Capítulo 2 - Os Sentinelas

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Capítulo 2 - Os Sentinelas.

[...]
Me separar de Kate para ir ao quartel foi uma das coisas mais dolorosas que tive que fazer na vida pois a tenho como irmã e depois de minha mãe, ela é a pessoa mais importante para mim seguida de José de quem tenho muita saudade e, ainda cumprirei a promessa de ajuda-lo quando sair da prisão um dia.
O Quartel-General ficava no Pentágono e ao chegar lá um funcionário chamado Rudolf me encaminhou até o alojamento onde ficarei hospedada nos próximos meses. O pequeno local tinha três camas além da minha, um armário, uma mesinha e um banheiro fétido, toda vez que entrava nele fazia uma careta de nojo por conta do cheiro horroroso. Meus colegas de quarto se chamam James, que é um belo loiro de olhos claros e Jane, também loira de olhos azuis que simpatizava comigo.
Guardei meus pertences em um pequeno espaço do guarda-roupa e os mais importantes como a carta que Renée me deixara, dentro de uma caixa com cadeado, a qual coloquei  debaixo da cama para que ficasse protegida de todos. A chave da mesma ficava em uma correntinha em meu pescoço.
Depois, tomei um banho de água fria pois não tem água quente para os novatos e vesti o uniforme de treinamento que era composto por um macacão e botas pretas, além de uma boina do mesmo tom. Respirei fundo e ao lado dos outros recrutas nos dirigimos para o campo aberto e ficamos todos enfileirados, lado a lado, de cabeça erguida aguardando a próxima ordem. 
Foi quando um loiro de belo porte surgiu caminhando em nossa direção e parando alguns metros a nossa frente. Pela quantidade de medalhas e insígnas em seu pescoço e roupas deu pra deduzir que é alguém muito poderoso por aqui.
- Boa tarde novatos! Sejam bem-vindos ao quartel onde ou vocês saírão praticamente mortos ou se tornaram grandes soldados do temido Exército dos Estados Unidos. Meu nome é Carrick Grey e sou um dos Generais deste lugar. A missão de vocês como soldados será preservar a paz e a segurança, prover a defesa dos Estados Unidos, das Commonwealths e posses e qualquer outra área ocupada pelo nosso país, além de apoiar as políticas nacionais, a execução dos objetivos nacionais e superar qualquer nação responsável ​​por atos agressivos que coloquem em perigo a paz e a segurança dos Estados Unidos.
Era tanta coisa que minha cabeça ficou até zonza. 
- Mas antes... - Ele continuou - Todos vocês passarão por um rígido treinamento do qual somente os melhores e mais fortes se tornaram membros do nosso batalhão. Aviso desde já que este quartel não é para preguiçosos, muito menos para fracos. Boa sorte a todos pois irão precisar e muito!
E foi com aquelas palavras que  General Grey deu início ao nosso treinamento.
Treinávamos todos os dias, inclusive aos sábados e domingos, sem descanso, das seis da manhã as dez da noite.  Parávamos apenas por trinta  minutos para fazer a refeição da tarde e o jantar a noite. O treino era composto por aulas de tiros - começamos com o fuzil M4 e fomos até o M16 com o passar do tempo - lutas, nado, treinamento aéreo para saltar de pará-quedas, de sobrevivência,  exercícios para fortalecer nossos músculos, corridas... Era sempre muito intenso e ao mesmo tempo bastante cansativo. E tudo isso era regado a xingamento dos nossos superiores, que nos humilhavam de propósito para nos testar.
Durante o período noturno após o jantar ficamos nos alojamentos onde não tínhamos muito o que fazer. Alguns recrutas jogavam videogame, outros jogavam baralho, dominós - preferia este último - ou simplesmente ficávamos jogando conversa fora até o começo da madrugada.  Certa vez estava rolando um campeonato de Poker* no quarto de um dos colegas de alojamento chamado Paul e,  James aproveitara a situação para me provocar, mal sabendo  que se daria mal e passaria vergonha logo depois.
