Capítulo 26 - O Esconderijo

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Capítulo 26 - O Esconderijo.


Narrado por Anastasia Adams.

Me sinto perdida desde que fugi do cerco dos Sentinelas, minutos atrás. 
Estou aqui parada dentro do carro nesse lugar ermo, tentando me acalmar mas minhas mãos ainda tremem.
O medo de alguém chegar aqui e me prender é grande demais. 
Se eu for presa e condenada, ou vou passar o resto da vida atrás das grades ou pior ainda, serei condenada a morte pois tentar assassinar o Comandante do exército dos Estados Unidos e chefe dos Sentinelas deve ser um crime gravissímo.
Me sinto tão burra, tão idiota. 
Me arrisquei demais nesse plano louco sem saber o que aconteceria depois e no final das contas, nem consegui concluir minha vingança e ainda ferrei minha carreira no Pentágono. 
Pior que isso. 
Perdi Christian, a única pessoa que amei de verdade nesta vida. 
Talvez, se tivesse feito tudo com mais calma, tudo teria dado certo. 
Ao mesmo tempo não me arrependido de ter ido até as últimas consequências. 
Carla merecia que eu tivesse ao menos tentando fazer justiça em seu nome.
Um pouco mais calma, comecei a raciocinar melhor. 
Preciso urgentemente me livrar desse carro pois os Sentinelas devem ter anotado a placa dele. 
Primeiro, me troquei colocando uma nova peruca, desta vez loira e uma roupa mais simples, composta por calça jeans, tênis e camiseta. Depois, guardei todas as armas pela roupa e me livrei do carro, largando-o em uma rua contrária a direção que pretendo seguir.
Mas qual direção pretendo seguir? 
Já sei, preciso de conselhos de alguém que confio. 
E as únicas pessoas que confio neste mundo são José e Katherine. 
Com uma parte do dinheiro que ainda tenho, comprei um cartão telefônico e no orelhão mais próximo, disquei para o número de Kate.
- Alô?
- Kate, sou eu. 
- ANA? SUA MALUCA, ONDE VOCÊ ESTÁ? SUA CARA APARECEU NO JORNAL HOJE CEDO, ACUSADA DE SEQUESTRAR O COMANDANTE DO EXÉRCITO DOS ESTADOS UNIDOS. VOCÊ ENLOUQUECEU?!
- Kate, não é hora pra broncas. Tenho que ser rápida pois não sei se a polícia ou os Sentinelas estão rastreando seu telefone. 
- Me rastreando? Que merda você foi se meter hein? 
Revirei os olhos.
- Kate, preciso de um lugar pra me esconder agora. Pra onde vou? 
- Eu... Não sei. Céus, Ana... - Do outro lado da linha, a loira começou a chorar. 
- Kate, por favor. Pensa em algum lugar, estou me sentindo tão perdida. Não sei o que fazer. - Desabafei. 
- Er... Você precisa de um bom esconderijo. Saía do Brooklyn, vá para um lugar de bacanas, tipo... Nova York! Se hospeda em uma pensão com nome falso. 
- E onde vou arrumar identidades falsas?
- Poderia tentar pedir ao José que arrumasse mais acho que metê-lo na vida do crime justamente agora que se libertou dela é muito injusto, não?
- É sim. - Engoli em seco - Vou pegar um trem até Nova York, me hospedar em uma pensão barata e pensar uma forma de sair dos Estados Unidos antes de ser presa, pode deixar. Agora preciso desligar, ficamos tempo demais na linha. Adeus, Kate. 
- Adeus! Se cuida, Ana. Por favor! 
E coloquei o telefone no gancho. 
Em seguida, saí correndo com minha mochila nas costas. 
[...]
Depois de passar em um barzinho para comer, peguei o primeiro trem até Nova York. 
Exausta, dormi no caminho, mas tentei manter um sono leve, coisa que neste tempo de militar aprendi com excelência. Passaram-se algumas horas até que eu chegasse em Nova York onde peguei um táxi e pedi indicação do táxista de algum local barato para me hospedar. 
Ele indicou uma pensão um pouco longe da estação e depois de quarenta e cinco minutos, já estava lá. Para a dona da pensão, uma tal de Estela, me apresentei como Catherine Poterson. Como era um lugar caindo aos pedaços, ninguém chegou a pedir meus documentos. 
Ufa...
Já no quartinho da pensão, tranquei bem a porta para me despir e tomar um banho decente. Apesar de ter tomado banho, continuo com um peso absurdo nas costas, uma sensação de que vou acabar me ferrando no final disso tudo. 
O que será que Christian está pensando de mim?
