Pontes aéreas e horas contadas

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Mesmo que jamais fosse admitir, Levi estava ansioso com a chegada de Eren.

Tanto que acordou cedo, antes do despertador em seu celular começar a tocar. Então, ele pôs seu tênis e foi correr um pouco. Desceu a pequena ladeira do meio pro fim de sua rua e virou a fatídica esquina, onde quase perdeu sua vida no acidente de carro. 

Pensou em como as coisas eram loucas e as pessoas, mais ainda.  

Pensou em Hitch.  

Pensou em Irwin.  

Em Farlan também, depois em Zackley. Ainda conseguiu pensar em Isabel e em Mikasa. Em como os sentimentos fazem as pessoas agirem. Às vezes,  impulsionavam para o bem e inevitavelmente, faziam o contrário também.  

Sequer sabia os motivos para pensar tanto nisso, mas sabia que deveria aproveitar seus dias da melhor forma, se aventurando caso fosse necessário, mas também se protegendo na mesma intensidade.

Quando precisou parar, após vinte minutos de corrida, ele se apoiou nos joelhos e puxou mais ar para os pulmões. Não encontrou um lugar decente pra sentar e descansar, então voltou pra casa andando bem devagar. Não sentaria naquela grama suja ao lado da calçada, onde animais provavelmente regavam a vegetação com suas urinas. Nem fodendo!  

Quando entrou em casa, pensou em algo que o fez querer sorrir, então pegou a carteira e voltou correndo para a rua.

Quando Eren chegou, após ter negado veementemente que alguém fosse lhe buscar no aeroporto, encontrou o namorado — aparentemente — tomando banho e uma "mesa" de café da manhã posta. O balcão da cozinha estava praticamente decorado com frutas. Elas estavam cortadas de um jeito bonito e com flores comestíveis espalhadas. Havia também suco natural e pequenos sanduíches redondinhos, que pareciam ter sido cuidadosamente cortados com algo específico pra isso, mas ele achava difícil que Levi tivesse se dado ao trabalho de comprar algo assim. Dessa forma, checou para ver se Carla não estava por ali, escondida em algum canto, então riu baixinho ao pensar que havia sido mesmo Levi a preparar aquilo.

Não havia uma grande quantidade de comida, visto como o Ackerman odiava desperdício, assim como o moreno, no entanto as frutas eram uma propaganda insistente do educador físico dentro daquela casa. Ou seja... Levi havia feito tudo aquilo só pra agradar Eren?

O pensamento o fez sorrir largamente.  

Seu coração acelerou e ele largou a mala na sala, então subiu as escadas sem se preocupar em fazer silêncio. Cada pisada ecoando por ali, deixando Levi sob o aviso de que tinha alguém em casa.  

O baixinho havia feito de propósito, contudo nunca poderia admitir sem ficar mortificado.

Ele abandonou a mesa de café e foi para o quarto apenas para que Eren pudesse apreciar seu trabalho com calma. Com isso, evitou também que tivesse algum ataque de vergonha e acabasse fugindo. Queria que o moreno se sentisse acolhido ao voltar pra casa.  

E funcionou.  

O Jaeger entrou no quarto e viu o namorado com o celular na mão, fingindo estar entretido, quando suas mãos tremiam visivelmente.  

— Eren? Eu estava mandando uma mens-  

Sem parecer surpreso, Levi foi calado por um beijo afoito.  

Seu coração doeu de tanto que batia forte. A sensação era prazerosamente sufocante. Seu corpo esquentou bem rápido e a sensação de fraqueza o possuiu, fazendo com que se sentisse derreter sob o toque alheio. Acabou deixando o celular cair. A língua de Eren estava em sua boca, lhe roubando qualquer traço de equilíbrio e empurrando pra longe toda a saudade, os pensamentos tortos e as preocupações. Não havia nada além de amor e tesão.

Nos passos do destino • EreriOnde histórias criam vida. Descubra agora