- Anastasia, o que uma garota franzina como você veio fazer aqui no quartel? - O loiro  perguntara em tom baixo mas como todos estavam calados prestando atenção no jogo, acabaram ouvindo e olharam diretamente para mim, parecendo curiosos.
- Quando você diz que sou franzina está tentando dizer que sou fraca? - Questionei cruzando os braços.
- Não ligue para James, ele é um babaca machista. - Jane, que estava sentada jogando, falou olhando rapidamente para mim, mas a ignorei.
- Responda minha pergunta, James. - Insisti batendo o pé e o encarando.
- Talvez. - Ele deu um sorriso sacana.
- Que tal um braço de ferro? - Sugeri e até mesmo a galera que estava jogando interrompeu  suas atividades para prestarem atenção em nós.
- Braço de ferro comigo? - Ele riu. - Melhor não, você vai acabar se machucando. 
- Está com medo de mim  James? Se não está, vamos ver quem vence então. - O desafiei e o loiro ficou sério e trincou o maxilar.
- Okay, espero que não fique choramingando depois. - Falou jogando no chão todas as cartas que tinham na mesa e deixando-a limpa para nós.
Em seguida se posicionou de um lado da mesa e eu, do outro. Olhei ao redor e todos pareciam bastante agitados com nossa brincadeira. Me curvei apoiando meu cotovelo direito sob a mesa e o rapaz fez o mesmo com o esquerdo dele. Em seguida unimos nossas mãos. A mão de James era áspera, cheia de calos e as minhas não estavam muito diferentes por conta dos treinos pesados dos últimos meses. 
James começou a apertar minha mão e por um momento pensei que fosse esmaga-la. O filho da mãe realmente era forte, mas sou orgulhosa e não vou deixar que ele ganhe essa de mim.  Concentrei toda minha força e raiva na minha mão. Para ajudar fechei os olhos e imaginei que aquela mão que eu estava apertando era a de Raymond.
Aquele desgraçado...
Por culpa dele Carla está morta.
Maldito...
Filho da mãe!
- PARA ANASTASIA, PARA! - Abri os olhos com os gritos de Jane e só então percebi que James estava gemendo de dor, com o rosto vermelho e sua mão já estava na mesa caída e mesmo assim eu a estava apertando forte, quase esmagando-a, mesmo já tendo vencido o desafio.
- Desculpe. - Pedi soltando a mão dele e sentindo minha respiração acelerada.
- Merda, você quase quebrou minha mão. - James resmungou acariciando a mão machucada e todos riram dele. 
- Isso é pra parar de achar que sou fraca. - Sorri também. - Sou tão forte como você, como qualquer um de vocês. - Avisei olhando para os outros novatos que ficaram sérios, parecendo assustados com minha atitude. - Tenham uma boa noite! - Falei me retirando de lá e indo para meu alojamento, onde em seguida deitei-me na cama e adormeci, exausta diante de tantas emoções.
[...]
Desde aquela noite em que o venci no braço de ferro, James se afastou de mim. Nem me importei e aproximei-me de Jane, pedindo informações sobre a equipe do meu pai. Durante o café da manhã a loira me disse que sabia apenas que Raymond estava viajando com os  Sentinelas, que era o nome da tal equipe que ele liderava. Ela também disse que Leila, enfermeira do quartel, era namorada do Major dos Sentinelas e percebi que seria através dessa garota que eu tentaria saber mais sobre aquela equipe, mas para isso precisaria me aproximar de Leila e o único jeito que encontrei foi me tornando sua paciente.
Durante o treinamento de luta deixei que um colega me acertasse um soco na costela. Doeu pra cacete mas com isso  consegui ser levada para a enfermaria. Quando os casos são muito graves, Elena, que é médica, cuida dos pacientes,  mas quando não são casos de vida e morte é Leila quem assume os cuidados.
