Mentes à deriva

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Megan guia Trevon pela casa, ela está em choque por sua presença, ele nem ao menos ligou para dizer que apareceria.
Megan diz:
- Mãe, este é o Trevon. Trevon, está é Nathália, minha mãe.
- É um prazer, senhora.
- O prazer é todo meu. E não precisa ser tão formal. Nathália já basta.
- Como queira.
Nathália sorri ao vê-lo ladeando Megan.
Nathália diz:
- Megan falou muito de você.
- Desculpe por isso. Não deve ser tão agradável.
- Pelo contrário, é muito prazeroso ver minha menina feliz. Me desculpe por não dar a você uma recepção digna, mas eu não ando muito bem de saúde.
- Eu entendo, senho... Nathália.
Eles se sentam e começam a conversar.
Megan percebe que Trevon conquistou sua mãe.
Algumas horas mais tarde, Marcelo adentra em casa carregado de compras.
- Poderia me dar uma mãozinha, Megan?
- Claro, pai.
Ela corre para ajudá-lo, deixando Trevon e Nathália conversando amigavelmente.
Marcelo pergunta:
- Como sua mãe está?
- Muito bem. Ela está com o Trevon.
- Trevon? E quem seria?
- Meu...
- Namorado, senhor.
Marcelo larga as sacolas na bancada e encara Trevon, dizendo:
- Como disse? Desculpe, mas não nos fomos apresentados.
- Pai, este é o...
- Não seja ansiosa, Megan. Pode repetir o que disse, rapaz?
- Megan e eu estamos juntos, senhor.
- Juntos? Junto do tipo juntos de juntados em uma casa só?
- Isso mesmo.
Confirma Trevon seguro de si.
Marcelo pergunta:
- E por quê eu estou sabendo agora?
- Porque estávamos ocupados mobiliando nossa casa.
- Nossa casa? Veja bem, meu rapaz... Megan acabou de completar maioridade, porém eu ainda tenho autoridade sobre ela. Você não pode ficar de pé diante de mim dizendo que são namorados, porque ela fica daqui me encarando sem dizer nada.
- Pai...
- Não, Megan. Não tem nada de pai. Ele disse que é seu namorado, mas eu nunca o vi na vida, nem ao menos fomos apresentados.
Trevon está com um meio sorriso, ele estende a mão e diz:
- Me chamo Trevon, senhor.
- Trevon de quê?
- Trevon Zacharias II, senhor.
Marcelo não convencido, segura sua mão, dizendo:
- Eu nunca ouvi falar em você, nem em alguém com esse sobrenome.
- Minha família é do Sul da Áustria. Eu me mudei para Melbourne no último verão.
- Melbourne? Austrália?
- Isso.
- Fez o quê por ?
- Fiz faculdade de engenharia, senhor.
- Engenharia?
- Sim.
- E terminou?
- Sim, senhor. Foram apenas oito meses de formação.
- E quantos anos você têm, rapaz?
- 22, senhor.
- 22?
- Exatamente.
- E você sabe que Megan está com 18?
- Sei sim. E é com todo respeito que vim até aqui, senhor.
- Veio até aqui para fazer o quê?
- Vim me apresentar formalmente.
- Deixe-me ver se entendi, você saiu de Melbourne e veio até a minha residência em Toronto, para se apresentar formalmente? Formalmente em quê? Formalmente para quê?
- Não seja tão rude com o rapaz, Marcelo.
Nathália chega à cozinha.
Marcelo à olha, dizendo:
- Estou apenas conversando.
- Vim aqui nas melhores intenções possíveis, senhor. E me atrevi também a trazer esta garrafa de vinho tinto, ela é de uma das melhores refinarias de Lisboa.
- Como sabia do meu apreço por vinhos portugueses?
- Eu não sabia. Foi uma dedução.
Marcelo pega a garrafa da mão de Trevon, dizendo:
- Sua dedução é de excelente qualidade.
- Obrigado, senhor.
- Eu vou guardá-la.
Marcelo desaparece seguindo por um pequeno corredor na cozinha e abre uma porta, adentrando em seguida.
Megan diz:
- Desculpe por isso.
- Está tudo bem, Megan.
Marcelo está de volta, dizendo:
- Tiago, não é?
- Trevon, senhor. Mas se preferir, chame como quiser.
- Me acompanha em um uísque?
- Claro.
- Espere um instante.
Marcelo caminha até a prateleira de bebidas e pega uma garrafa de uísque pela metade e dois copos, os levando à varanda.
Passadas horas, Marcelo e Trevon estão em um diálogo frenético e cheios de risos.
Megan e Nathália estão preparando o jantar.
Nathália os olha sorrindo e diz:
- Pelo visto alguém está conseguindo conquistar seu pai!
- Ainda bem, não é?
- É uma ótima ideia.
O jantar tem seus baixos e altos.
Megan está na varanda conversando com seu pai, enquanto Trevon acompanha Nathália em sua novela.
Marcelo diz:
- Ele é um bom rapaz.
- Sim, ele é. Sem sombra de dúvidas.
- Por quê vocês não me dão o prazer de infatizarem essa relação?
- Oi?! Está dizendo o quê, pai?
- Poderiam se casar. 
- Como é?! Está zuando comigo? Eu não tenho capacidade para isso.
- Sim, você tem. E é apenas um conselho.
Marcelo se levanta e dá passagen a Trevon, que passa por ele e se senta ao lado de Megan.
Megan pergunta:
- O quê você está achando?
- Acho interessante.
- Você poderia ter evitado esse constrangimento.
- Eu até gosto.
Megan sorri.
Trevon diz:
- Sua mãe é uma mulher muito inteligente.
- Sim, ela é. 
