Capítulo 10 - O Ódio

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Capítulo 11 - O Ódio.

Ter José de volta foi o melhor presente que poderia receber na vida.
- Que saudades, José... - Murmurei abraçando-o com todas as minhas forças - Como você está, hein? - Perguntei acariciando o belo rosto do meu moreno favorito.
- Com o dobro de saudades, Ana. - Retrucou dando um beijo em minha bochecha - Vem nos abraçar também, Kate! - Chamou nossa amiga e nós três fizemos carinho uns nos outros por um longo tempo.
Depois de tantos meses difíceis finalmente estou tendo um pouco de alento e estava precisando muito disso, muito mesmo.
[...]
Enquanto jantávamos nós três tentamos colocar o papo em dia.
- Os anos na prisão foram bem difíceis. - José comentou conosco engolindo em seco - No começo apanhava de todo mundo e era muito humilhado pelos outros presos mas aos poucos começei a fazer amizades, contatos. E a partir daí, as coisas ficaram um pouco mais fáceis para mim.
- Imagino que deva ter sido uma barra mesmo. - Concordei não conseguindo mensurar o tanto que meu amigo deva ter sofrido naquela presídio durante todos esses anos.
- É, mas a Ana também passou por maus bocados no Pentágono. - Kate comentou pondo uma garfada de comida na boca.
- Pois é Ana, que maluquice foi essa de se enfiar no exército?
- Fiz o que tinha que fazer, José. Preciso me vingar do Raymond e entrar no exército foi o único meio que tinha para me aproximar do desgraçado que é quase um intocável. - Avaliei.
- E conseguiu se aproximar? - Kate questionou curiosa.
- Nos conhecemos hoje. - Respirei fundo - Minha vontade era simplesmente pegar minha arma e encher o maldito de balas. - Admiti - Mas me controlei e até apertei as mãos dele, mesmo sabendo que estão sujas do sangue da minha mãe. Foi um dos momentos mais difíceis da minha estádia lá, pior que os treinos para entrar nos Sentinelas.
- Você tem muita raiva ainda dele, né?
- Não é raiva José, é ódio. Ódio puro! - Tomei um gole de suco - Um ódio tão forte que me corrói por dentro todos os dias.
- Não é legal ter esse tipo de sentimento, Aninha. Você precisa se libertar! - Kate aconselhou pondo a mão sob meu ombro.
- Só vou me libertar deste sentimento quanto ver Raymond chorando na lama, no fundo do poço. Aí sim, conseguirei pensar em ser feliz.
[...]
José, Kate e eu conversamos por várias e várias horas, até de madrugada para nos atualizar das novidades.
José disse que depois de amanhã já vai procurar emprego e Kate está se saindo muito bem na faculdade. Ambos estão cheios de sonhos de ter uma vida melhor e enquanto eles sonham com a felicidade, eu sonho com a minha vingança.
Depois, fui para o quarto que divido com Kate e José foi dormir na sala de estar. Quando vi que Kate pegou no sono, fui reler a carta que minha mãe deixou pra mim antes de morrer.
É esta carta que alimenta o desejo gigantesco que tenho de dar o troco em Raymond Steele.
Alguém tem que pagar pela morte de Carla.
Raymond tem que pagar.
Demorei horas para pegar no sono e quando senti o sono chegar, já estava quase amanhecendo.
[...]
- Elliot? Está dizendo que reencontrou o meu Elliot no exército? - Kate perguntou com os olhos brilhando no café da manhã, após lhe contar sobre minha conversa com o Tenente dos Sentinelas - Que mundo pequeno...
- Sim, e ele está muito gato diga-se de passagem. - Comentei tomando um gole de leite frio - E para melhorar, parece que ainda tem sentimentos por você.
- Depois de tantos anos? Duvido! - Kate deu de ombros, toda displicente - Ele já deve estar casado e com filhos, ainda mais se está tão gato assim como você diz.
