Capitulo 25 - Esperanças

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Estávamos voltando da base onde Jack reencontrou sua família, Jack e sua esposa estavam sentados em bancos dormindo e Melissa e Kristin que haviam virado duas amigas inseparáveis em questão de minutos, coisa que eu usaria mais tarde para infernizar Melissa fingindo estar com ciúmes, estavam dormindo juntas em outro banco.


- Isso é legal de se ver, não é? – Clarisse estava sentada do meu lado, observando aquela cena comigo – Depois de tudo que passamos, estão todos felizes.


- E isso é incrível. – respondi enquanto me certificava que aquela imagem estaria em minha mente para sempre.


- Agora nós podemos conversar. – Clarisse me olhou e seu olhar era de preocupação misturada com tristeza.


- Conversar sobre o que?


- Roger… eu… vi seu olhar quando descobriu sobre seus pais.


Aquilo foi um soco no meu estomago sem chance de defesa. Aquele assunto estava sim em minha cabeça.


- Roger… - ela segurou minha mão – você sabe que não foi sua culpa, não sabe?


- Clarisse… - meu choro tomou força logo de primeira – eu matei meus pais… eu… eu assassinei a sangue frio aqueles que me deram a vida sem nem menos um pesar na consciência.


- Roger, eles te obrigaram.


- Clarisse, eu nem ao menos sei quem eles são… - olhei nos olhos de Clarisse – No meio de tanta gente que eu matei, tantas vidas que eu ceifei, eles… meus pais… foram só mais duas vidas.


- Roger… - Clarisse não sabia oque falar.


- Eu matei meus pais, eles estão mortos por minha causa… - respirei com dificuldade por causa do choro, meu peito estava apertado, meu olho ardendo e meus sentimentos estavam confusos… eu não gostava daquele sentimento – Desde que eu sai da base eu… pensei que iria encontrar meus pais. – eu ri, mas foi a risada mais sofrida da minha vida – Eu pensava em encontrá-los, dar um jeito de tirar o governo da minha cola e procurá-los… Melissa viria comigo, mudaríamos de cidade para morar em um lugar bem bonito, eu, meus pais e minha maninha… talvez morar num lugar remoto, numa floresta, nossa, isso seria incrível… calmaria, tranquilidade, paz, sem a loucura da cidade… sem crimes, sem pessoas se assustando comigo, sem governo me vigiando, só os sons da natureza, pássaros cantando, flores desabrochando… - meu choro tomou ainda mais força – Mas não, tudo foi pelo ralo… eu assassinei meus pais sem nem saber quem eles eram.


Clarisse não conseguia dizer nada, eu apenas ouvia que ela também estava chorando. Senti que ela estava me puxando pelo braço e fazendo com que eu deitasse em seu colo, deitei e fiz uma coisa que eu nunca havia feito. Deixei meu choro tomar conta.


Acordei e eu ainda estava deitado no colo de Clarisse, ela fazia carinho em minha cabeça e, pela primeira vez na minha vida, eu me sentia leve.


- Bem-vindo de volta. – Clarisse sorriu para mim – Está melhor?


- Estou sim, acho que deu para extravasar, obrigado por me aturar.


- Você é o amor da minha vida, fico feliz que você tenha se sentido confortável em desabafar comigo. Vou jogar na cara da Melissa. – ela riu e eu acompanhei.


- Não faça isso, senão ela te mata e eu vou junto nesse massacre. – sorri.


- Esse sorriso, como ele é bonito. – Clarisse se curvou e me beijou.


Eu estava bem.


Depois de alguns meses o mundo parecia estar voltando ao normal, ainda faltavam três meses para o final do ano e para nossa formatura, minha e de Clarisse.


Melissa veio morar comigo já que sua casa havia sido totalmente destruída pelos Soulless, Jack tinha ido morar com sua família em uma casa gigante que eu havia ajudado a construir com meu poder de criação e eu também havia concertado a casa de Clarisse, que resolveu morar sozinha por hora e guardar as coisas do pai.


Nós havíamos sido chamados para receber medalhas pelos nossos atos heróicos, o evento ocorria no centro da cidade e tinha gente de todo lugar lá, tudo isso também estava sendo transmitido mundialmente.
Haviam acabado de colocar as medalhas em nós.


- Agora o capitão da equipe virá aqui para responder algumas perguntas e escolher o nosso novo presidente. – o general Carter dizia em inúmeros microfones que estavam sobre uma bancada – Roger, por favor. – ele me deu espaço para falar nos microfones, todos estavam batendo palmas.


- Vai lá capitão! – Jack incentivou ao meu lado e as meninas sorriram para mim.


Fui até os microfones e coloquei minhas mãos sobre a bancada, os repórteres começaram a tirar fotos imediatamente e uma multidão de jornalistas ergueram as mãos para que eu os escolhesse para perguntar.


Apontei para um homem de terno preto e óculos que segurava um bloco de notas e uma caneta.


- Você julga a humanidade pelos atos de Richard? – ele disse ao se levantar.


Nós divulgamos apenas que Richard havia induzido Zack a odiar os humanos pelos atos dele, mas não dissemos como.


- A humanidade ainda é boa, pelo menos em minha visão. Espero não estar enganado.


O homem concordou com a cabeça e se sentou, apontei para uma mulher de terno claro e uma camisa branca.


- Você acha que poderá ocorrer outra catástrofe dessas? – ela se levantou para dizer.


- Acho que algo dessa magnitude não ocorrera novamente, mas, se acontecer, estaremos sempre prontos.


Os repórteres continuaram a levantar as mãos para fazer mais perguntas, mas eu disse que não responderia a mais nenhuma, eu já estava de saco cheio de ficar lá com aquele smoking chato e estava na hora de anunciar o novo presidente.


- Como eu disse a humanidade ainda é boa. Nós lutamos, matamos, traímos uns aos outros, mas podemos reconstruir, podemos fazer melhor e nós vamos, nós precisamos disso. O mundo pode não ser um lugar pacifico e bondoso, mas se trabalharmos juntos, podemos melhorá-lo. Claro, sempre terão pessoas com más intenções e elas tentarão de tudo para acabar com o mundo ou dominá-lo, mas, para essas pessoas, eu só tenho uma coisa a dizer: Tentem de tudo, façam tudo que estiver ao seu alcance, mas saibam que vocês vão fracassar, pois sempre estaremos aqui para protegê-lo. – eu olhei para trás e meus amigos estavam sorrindo, eu memorizei aquela imagem e tornei a olhar para a multidão a frente – Mas, para isso, precisaremos de alguém que possa manter a ordem no país, cuidar da economia e essas coisas chatas. – todos riram - Agora, por favor, recebam seu novo presidente, alguém que eu conheço como Coronel Collins.


Todos começaram a bater palmas e Collins subiu ao palco, ele apertou minha mão.


- Tem certeza disso? – ele me olhava com desconfiança.


- Acho que sim, mas caso algo de errado eu mesmo me encarregarei de matá-lo.


- Recado entendido. – ele disse rindo.


Ele foi até a bancada e fez seu discurso. Tínhamos um novo presidente e nesse eu confiava.


O mundo ainda podia ter concerto, eu tinha esperanças de que ele podia mudar. Então iremos trabalhar juntos para isso.

Absolute PowerWhere stories live. Discover now