Nos passos do destino • Ereri

Convite

"Sentir por não te conhecer

 Deixar por não querer parar

 Falar por não saber agir..."

— Zimbra - Já sei

- Isso é maravilhoso! – Petra surpreendeu o amigo com a colocação. – Você não podia ter me dado uma notícia melhor! – Ela parecia genuinamente animada e Jaeger não entendeu.

- Petra, eu não...

- Está tudo bem, Eren. Isso não é ruim. Eu sei que você já deve ter pensado mil coisas, mas está tudo bem. Vou te ajudar com isso.

  Ral não se sentia tão bem há muito tempo, pois sempre se sentia incompleta ao ver o amigo sofrendo tanto. Para ela, era um alívio descomunal ver que ele finalmente estava sentindo algo por alguém. Independente de quem fosse ou do quão complicado seria, ela iria apoia-lo e ajudar no que fosse preciso. Levi parecia a tão esperada ‘luz no fim do túnel’. Finalmente ela encontrara uma brecha para arrancar qualquer resquício de depressão que ainda havia em Eren.

- Mas não tenho certeza de nada. – Disse ele, tentando chama-la à razão.

- Você só está inseguro. – Ela justificou. – É normal depois de tanto tempo. Você deve se sentir estranho, né? – Ela olhou para o amigo com cumplicidade.

- Sou um monstro. Eu o ignorei por anos e agora que sei quem é, ainda me calo, unicamente por medo do que poderei ouvir, medo da reação dele. Talvez ele vá me odiar. – Eren falava sem parar. – Na verdade, tenho certeza que vai me odiar. Até eu me odiaria!

- Para com isso, Eren! Você não é um monstro. O Levi será um monstro se não entender tudo o que aconteceu com você. Por acaso é assim que o vê? Como um monstro?

- Não... Não. – Ele negou nervosamente. – Ele é uma boa pessoa. Me ajudou quando, pela lógica, deveria me abandonar. – Confidenciou o moreno, sem pensar muito.

- Como assim?

  Petra soube por Irwin o que acontecera com Eren quando caiu sozinho na chuva ao perseguir a imagem de Mikasa, entretanto não sabia dos detalhes, pois Eren recusou-se a falar e ela preferiu não pressionar, esperou que ele se sentisse bem o suficiente para contar e ali estava ele a dizer exatamente como tudo aconteceu.

  Boquiaberta com a gravidade da situação passada e completamente surpreendida com a atitude do jovem Levi, Petra ouvia atentamente as descrições do amigo.

- Ele é alguém muito especial mesmo. - Comentou ela ao final. – Qualquer outro no lugar dele teria te largado no chão, afinal ele mal te conhece.

- É sim. Tem um gênio difícil, mas é bom. – Concordou o moreno.

- Mas isso gênio difícil você também tem. Não existe um ‘ser’ mais teimoso que você no mundo, Eren.

  Ele sorriu e soube que a partir dali não estaria mais sozinho com aquele dilema. Seus amigos o apoiariam e ele estava disposto a tentar alguma coisa.

  Após aqueles anos de sofrimento, até o próprio Eren achava que era preciso mudar, seguir em frente, porém nunca encontrara antes alguém que fosse capaz de fazê-lo ver além do desejo carnal, que o fizesse tremer, duvidar ou esquecer tudo o que havia se passado antes, ainda que por míseros segundos. Tudo não passava de encontros casuais ou relacionamentos banais que não duravam mais que algumas semanas e que o incomodavam mais do que faziam bem. Contudo, bastaram apenas dois meses e lá estava ele, conversando com os amigos sobre a possibilidade de estar apaixonado, sobre tomar alguma atitude quanto a isso e reconstruir o que havia quebrado dentro de si.