- Sim, Elliot se casou mas a esposa o abandonou quando ele foi pra guerra anos atrás. O deixou com uma filha pequena ora criar, álias.
- Sério? - A universitária indagou boquiaberta.
- Super sério! - Confirmei fazendo sinal de positivo com a cabeça - E para melhorar, ele quer que eu marque um encontro entre vocês. O que acha?
- Encontro? Não sei... - Katherine passou a mão na nuca - Tenho medo dele não gostar de mim, me achar feia, pobre e...
- Kate, você é linda e se eu fosse lésbica me apaixonaria por você facilmente. - Ela riu da minha brincadeira. - Não perca a chance de ser feliz pra valer, minha amiga.
- Por quê não usa esses conselhos consigo mesma também? - Me calei revirando os olhos - Ontem você comentou que trocou beijos com o tal... Christian. O que realmente sente por ele?
- Nada ué! - Desviei o olhar - Só uma leve atração afinal, Christian é muito sexy, não dá para negar isso.
- Só atração?
- Uhum... - Levantei da mesa sem graça com aquele papo - José inda está dormindo?
- Está sim, mas não adianta mudar de assunto amiga. Por quê não dá uma chance pra esse Christian?
- Pelo simples fato dele ser filho do Raymond. - A lembrei guardando açucar e geléia na geladeira.
- Mas ele é filho adotivo, não de sangue. Então vocês não estariam cometendo incesto.
- Kate, quero acabar com a vida de Raymond Steele. Acha mesmo que Christian irá querer ficar comigo depois do que vou fazer com o pai dele? - Perguntei com as mãos na cintura.
- Por quê não conversa com ele e conta este segredo?
- Quê? Kate, acho que está faltando algum parafuso na sua cabeça, sério. - Dei risada - Se eu contar ao Christian meus planos serei no mínimo expulsa do exército e no máximo, presa. Quer mesmo que eu passe anos na cadeia como José passou?
- Mas é claro que não. - Negou prontamente ficando assustada - Só queria que você também tivesse a chance de ser feliz, Aninha. - Deu um sorriso triste.
- Oh Ali. - Fui até ela a puxando para um abraço - Se quer mesmo a minha felicidade torça para que eu consiga acabar logo com Raymond. Só assim me sentirei livre para tentar ser feliz com algo ou... Alguém. - Falei beijando a testa da jovem.
[...]
Mais tarde, José, Kate e eu fomos para o cinema juntos.
No caminho ambos tentaram me persuadir a desistir da minha vingança, em vão como sempre.
Não estou disposta a voltar atrás depois de tudo que fiz para chegar até aqui, não mesmo.
No fim da tarde José e Kate saíram para fazer as compras do mês com a grana que dei para eles. Fiquei em casa assistindo coisas aleatórias na televisão, mas hora e outra Christian acabava vindo a minha mente.
Preciso bloquea-lo dos meus pensamentos o mais rápido possível, antes que me apaixone de verdade por ele.
Fui tirada dos meus devaneios por batidas na porta.
Desliguei a TV e descalça mesmo levantei do sofá e fui até a porta, tendo uma grande surpresa após abri-la.
- Você? - Arregalei os olhos.
- Er... Oi... Anastasia. - O Coronel disse visivelmente tenso.
- Como descobriu meu endereço? - Perguntei com os lábios tremendo - Por acaso mandou me investigar? Por quê fez isso? - Fiquei apavorada pois se ele me investigar mesmo poderá descobrir meus segredos, o que seria o fim para os planos que tenho.
- Não, não te investiguei. Apenas chequei seu arquivo no exército e assim, descobri seu endereço. - Suspirei aliviada com a resposta dele - Posso entrar?
- Não sei... Acho melhor não. - Neguei mordendo o lábio.
- Sério que vai fazer essa desfeita comigo? - Indagou incrédulo com minha falta de etiqueta.
- Desculpe. - Pedi sem graça, abrindo passagem para que ele entrasse em minha casa - Desculpe pela bagunça da casa também. - Falei fechando a porta.
- Não tem problema, nem reparei direito.
