Por baixo dos panos

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× Lysandre ×


Poucas coisas nessa vida são tão gratificantes quanto desejar algo durante toda a vida e um dia, já na fase adulta, conseguir alcançar.

Desde muito novo eu quis, e ainda quero, conhecer Eren Jaeger. Ele foi desde o começo como um tipo de guia para mim. Quando não sabia o que queria ser, que talento eu tinha ou o que poderia despertar minha paixão, ele me mostrou o ballet, ainda que nunca tivesse olhado em meus olhos.

Mesmo sem saber e sem nunca ter posto os olhos em mim, o Jaeger me mostrou o caminho, me inspirou, me deu uma razão para lutar, estudar e me esforçar. Ele deu sentido a quem eu queria ser. Minha personalidade se formou, enquanto Eren ia crescendo e se tornando mais viral, famoso e cativante. Ele conquistou o mundo, ao passo que eu desbravava meu pequeno espaço, uma vez que nunca ambicionei mais que a minha grande cidade. Eu só queria mesmo ter um objetivo a alcançar, poder dizer que sou alguém importante para outras pessoas. E graças a quem me inspirou, fui capaz de manter o foco e conseguir tudo o que um dia almejei.

No entanto, sempre esperamos ter o direito de agradecer, de retribuir de alguma forma e contar ao nosso ídolo o quanto somos gratos e tudo o que nos tornamos graças a eles. Gostaríamos sempre de expressar como eles nos mantiveram de pé nos momentos difíceis, apenas por existirem e seguirem firmes. Seria incrível poder contar que mesmo sabendo que eles são tão humanos quanto nós, são eles que nos inspiram a pensar: “se ele pode, por que eu não poderia?”.

E no momento, diante de mim está alguém que pode me ajudar a conseguir o tempo que tanto almejo, onde posso contar tudo ao meu inspirador, assim como posso fazer algo para retribuir todo o significado que ele deu aos meus dias.

— Então você é fanboy do meu paciente? — Castiel ironizou.

— Me inspirei nele e acompanhei a carreira; se isso é ser fanboy, então sim, eu sou.

Ele riu.

— Vai me pedir pra pegar um autógrafo?

— Não mesmo. — Seria vergonhoso. Se essa fosse a minha vontade, eu mesmo teria que pedi-lo.

— Então o que?

— Vamos ajudar os nossos amigos. — Comecei a contar o que havia pensado quando ele me disse quem era seu paciente. — Eu quero agradecer ao Eren por tudo o que ele fez por mim, mesmo sem saber. Também desejo conhecer o Levi de verdade, não essa máscara que ele tem usado.

— Conhecer de verdade? Que papo é esse, Lysandre? Se você puder ser um pouquinho mais claro, já facilita a minha vida.

—  Ok. Olha, Cass, o Levi tem demonstrado ser alguém muito triste e que vive só pra trabalhar. Só que ele é muito jovem pra estar numa vida assim. Quando entramos no assunto “Eren Jaeger”, ele reagiu mal. E não foi um reagiu mal do tipo “o odeio demais pra falar nele”, foi mais pra um “o amo demais pra falar nele”. Não foi difícil perceber que era um assunto sensível e que por isso mesmo é algo mal resolvido. Ele não chegou a me contar o que houve, mas você deve saber mais do que eu.

— Não pretendo fazer fofoquinha. — Ele disse, mais por pirraça do que por má vontade.

— Cass, você não precisa me contar nada. Eu nunca te pediria isso, mas se gosta tanto do Eren quanto parece, vai querer ver seu amigo feliz! — Respirei fundo e tomei mais um gole do meu coquetel sem álcool. Naquele fim de noite, queria ficar sóbrio. — Olha, às vezes o Levi demonstra ser um cara muito mais leve. Ele até é capaz de ser menos mal humorado. Parece mais condizente com a idade dele. Eu tenho certeza de que esse Levi mais tranquilo, menos preocupado com o trabalho e mais feliz, é o Levi verdadeiro. Eu quero que o meu amigo volte a ser como ele é! Tudo o que aconteceu na vida dele teve ter afetado o comportamento dele, mas não acho impossível que volte a ser como antes, talvez até melhor do que era.

Nos passos do destino • EreriOnde histórias criam vida. Descubra agora