Capítulo 5 - Melissa

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Eu vi meu maninho jogar Jack para fora da sala num soco. Seu olhar já não parecia mais o doce e despreocupado que eu conhecia, agora parecia um insano e mortal olhar de um predador que acabara de encontrar sua presa depois de não comer por dias.

Eu ainda não acreditava naquilo que Black havia falado, sobre meu maninho já ter matado alguém, mas sabia que, sendo a primeira vez ou não, ele mataria Jack. Uma parte de mim queria deixá-lo fazer isso, mas a outra me dizia para pará-lo.

Eu não podia fazer muita coisa, eu não ia machucar Roger, a única pessoa de quem eu gostava, e não queria deixar que ele matasse Jack. Não gosto do sujeito, mas Roger não deve matar ele.

Meus pensamentos foram interrompidos quando meu maninho deu um longo pulo para fora da sala e bateu de frente com a tela, dando um soco na barriga de Jack.

- MANINHO, NÃO! – tentei gritar, porem ele já não prestava mais atenção em nada, apenas em Jack.

Aquele desgraçado bem que deveria morrer, ele disse coisas que não devia para Roger e fez Clarisse chorar. Admito que antes eu não gostava dela, porem desde que saímos da escola ela tem mostrado que pode ser bem legal, mas então seu pai morreu e ela só tem mostrado que estava muito triste.

Não sei como é sentir essa dor. Perdi meus pais com apenas nove anos e venho morando sozinha desde então, já que eu não tinha outro familiares e eu nunca soube o porquê. Ninguém nunca se importou comigo e eu sempre me virei sozinha. Mas, algum tempo depois, eu conheci Roger e ele vem cuidando de mim, me ajudando desde então.

Mas agora ele estava diferente, estava furioso e mortal.

Comecei a descer as escadas correndo, eu tinha que tentar algo, não sabia oque, mas eu precisava tentar. Após chegar ao pé da escada me agachei atrás de uma mesa.

- Então, qual é o plano? – Clarisse me assustou, ela estava agachada ao meu lado. Parecia ter se recuperado rapidamente, acho que o choque de ver Roger naquele estado foi grande.

- Clarisse? O que você esta fazendo aqui? – eu estava perplexa, mas feliz por ver que ela queria me ajudar.

- Temos que pará-lo.

Jack passou voando por cima de nós e Roger começou a andar na direção de Jack.

- Já sei qual será nosso plano. – eu olhei fundo dos olhos de Clarisse.

- Certo, vamos lá. – ela se virou para onde Roger estava.

Fiquei admirada com o quanto Clarisse me entendeu só com o olhar. Era incrível o quanto ela tinha mudado em tão pouco tempo, até ontem eu queria esfaquea-la.



Clarisse e eu saímos de trás da mesa e jogamos garrafas vazias de águas em Roger para chamarmos a atenção dele. Ele não se importou e continuou olhando na direção de Jack, eu entrei na frente dele com os braços estendidos para os lados. Nosso plano era simples, eu tentaria apelar para a humanidade dele e, caso não funcionasse, Clarisse teria que tentar nocauteá-lo. Ela já estava em posição e eu estava frente a frente com Roger.

- Maninho, por favor, para. – supliquei e incrivelmente ele me obedeceu, porem a expressão fria em seu rosto e o olhar de ódio e insanidade não sumiram de seu rosto – Não tem porque fazer isso. Olha, eu sei que Jack não deveria ter falado aquilo sobre seus pai e o pai de Clarisse, mas nem por isso ele deve morrer. Sei que você não quer matá-lo e que esta apenas agindo por defesa própria. Pare por Clarisse, pare pelas pessoas que estão presentes aqui nessa base, - coloquei as mãos nas bochechas dele – pare por mim maninho.

Eu não sabia se apelar para o lado emocional dele iria adiantar no estado em que ele estava, mas eu precisava tentar, nunca tinha visto meu maninho bravo desse jeito e sabia que se desse errado eu poderia morrer, mas eu tinha que tentar, por ele.

Tirei minhas mãos do rosto dele e seu olhar voltou a ser o doce de sempre, mas estava repleto de tristeza.

- Desculpa maninha, eu não queria... É só que...

- Tudo bem, tudo bem. – eu o abracei.

Roger olhou para onde Jack estava. Clarisse saiu de trás de uma mesa distante que estava e largou o pedaço de cano que estava nas mãos.

- Você vai ter que cura-lo maninha.

- Mas eu não sei como. – eu o soltei e olhei nos olhos dele - Você sabe que nunca usei meu poder.

- Mas eu já. – ele colocou a mão em meu ombro – Vamos, eu vou te ajudar.

Andamos até onde Jack estava. Ele estava todo desfigurado, sua cara estava irreconhecível e isso me deixou com mais medo de tentar e fracassar.

- Maninho, não tem como você copiar meu poder e fazer você?

- Maninha, escuta, quando sairmos daqui seremos só eu, você, a Clarisse e esse merda ai. Você tem que dominar esses poderes porque eles serão muito úteis para você e para nós.

Ouvir aquilo me reconfortou de certa forma.

- Ok, eu vou tentar.

- Ótimo, agora coloque suas mão sobre um dos ferimentos. – ele guiou minhas mãos – Agora não pense em nada, se concentre e...

De repente uma luz começou a sair das minhas mãos e os ferimentos de Jack estavam se curando.