- O que veio fazer aqui? - Questionei já de frente para ele.
- Falar contigo. - Respondeu se aproximando mais de mim.
Meu corpo inteiro voltou a tremer e por isso, dei dois passos para trás.
- Sobre?
- Sobre nós. Precisamos terminar aquela conversa do Pentágono e não adianta me mandar embora pois não irei até dizer pra você tudo que está entalado na minha garganta há um bom tempo. - O moreno parecia bem firme enquanto falava comigo, não tirando seus olhos dos meus.
- E o que está entalado na sua garganta, Coronel?
- Tanta coisa! - Suspirou - Por quê não podemos ficar juntos, Anastasia? Me declarei pra você que me dispensou sem mais nem menos.
- Por... que... Porque... Er... - Gaguejei de nervoso - Somos colegas de trabalho, é isso.
- Não há nenhuma cláusula que impeça que membros dos Sentinelas se relacionem fora do exército, apenas é mencionado que relações pessoais jamais devem interferir nos resultados do nosso trabalho na equipe e até onde sei, nós dois somos muito profissionais.
- Não é só isso, Christian. Há também o fato principal que é eu não sentir absolutamente nada por você. - Menti como sempre.
Parece que mentir se tornou a minha maior especialidade nos últimos tempos e ultimamente, isso vem me incomodando um pouco.
Sinto que sou uma mentira e é muito ruim se sentir uma mentira.
- Está mentindo de novo, Anastasia. Dúvido que não esteja sentindo o mesmo que eu sinto aqui dentro. - Apontou para o coração.
- É tão difícil assim saber que uma mulher não cedeu a droga das suas investidas, Coronel?
- Não haja como se eu fosse um babaca mulherengo e conquistador porque sabe muito bem que não sou esse tipo de homem.
- Não sei de nada afinal, nós não nos conhecemos direito. - Dei de ombros.
- Não nos conhecemos porque você nunca quis saber mais sobre mim, desde que nos beijamos passou a me evitar de uma forma muito esquisita. - Seu semblante passou a ficar mais triste - E não sabe o quanto isso é difícil pra mim ou acha que escolhi me apaixonar por você?
- Apaixonar? Está dizendo que está apaixonado por mim? - Não consigo acreditar que Christian esteja me... Amando. - Engoli em seco, sentindo meus olhos se encherem de água.
- É a única explicação para ter me deslocado do Pentágono até aqui só pra te ver. - Explicou com as bochechas levemente coradas.
- Não, você não pode se apaixonar por mim, Christian. Sou uma pessoa horrível, não sou digna disso.
Saber que Christian está apaixonado por mim não fez nada bem, ainda mais por saber que ele está apaixonado por alguém de mentira.
Eu que quase sempre fui uma garota bastante controlada não consegui conter minhas lágrimas, demonstrando fraqueza, algo que raramente costumo demonstrar aos outros.
- Você é uma menina forte, decidida, marrenta - O moreno cabou rindo - E além do mais, muito linda. - Elogiou acariciando meu rosto e ficando mais perto ainda de mim.
- Eu sou oca por dentro, Christian. Dentro de mim tem mágoa, ódio, só coisas ruins... - Continuei a me derramar em lágrimas.
Detesto quando fico emotiva assim.
- Não é verdade. - Deu um sorriso torto aproximando seus lábios dos meus conforme diminuía o tom de voz - E mesmo que fosse, deixa eu te mostrar o quanto sentimentos bons nos fazem bem, Ana. Deixa eu amar você e tentar fazer com que também se apaixone por mim. Se não der certo, tudo bem. Mas se der, prometo fazer de você a mulher mais feliz do mundo. - E me beijou apaixonadamente.

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Beijão Chris e Ana u.u

Espero que tenham gostado no capítulo, no próximo teremos bastante romance e talvez, até hot cof, cof...

Votem e comentem 💙

O TrocoWhere stories live. Discover now