- Você teve a quem puxar, mas é claro que também há um pouquinho do senhor Homefild aí.
- Senhor Homefild? Isso é sério?
- Eu gosto dele. Percebi o quão apegado ele é a você, mas não passa de proteção de pai. Ele quer ver você bem e isso faz com que eu me sinta confortável, confortável por saber que quando eu vacilar ele estará sempre lá, pronto para me dar um soco na cara.
- Pode acreditar.
- Isso é uma loucura.
- O quê?
- Passar um tempo em meio vocês humanos.
- E qual é a sua concepção?
- Que entender vocês mulheres é o mesmo que fazer a barba e não aparar os pelos do peito.
- Nossa, isso foi desnecessário.
- É bem mais fácil vocês nos entenderem, do que nós entendermos vocês.
- Certas coisas são mínimas à visão de quem vê.
- Que enigma.
Diz Trevon discontraído.
Megan pega um biscoito sobre a mesa à sua frente e pergunta:
- Por quê não discutimos sobre alguns assuntos e esclarecemos algumas dúvidas?
- Pode ser. Quem começa?
- Você quem começou com suas concepções, nada mais justo.
Trevon se ajeita na cadeira e diz:
- Certo. Começando pelo ciúme. Por quê vocês sentem tanto ciúme desnecessariamente?
- Não sentimos ciúme desnecessariamente, não como vocês imaginam. Se sentimos ciúme é porque gostamos e cuidamos, se temos ciúme é porque sabemos o quão vale o esforço, sentimos quando é necessário, mas às vezes vocês também provocam.
- Eu não acho que seja bem assim. Isso se chama insegurança. Vocês são mulheres e deveriam saber quando são maravilhosas o suficiente para não serem trocadas por outra e deveriam também parar de passar vexame.
- Então acha que passamos vexame? Saiba de uma coisa, estamos cuidando do que é nosso.
- Sem comentários. Continuando... Por quê vocês são melhores em tudo, não que sejam de fato, mas vocês querem ser, querem sempre ser as donas da razão?
- Não que fazemos de propósito, porque de certo modo nós somos boas no que fazemos, tentamos ser perfeccionistas em quase tudo, queremos dar o melhor de nós porque também somos seres humanos e somos feitas de carne e osso. De um modo geral, nós precisamos meio que conseguir ampliar isso e mostrar para vocês egoístas que tentamos fazer do melhor jeito para agradar vocês, mas não temos culpa se conseguimos.
- Posso dizer um coisa?
Megan encara Trevon, que acrescenta:
- É uma visão. Não estou generalizando nem nada, mas algumas de vocês são tão... Nem sempre vocês conseguem serem espertas como dizem, parecem que são feitas só de pele e osso e que não possuem nada além disso, sem dizer que não usam o cérebro para raciocinar sobre algumas coisas. Algumas de vocês são tão bobinhas, estou falando sério, precisam parar de serem fracas psicologicamente, é sério, vocês nem sequer usam da razão, vivem agindo por impulso e acabam fazendo tudo da forma errada.
- E você entende muito disso, não é?
- Eu apenas observo, Megan. Vocês acham que nós homens não observamos suas atitudes? Estão enganadas. Podem até achar que muitos de nós não ligam para nada, que só prestamos mesmo para fumar uns baseados, cair na noite, dar uns escapes e pronto, nem todos os homens são tão canalhas assim, mas em algumas situações eu não tiro suas razões. É claro que mesmo fumando baseados, caindo na noite e dando nossos escapes, conseguimos observar. Nem todos são vagabundos, nem todos vão para os inferninhos, nem todos traem, alguns ainda valem muito, alguns ainda sabem como agradar uma dama, sabem dar o respeito, sabem serem românticos, sabem levar ao cinema e sabem valorizar.
- Não passam de alguns. E mesmo assim, esses alguns são minorias.
- É isso. Tem coisa que é questão de separação de fases.
- Quer dizer o quê?
- Estou querendo dizer que se os homens soubessem separar o bom do prazeroso, obteriam mais sucesso. E se as mulheres soubessem dar tempo ao tempo e parassem de levar tudo para o lado pessoal, o mundo oposto de duas pessoas teria bem mais progresso.
- Pois eu discordo.
- Sempre tem alguém do contra.
- Não estou dizendo que você está errado em pensar desta forma, mas estou apenas procurando uma falha, isso mesmo uma falha, qualquer uma por menor que seja, nas atitudes femininas e masculinas, alguma coisa deve ser ligada aos fatos.
- Quer dizer o quê?
- Que agitação dentro de uma calmaria reside em desequilíbrio mental, então eu até pensei na hipótese de que se os homens possuem falhas e que algumas mulheres sabem como encobrir as mesmas, não estou dizendo que nós mulheres não possuímos falhas, até mesmo porque todos falham um dia... Moral da história: Até os melhores frutos da melhor árvore apodrecem, quando não colhidos no tempo exato.
- Deixe-me ver se entendi, está querendo dizer que as mulheres, possuem um tipo de capacidade para acalmar os homens, é isso?
- E vice-versa.





 







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