Nós dois no tempo parado

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  Levi correu até o patrão que se encontrava caído no chão, chamou seu nome enquanto balançava-o.

- Zackley! Acorda, seu bêbado filho da puta! – Enquanto sacudia o homem, ele digitava o número da emergência no celular. – Oi, boa noite. – Disse ao ser atendido por uma mulher. - Estou com um homem desmaiado aqui na...

  Antes que pudesse completar a frase, viu que seu braço fora puxado e Zackley desligava a chamada.

- Não preciso desses merdas me dissecando antes mesmo de eu morrer. – Ele se levantava com dificuldades, livrando-se do braço de Levi que o segurava.

- Mas que porra você pensa que está fazendo? Que morrer aqui sozinho? Olha que um dia desses acontece...

- Não se preocupe, isso vai acontecer em breve. – O velho interrompeu e tossiu.

- Mas o que...? – Ackerman ia perguntar, mas o patrão lhe estendeu a mão com um papel e afastou-se um pouco, segurando as paredes como seu último apoio.

- Eles disseram que me restam poucos dias. – Zackley antecipou a notícia.

- Positivo para...

- Tuberculose. – Ele tossiu novamente. – Não paro de ler isso desde que soube. Eles disseram que demorei muito pra procurar um médico. Parece que o bacilo sei lá de que estava no meu organismo há tempos, mas quando atingiu os pulmões é que as coisas começaram a... – Ele teve uma crise de tosse e teve que se sentar. – Ficar complicadas. – Tentava a todo custo puxar ar para dentro dos pulmões, mas sentia como se algo estivesse bloqueando a passagem. Era difícil e doloroso respirar.

  Levi se aproximou do homem, na tentativa de ajudá-lo, visto que realmente estava preocupado. Zackley podia ser uma pessoa horrível, porém ainda era um ser humano e isso o baixinho não conseguia ignorar.

- Não se aproxime. – Disse Zackley e colocou um lenço sujo perto da boca para tossir mais uma vez, esticando um braço indicando que Levi parasse onde estava. - Você é burro ou o que? Nunca ouviu dizer que isso é contagioso?

- Desde quando você se importa comigo? – Questionou o baixinho e ignorando-o tentou se aproximar novamente, mas o homem levantou e foi em direção à porta dos fundos.

- Eu mandei você ficar longe de mim! – Gritava exaltado. – Vamos, saia! Eu vou fechar isso aqui e ir pra casa.

  O senhor respirava com dificuldade e Levi teve pena. O pior sentimento que se pode ter por alguém.

  Pena sim, pois se tratava de um pobre miserável que não tinha ninguém. Nunca formara família, não tinha amigos e os vizinhos o desprezavam. A pessoa mais próxima era Levi, que apesar de algumas vezes ter feito perguntas relacionadas aos motivos para o homem ser tão descuidado, tê-lo obrigado a se secar e vestir um casaco uma vez que chegou molhado da chuva e algumas outras em que o ameaçou para que fizesse alguma refeição, pois estava pálido e dizia que não queria que o chefe desmaiasse de fraqueza durante o trabalho, pois assim teria que cobrir o turno; ainda assim não podia dizer que eram amigos.

  Após ser expulso e ver Zackley sair caminhando devagar em direção a casa, o jovem ainda preocupado, voltou para a sua tarefa de tomar um banho, embora aquele tempo com o patrão tenha lhe roubado minutos demais, dali a pouco estaria atrasado.

  Tentou ao máximo não demorar no banho. Ainda pensou em comer algo quando já estava limpo e vestido, visto que iria beber algo alcoólico e não gostava de fazê-lo com o estomago vazio, porém já passara bastante do horário marcado e isso o irritava o suficiente pra não querer comer, portanto saiu apressado pelas ruas do bairro em direção ao ponto de encontro indicado numa mensagem que Eren lhe enviou e que não teve tempo de responder. Levi colocou o celular no bolso e apenas foi sem tentar justificar nada.

Nos passos do destino • EreriOnde histórias criam vida. Descubra agora