Estou. Você não tem saída.
- Não pode ser verdade. Deve haver um modo de mudar isso.
- Não há.
- Eu não vou ser forçada a ficar com um homem que se transforma em um lobo fedorento, que se alimenta de pobres animais e...
- Você é capaz de sentir?
- O quê?
- O real cheiro?
- Não deveria?
- Em hipótese alguma. Se você sente o real cheiro, significa que está destinada a conviver com ele pelo resto de sua vida. Se quer mesmo se livrar do Trevon, deve se livrar do cheiro.
- Não estou entendendo.
- Olha, como humana você não deveria sentir o real cheiro do seu líder, como escolhida você não deveria nem saber da existência dele.
- Significa?
- Você consegue sentir o cheiro de mais algum?
- Quando o Leônidas está se aproximando, eu sinto.
- É o ciclo. Ele se formou.
- Loba me falou sobre esse ciclo.
- Disse que deveria matar o seguidor, não é?
- Sim.
- Creio que não queira matar Leônidas, estou certo?
- Está.
- Então agora você se importa com ele?
- Eu estou confusa.
- Ou se decide, ou se livra do cheiro.
- E como eu faço?
- O modo mais fácil é fazê-la ficar com um ser de luz.
- O quê!? Não farei isso!
- Espere, ainda não acabei. Deve ser um Nefilin e que tenha contato direto com os pensamentos de um alfa-líder.
- Deve haver outro jeito.
- Esperar o desfecho da batalha e escolher um lado.
- Você não está mentindo, está?
- Acha que estou?
- Para de responder com outra pergunta, me deixa ainda mais confusa.
- Não direi mais nada. Você está confusa o suficiente.
- Tudo bem. Eu vou para o quarto, tudo isso me deu sono.



















A ESCOLHA DO LÍDERWhere stories live. Discover now