Começamos a conversar sobre os nossos trabalhos, sobre a minha vinda com a Manu para Belo Horizonte, como nos conhecemos em Santa Catarina, sobre minha família, conto que sou orfa desde os 15 anos de idade e vamos emendando uma coisa a outra, ele faz varias perguntas e se mostra muito interessado em me conhecer, mas quando sou eu a fazer perguntas sobre a vida dele, vejo ele um pouco desconfortável e se esquivando de algumas perguntas, ele só fica a vontade quando o assunto é o trabalho ou sua amizade com Matheus e Marcela. Tem algo errado em relação a família dele, mas não tenho coragem para perguntar o que houve.

         Não vejo o tempo passar, falamos de muitas coisas, brincamos e rimos o tempo todo, quem nos ver deve achar que nos conhecemos a muito tempo, ninguém acreditaria que nos vimos a primeira vez ontem. Quando olho no relógio ja esta faltando 10 minutos para meia noite.

- Meu Deus esta muito tarde, hoje ainda é segunda, temos que acordar cedo amanha. - falo um pouco desesperada, nem acredito que estou ate essa hora na rua, sou muito caseira.
- Calma, vou pagar a conta e vamos embora, uma pena os dois esta de carro, adoraria ir conversando mais um tempo. - ele diz com um meio sorriso. - Me passa seu numero para podermos combinar de sair outras vezes?- ele pede.
- Claro, anota ai. - eu digo e abro minha bolsa para pegar meu celular também, quando desbloqueio tomo um susto, tem quase  100 ligações da Manu e do Hugo, fora as mensagens, será que aconteceu alguma coisa? Nem leio as mensagens e já vou logo retornando a ligação.
- Aconteceu alguma coisa? - Guilherme pergunta preocupado ao ver meu rosto.

- Não sei, tinha varias ligações da Manu e do Hu... - paro de falar quando a Manu atende o telefone desesperada. - Calma Manu, pelo amor de Deus, o que está acontecendo? Tinha quase 100 ligações aqui. É alguma coisa com o Henrique?. - Pergunto com o coração na mão.

    - Eu que quero saber se esta bem sua louca, você já viu as horas? Onde você esta que não podia mandar uma mensagem? Que vontade de matar você Fabiana, eu já estava pensando em coisa ruim, você nunca fez isso. - ela diz brava mais no final sua voz fica chorosa, ela estava muito preocupada mesmo.

- Desculpa nega, eu esqueci de mandar uma mensagem, eu estou bem ta? Jaja eu chego em casa e conversamos melhor e te explico.- tento acalma-la.

- Tudo bem, desculpa, fiquei nervosa porque estava preocupada, não sou sua mãe, você não me deve satisfação, só fiquei preocupada mesmo.

- Não precisa se desculpar, já estou indo, beijos. - nos despedimos.

Eu entendo a Manu, os últimos cinco anos nos uniu muito, nos tornamos além de amigas, eu tenho ela como minha família e nunca aconteceu de uma de nos sairmos e não da noticias, se fosse eu no lugar dela também estaria preocupada.

-Tudo bem? - Guilherme pergunta um tempo depois me tirando dos meus pensamentos.

- Esta sim, vamos pagar a conta para ir embora?

-Já paguei enquanto estava no telefone.- ele continua me olhando intrigado. - Tem certeza que esta tudo bem?.

-Tenho sim, Manu só ficou preocupada, não mandei nenhuma mensagem e ela me ligou varias vezes e eu não atendi, fora que não conheço a cidade direito.- digo já me levantando e começamos a caminhar para fora do bar.
Caminhamos em direção aos carros e paramos ao lado do meu.

- Muito obrigado por ter aceito sair comigo, a noite foi muito boa, espero repetir mais vezes.- ele franze a testa.- Por falar nisso, você não me deu seu numero, passa ai e combinamos direitinho outra saída. - passo meu numero e ele me manda uma mensagem no WhatsApp para eu poder salvar o dele.

- Então eu vou indo, depois marcamos algo, gostei da sua companhia. - digo e me aproximo para dar um abraço nele.
Ele me abraça apertado e sinto ele puxando o ar com força, me afasto um pouco e vou deixar um beijo na sua bochecha quando ele se vira e meus lábios tocam o seu, primeiro eu arregalo os olhos e penso em me afastar, mas não consigo, no fundo eu quero esse beijo então fecho os olho e relaxo o corpo, ele começa a pedir passagem na minha boca com sua língua e rodeia minha cintura com uma mão e a outra vai para a minha nuca, ele me empurra um pouco para trás fazendo com que minha costas encoste na lateral do meu carro e começa a aprofundar o beijo e intensificar o aperto na minha cintura.
Ficamos vários minutos nos beijando ate que ele começa a diminuir o ritmo ate o beijo esta terminado, ele deixa vários selinhos na minha boca e em seguida encosta sua testa na minha e fica com os olhos fechados.

- Me desculpa. - ele pede baixinho e sinto meu coração disparar, será que ele se arrependeu?

-Por que?- não resisto e pergunto.

- Não posso fazer isso com você, minha vida esta uma bagunça e tem muitas coisas que você não sabe, mas eu não consegui resistir ao beijo, foi mais forte que eu, não sei o que você sentiu, mas pode ter certeza que você me deu forças e me fez me sentir mais vivo com esse beijo.- ele diz meio angustiado, eu não consigo dizer nada e ele solta a bomba. - Eu estou noivo e me caso em menos de seis meses.

Eu demoro alguns segundos para processar a informação, mas quando entendo o que ele disse eu o empurro e dou a volta no meu carro para entrar no lado do motorista.

- Fabi, por favor, não me odeie, eu posso te explicar. - ele diz e eu solto uma risada debochada.- Não estou noivo de modo tradicional, meu pai fez com que eu ficasse noivo, por favor me escuta e você vai entender. - ele segura a porta para que eu não abra para entrar.

- Não quero escutar Guilherme, faz o favor de me da licença, depois conversamos e você me "explica" , preciso ir embora. - falo seria e ele libera a porta para que eu possa entrar, antes que eu feche ele me diz.
- Vou passar na empresa amanha e vamos a algum lugar para conversarmos, esta bom? - ele pergunta mais eu não respondo, puxo a porta a fechando e ligo o carro dando partida.

Bem que a Manu disse que esse era Vice cafajeste. Pelo menos ele teve a decência de falar que era noivo antes de fazermos mais coisas. Não quero as explicações dele, só quero distancia.

Coração não te esqueceuOnde as histórias ganham vida. Descobre agora