- Esta dando certo, eu estou conseguindo! – exclamei de alegria.

Roger sorriu.



Depois de um minuto todos os ferimentos de Jack estavam curados, seu rosto estava de volta ao normal e haviam ficado poucas cicatrizes. Mas eu estava exausta.

- Você conseguiu maninha. – Roger olhou em meus olhos – Agora tem algumas coisas que você tem que saber sobre seu poder. Lembra a alguns anos quando você havia quebrado o braço, mas ele se curou rapidamente? – eu apenas concordei com a cabeça – Eu que havia copiado seu poder e te curado, no mesmo dia eu me cortei e tentei me curar, mas não me curei, somente no dia seguinte foi que eu consegui.

- Isso quer dizer que só posso curar alguém uma vez por dia?

- Sim, porem esse poder cura até ferimentos de quem esta na beira da morte, só não cura quem esta morto.

- Ok, vou me lembrar disso.

Ele esfregou minha cabeça, bagunçando meu cabelo.

- Não bagunce meu cabelo. – eu disse enquanto arrumava, mas ficava feliz quando ele fazia isso e era bom saber que ele havia voltado ao normal.

- Treinamos você bem, não acha Roger? – o senhor Richard estava andando até onde nós estávamos.

- Se você não quiser ser o próximo aconselho que você tome cuidado com suas palavras.

O senhor Richard sorriu.

- É... Roger? – Clarisse estava atrás de Roger, que se virou para encará-la. – Obrigada pelo jeito que você me defendeu. – ela corou – Foi... Muito legal da sua parte.

- De nada. – Roger sorriu para ela.

Aquele sorriso significava que ele não tinha entendido oque estava acontecendo, ele era tão bobo.

- Vocês já acabaram? Quanto mais tempo vocês ficam aqui, mais tempo vocês perdem e o mundo vai ficando mais perto de sua destruição. – o senhor Black falou com seriedade.

- Temos que esperar ele acordar Collins. – Roger retrucou apontando para Jack.

Black bufou decepcionado.

- Tem um avião esperando por vocês na pista de decolagem, vão para o local da missão, no trajeto tentem acordá-lo.

Roger concordou com a cabeça.



Chegamos ao helicóptero, ninguém havia dito uma palavra desde que saímos da sala destruída. Black disse que a concertaria a sala e que não deveríamos nos preocupar, deveríamos nos focar cem por cento na missão. O avião do exercito era bem grande e havia um carro dentro dele na parte de trás. Estávamos na parte de frente.

Jack estava sendo carregado por dois guarda que o deixaram no chão do avião e foram embora.

- Estão todos prontos? – o piloto perguntou a Roger.

- Já podemos decolar. – ele não tirava os olhos de Jack.

O piloto concordou com a cabeça e foi para dentro da cabine dele.

- Algum problema maninho? – sentei no banco ao lado dele.

- É só que, eu não deveria ter feito isso.

- Mas você não teve culpa Roger, ele mereceu isso. – Clarisse sentou no banco do outro lado dele.

- Eu sei. É só que... Parece que eu realmente poderia ter matado ele se Melissa não tivesse me parado. Eu não conseguia me controlar.

- Isso se chama instinto assassino. Meu pai... – pronunciar aquilo doía muito em Clarisse, eu conseguia perceber – ele me disse que isso ocorre quando você mata muitas pessoas. Quando você fica extremamente nervoso ele é ativado e você não pensa em mais nada alem de matar quem o tenha irritado. Você esquece tudo, se desliga da realidade, e foca apenas em causar a maior dor possível no seu inimigo e depois matá-lo.

- Quando você mata muitas pessoas não é? – Roger se encolheu um pouco e deu um sorriso pequeno e sofrido.

- N-não, eu não quis dizer que...

- Maninho, escute, - eu o chamei - nós sabemos que você não teve culpa de matar aquelas pessoas. Não sabemos quantas pessoas você matou e isso não importa, pois você foi obrigado a isso. Eles queriam te transformar em uma arma.

Ele sorriu e esfregou meu cabelo enquanto olhava para mim.

Sentimos que o motor do avião havia sido ligado e, após alguns minutos, ele decolou.



Acordamos Jack na metade do caminho. Eu disse que havia curado ele, Jack simplesmente sentou nos bancos do outro lado do avião e não disse uma palavra.

Depois de meia hora o avião pousou e o piloto saiu de sua cabine.

- Tenho ordens de trazê-los somente até aqui.

- Onde estamos? – Roger se levantou e olhou por uma das janelas.

- Manhattan, o primeiro lugar atacado pelos Soulless. – o piloto jogou um  molho de chaves para Roger – O carro é para vocês conseguirem se locomover para qualquer lugar. Se precisarem ir para outro país apertem o botão do chaveiro que mandaremos um avião vir buscar vocês. Boa sorte. – o piloto voltou para a cabine.

Roger olhou para o chaveiro e cerrou seu punho em volta da chave.

- Certo, no carro há dois lugares na frente e três atrás. Eu vou dirigir, Melissa vai na frente comigo, Clarisse vai atrás do meu banco e você – Roger olhou para Jack com ódio – vai atrás do banco de Melissa e se você tentar alguma gracinha eu te mato.

Jack abaixou a cabeça.

- Certo, vamos lá maninho. – eu disse enquanto abria a porta do carro.

Todos entraram no carro e Roger deu a partida. Saímos do avião e ele dirigiu até a estrada.

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