Transe

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POV Yuuri

“Quem você pensa que é?” um deles falou enquanto segurava com força meu braço.

Eu estava cercado por três deles, e fui empurrado para dentro de um beco. Um deles, que agarrava meu braço, vestia uma camiseta azul marinho, e pude ver uma tatuagem de dragão em seu braço.

“O gayzinho acha que vai poder fugir assim de nós,” outro deles falou enquanto me empurrava no chão.

“Me deixem em paz!” gritei com raiva. Sentia pavor do que poderia acontecer, mas não demonstraria o quão assustado me sentia. Não queria dar esse prazer a eles.

“Não podemos fazer isso, querido,” o de moletom vermelho retrucou. Um sorriso perverso apareceu em seus lábios, o que me deixou ainda mais aterrorizado.

“Não podemos abandonar o serviço depois de já terem pagado adiantado,” o terceiro falou, seu cabelo era ruivo como fogo, e me olhou fixamente. Seus olhos pareciam poços sem fundo, e eu senti um arrepio na espinha. Sua expressão era pura malícia, de alguém que realmente adorava atormentar qualquer pessoa, como se ele sentisse prazer naquilo.

De repente tudo começou a ir rápido demais... eu mal conseguia enxergar. Senti socos em meu rosto e chutes em estômago. Só consegui me fechar em posição fetal no chão sujo, ouvindo suas risadas. Meu corpo tremia com o frio que fazia aquela noite, e a dor ia se espalhando cada vez mais pelo meu corpo.

De repente ouço o tilintar de um metal. O de moletom preto pegou uma barra de ferro que devia estar caída em algum lugar do beco, e quando percebi o que ele pretendia tentei me levantar e correr. Eu sabia o que ele iria fazer e sabia que se continuasse ali seria meu fim. Em meio ao desespero tentei ficar em pé, mas minha visão turva não me permitiu ver que havia alguém próximo, até sentir um par de mãos que me puxava para o chão novamente.

“Tentando fugir?” o ruivo falou soltando mais um de seus sorrisos assustadores. Em meio à raiva e ao desespero, pulei em sua direção tentando derrubá-lo no chão. Caí por cima dele e comecei a acertá-lo para que soltasse a minha blusa.

Não vou ficar parado só apanhando. Posso sair machucado, mas garanto que não vai ser só eu. Senti uma raiva que nunca havia experimentado antes. Difícil de acreditar que esse pensamento passou pela minha mente. Um deles tentou me fazer parar, me agarrando por trás. Nesse momento dei uma cotovelada para afastá-lo.

“Ei, me ajude aqui! Vai ficar parado só olhando?!” um deles gritou.

“Saia da frente!” o outro berrou como resposta.

Então o senti se afastar de mim. O que não esperava era o que aconteceria em seguida. O cara que tinha berrado ainda estava com a barra de ferro em suas mãos, e com um movimento rápido acertou minhas costas. O impacto foi tão grande que não consegui aguentar e gritei de dor. O ruivo aproveitou a chance e me empurrou.

“É isso que ganha por tentar revidar. Devia ter ficado quietinho apanhando,” ele falou após ter me empurrado.

Dor de novo. Os chutes e socos recomeçaram, e os insultos me feriam ainda mais. O homem com a barra de ferro continuou a me acertar, até que seus amigos fizeram com que seus ataques cessassem.

“Ei ei... vai com calma! Nós não recebemos ordens para matá-lo,” um deles falou, tomando a barra de ferro da mão do outro e jogando no chão com um barulho alto.

“Vamos embora. Ele deve ter aprendido a lição. Ah… ia esquecendo, um recado de quem nos mandou aqui. Não se aproxime de Viktor Nikiforov novamente!” terminando de falar, foram embora gargalhando alto, como se nada tivesse acontecido. O chão era gelado, e o lugar onde estava deitado era úmido. A noite estava gélida, e eu sentia a dor e o frio me acertando em ondas. Sentia o corte em minha cabeça latejando, e o sangue quenta descendo pela minha pele. Me esforcei para pegar o celular no bolso da minha calça, e pressionei o botão de discagem rápida.

The Lost MemoryWhere stories live. Discover now