Ele implorou que eu não atirasse em Raymond, mas atirei mesmo assim. 
Ele deve estar me odiando tanto, achando que sou um monstro. 
Talvez eu seja mesmo. 
Talvez devesse me entregar a justiça para pagar por meus crimes. 
O problema é se... Eu for condenada a perpétua ou coisa pior.
Não quero passar o resto da minha vida presa, não aguentaria. 
Eu já vivo em uma prisão mental há tempos, mais uma prisão eu não resistiria. 
Eu sei que não. 
Após o banho, liguei a televisão e em um ou outro canal de notícias a minha cara estava lá, exposta como procurada da polícia.
Céus, que vergonha.
Se Carla estivesse aqui... Talvez, teria vergonha de mim. 
Se bem que se ela estivesse aqui não teria feito tudo que fiz.
Fiz tudo por culpa do Ray e o canalha... Ainda colocou minha cabeça a prêmio. 
Só espero que essa imprensa sensacionalista me deixe em paz logo. 
Meu maior problema de agora em diante é a respeito da minha fuga do país. 
Claro que se minha cara está estampada nos jornais, não conseguirei fugir em um aeroporto comum.
Também não tenho grana suficiente para alugar meu próprio jatinho.
Talvez, eu poderia fugir para o México. 
É isso!
Atravesso as fronteiras junto com as milhões de pessoas que fazem esse perigoso fluxo todos os dias e do México vou para outro país, até encontrar um que eu considere tranquilo e seguro para viver.
Ainda não sei qual será, mas deve ter algum lugar no mundo que consiga viver em paz.
Tem que ter. 
E depois de ter decidido um pouco do meu futuro, acabei adormecendo. 
[...]
Eu literalmente apaguei. 
Dormi pesado mesmo porque estava esgotada, física e mentalmente também. 
Quando acordei eram umas dez da manhã. 
Levantei, lavei o rosto, escovei os dentes e coloquei minha peruca é claro.
Depois, fui até a moça da pensão perguntar se há algum lugar que venda comida barata por perto.
Ela indicou um barzinho e meia hora depois, fui para lá me alimentar. Depois, tentei obter informações com desconhecidos sobre como funciona esse lance de atravessar a fronteira para o méxico mas não entendi muito bem. 
Como ainda estava muito confusa e insegura, decidi ir até um lugar da cidade que oferece computadores para podermos acessar a internet, uma tal de lan house. 
Já em frente a tela do computador, pesquisei melhor sobre o assunto, sobre como encontrar pessoas que ajudam a entrar ilegalmente no México, mas ainda sinto que preciso pesquisar bem mais sobre o assunto antes de encontrar um desses homens, uns tais de coiotes. 
Depois da lan house estava caminhando na rua quando senti que minha peruca está ficando torta.
Quando olhei para os lados, percebi alguns carros de polícia pela rua. 
Céus... Será que me acharam?
Na dúvida saí rapidamente daquela rua, mas em algumas ruas adiante senti que mais uma vez, poderia estar sendo vigiada.
Meu coração disparou e ao olhar para trás, vi um carro preto na rua quase deserta acelerando na minha direção. 
Não hesitei e corri o mais rápido que pude, sentindo a peruca cair no meio do caminho. 
É, estou mais que ferrada agora.
Continuei correndo o máximo que podia pelas ruas seguintes, percebendo que o carro tinha parado rapidamente para que alguém descessem do mesmo.
Apesar da distância, sei que deve ser algum dos Sentinelas.
Eu sinto. 
Prossegui minha corrida mesmo sentindo algumas dores nas pernas, mas por azar acabei por parar justamente em uma rua sem saída. 
Na minha frente, havia um muro relativamente alto. 
O jeito vai ser pula-lo mesmo. 
Subi em uma lata de lixo para tentar alcançar o muro quando ouvi um barulho semelhante a... Gatilho. 
- Desça daí agora, Anastasia.
Imediatamente reconheci aquela voz, me virando lentamente para ela.
O homem de cabelos e roupas pretas estava apontando sua arma na minha direção. 
- R... Raymond? 

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Obrigada pelo carinho que vocês tiveram comigo no aviso anterior, obrigada mesmo ❤

O próximo capítulo será o penúltimo e será narrado pelo Ray. Se preparem!

Votem e Comentem ❤❤❤

O TrocoWhere stories live. Discover now