E foi assim que consegui me aproximar da loira de olhos azuis e beleza exótica. De tempos em tempos deixava que me batessem mais forte para ir parar na enfermaria onde Lê, como ela preferia ser chamada, fazia alguns curativos em mim. Ela sempre me tratava muito bem e eu retribuía sorrindo e puxando assunto com ela. Outro dia machuquei o joelho e enquanto ela fazia mais um curativo, sugeri que almoçasse comigo no refeitório para nos conhecermos melhor. Simpática, a enfermeira aceitou e naquele chuvoso agosto estávamos comendo e conversando juntas.
- E como anda sua vida amorosa Ana? - Ela perguntou e sorri, sabendo que aquela era a deixa para que finalmente entrasse no assunto que realmente desejava.
- Ah... Faz tempo que não namoro. - Contei pondo uma garfada de comida na boca. - E  você?
- Namoro Jack, que é Major dos Sentinelas ¹. - Ela contou bebendo um gole de suco de limão. - Aliás, parte da minha família é de lá.
- Sentinelas? Por acaso não é essa a equipe mais famosa do Pentágono? - Perguntei arregalando os olhos fingindo estar boquiaberta com a revelação dela.
- Sim, essa mesmo.
- Lê, me conte mais dessa equipe, meu sonho é entrar lá, será que um dia consigo? 
- Não vou mentir, entrar para os Sentinelas é difícil. A equipe é composta pelo Comandante Steele, o General Grey, meu pai,  que é quem está treinando você, O Coronel Christian, que é filho de Raymond, a Leah, Elliot, Riley e meu namorado. Cada um tem uma função diferente dentro do grupo e eles se metem em várias operações secretas pelo mundo. Costumam passar meses fora em missão como você deve ter percebido, então vivo morrendo de saudades deles. Os Sentinelas se arriscam muito e são capazes de dar a vida uns pelos outros.
- E esse Comandamente Steele? Entra em ação também?
- Não, ele fica somente na burocracia, mas as vezes costuma acompanha-los em algumas missões mas é só para supervisionar mesmo.
Ou seja, ganha a fama sem sequer entrar em campo...
- E por que seu pai não foi nesta última missão? - Indaguei curiosa. 
- Porque ele ama treinar os novos recrutas e as vezes escolhe alguns soldados pra dar assistência aos Sentinelas, mas só os mais fortes e destemidos. Se quer mesmo entrar lá você precisa ser a melhor dos melhores, mas não é só isso.
- Como assim? - Engoli em seco.
- Se sua turma for aprovada no treinamento vocês se tornarão soldados e ganharão a patente de Sargentos. Ai você vai ter que dizer ao meu pai que tem vontade de ir para os Sentinelas, mas ele só vai aceitar se você participar de alguma grande missão antes como ir pra guerra ou capturar um terrorista  procurado na sua função mesmo de soldado. Depois que ele ver sua coragem e te aceitar você vai passar por um treinamento pesado, muito mais que esse que vocês passam pra virarem  soldados. Dezenas desistem no meio do caminho, talvez por isso os Sentinelas sejam uma equipe tão pequena.
- Nossa, mas seu pai não parece ser tão carrasco assim. - Mordi o lábio.
- Não é meu pai quem cuida do treinamento especial e sim, Christian, filho de Raymond. E ele costuma ser bastante rígido com os novos recrutas, até mais do que deveria as vezes.
- Ah... Entendi. Obrigada por todas as informações Leila, me ajudou muito. - Agradeci sorrindo para a loira que sorriu de volta.
Depois daquela conversa, tive certeza de qual seria meu próximo objetivo.
Me infiltrar na equipe dos Sentinelas.

¹Equipe militar fictícia.

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Para saberem quando esta história será atualizada novamente, chequem o cronograma de postagem, já disponível no meu perfil daqui alguns minutos, okay?

Sei que sou suspeita pra falar, mas estou adorando essa minha protagonista kkkkk

Ana vai tentar entrar para os  Sentinelas... Acham que ela conseguirá?

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