Absolute Power

Capitulo 21 - O inimigo sempre foi outro (Parte I)

Melissa e Jack entraram no avião. Eu teria entrado, mas Clarisse me puxou pela mão.

- O que esta havendo?

- Temos trabalho a fazer. – me virei e voltei a me encaminhar para dentro do avião, mas Clarisse me puxou novamente.

- Roger, fala logo, o que esta havendo?

- Ok, olha, Richard foi quem fez tudo isso. É tudo culpa dele, ele fez Zack matar os pais dele. E foi quando Zack descobriu que havia matado os próprios pais que começou com tudo isso, essa idéia de destruir o mundo foi porque Richard manipulou tudo.

- O que?

- Exatamente, Zack nunca foi o real inimigo, Richard, o governo, os soldados e todos eles são os reais inimigos. – meu sangue estava fervendo.

Me sentei na escada do avião e respirei fundo, eu não poderia entrar e ficar cara a cara com Melissa e Jack estando naquele estado, eu poderia dizer coisas erradas, tudo poderia acontecer.

- Então, vamos atrás de Richard agora? – Clarisse se sentou do meu lado.

- Sim.

- E o que vamos fazer? – Clarisse me olhou.

- Acho que você já sabe oque eu vou fazer.

- Roger, promete que vai ficar bem? – ela me olhava com preocupação.

- Não posso prometer oque não sei se consigo cumprir.

- Roger…

- É que não dá sabe? – interrompi-a – Eu matei Zack e ele era inocente.

- Ele queria matar a todos Roger…

- Apenas porque ele julgou os humanos pelos atos de Richard.

- Você salvou o mundo.

- Só provei oque todos já sabiam, eu sou apenas um assassino que só serve para matar. Apenas para isso… - abaixei minha cabeça, meus pensamentos se focaram no que sempre se focam, me mostrar o quão horrível eu sou, o porquê de existir a possibilidade de eu simplesmente ficar sozinho. Minha cabeça apenas me mostrava a realidade, o quão errado eu era – É tão estranho, me ensinaram que chorar é errado, mesmo quando sinto vontade, eu seguro, não solto, é errado, é apenas uma fraqueza. Eu… - abri um sorriso – se não for para matar, eu sou inútil. Faz sentido o porquê de um dia eu ficar sozinho.

- Ficar sozinho? – Clarisse me olhava com atenção.

- Quando acabarmos você sabe oque vai acontecer? Acabaremos nossos estudos, Jack vai voltar com a família dele, Melissa terá mais um ano de escola e depois vai para uma faculdade, você também irá e ninguém mais terá tempo para se ver e eu… eu vou ficar sozinho. – sorri para ela – Olha só para mim, eu sou inútil sabe? Só sirvo para matar, mas de resto sou um simples fardo para as pessoas e, além disso, sou inútil para qualquer coisa no futuro dos outros. Não consigo fazer nada sabe? – minha lagrimas começaram a cair – Parece que tudo que eu tenho, absolutamente tudo que consegui foi me dado, nada fui eu. Eu não estaria na escola se o governo não tivesse me arrumado a vaga, eu não teria amigos se Collins não tivesse reunido nossa equipe… poxa, eu nem sequer estaria livre se o desgraçado do Richard não tivesse me libertado. E para completar eu sou uma pessoa horrível, além de matar pessoas inocentes eu sou egoísta também. Eu quero sim que você estude e trabalhe com oque você quiser, quero que Melissa faça o mesmo e com certeza quero que Jack viva bem com sua família, mas… no percurso vocês vão conhecer pessoas bem melhores que eu, pessoas do nível de vocês, porque vocês todos são muito incríveis e eu sou só… eu. Um egoísta que está torcendo por vocês, mas ainda assim eu estou pensando em mim sabe? Eu só tenho… medo. Medo de todos vocês me esquecerem… medo de ficar sozinho. Eu sei que existem pessoas bem melhores para minha melhor amiga sabe? Pessoas em níveis bem acima de mim, pessoas que vão fazer bem a ela, mas eu amo minha maninha e… tenho medo de um dia ser deixado de lado, medo de não fazer mais parte da vida dela. Eu não quero ficar sozinho… eu quero ficar ao lado da minha melhor amiga sempre, não gosto da possibilidade de ter que dizer adeus a ela e nem quero dizer adeus a você quando você perceber quantas pessoas incríveis existem, muito melhores que eu. Eu… sou muito egoísta mesmo, não é? –apoiei meus cotovelos nos meus joelhos que estavam dobrados e coloquei minhas mãos no meu rosto. Aqueles pensamentos, toda aquela merda estava na minha cabeça e eu simplesmente não demonstrava, usava apenas um sorriso de disfarce, sempre. Esse assunto… eu já havia tocado nele com Melissa a muito tempo, mas era complicado, tinha medo de que ela se enchesse de mim.