Lembranças

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Seus olhos brilharam ao encontrar o objeto dentro da caixinha e sua mente foi invadida por um turbilhão de imagens fazendo sua cabeça latejar. Em meio a dor e lembranças coloridas, Yuuri foi entendendo devagar, ele podia entender seus pensamentos naqueles momentos e sentia como se estivesse vivendo cada lembrança.

Tudo começou em nosso primeiro encontro, foi naquela hora que me vi perdido, atrapalhado, e ao mesmo tempo deslumbrado com apenas um olhar. Naquele momento eu não imaginava que a pessoa em minha frente seria a pessoa mais importante na minha vida, alguém que me fez experimentar várias emoções que me eram desconhecidas, que podia me deixar feliz com um simples sorriso, ou envergonhado com um apenas um olhar.

Eu estava atrasado, não tinha ouvido quando o despertador tocou e agora precisava correr para a universidade, minhas mãos estavam cheias de papéis que eu estava tentando organizar na ordem certa, alguns estavam presos em minha boca, enquanto um envelope se encaixava em baixo do meu braço, eu não estava prestando atenção em nada ao meu redor, estava apenas pensando na bronca que levaria do professor por chegar tarde no dia em que íamos expor nossos trabalhos. Eu andava apressado e somente parei quando senti um impacto forte e cai sentado na calçado sentido algo me molhando.

“Ah… quente, quente…” gemi de dor enquanto tentava descolar a camisa do corpo. Minha blusa estava encharcada pelo café que por estar quente deixava minha pele avermelhada, mas minha preocupação logo tomou outra direção e olhei para os papéis espalhados. Se tiver sorte eles estarão intactos. Pensei. Fitei o rapaz de cabelos prateados que parecia envergonhado e sem saber o que fazer, comecei a recolher os papéis rapidamente. Por favor não tenha estragado, por favor. Demorou alguns segundos até que homem finalmente reagisse ele se abaixou começando a juntar alguns papéis e ajudou-me a  levantar logo em seguida.

“Me desculpe, eu não estava atento… deixe eu pelo menos pagar pela camisa!” Falava desajeitado.

“Não tem problema, eu realmente preciso ir já estou muito atrasado!” Falei enquanto terminava de ajeitar os papéis em meu braço sem deixá-los encostar na camisa úmida.

“Eu também estou com pressa… hum… façamos o seguinte, trocaremos os telefones e eu marco um encontro para pagar essa camisa! Tudo bem?” Ele sorria gentilmente e seus olhos brilhavam. Acabei por aceitar, não podia me dar o luxo de jogar a camisa branca fora, minhas roupas já eram poucas, mas por enquanto era o suficiente, e eu também não quero dar problemas e nem despesas a mais para os pais de Yuuko, por isso vou trabalhar duro para comprar o que preciso. Além disso também tenho outro motivo oculto, os olhos azuis e o sorriso amável me cativaram de primeira, não tenho como negar, quero conhecê-lo um pouco e saber quem é essa pessoa desconhecida que me parece familiar.

O nosso encontro foi o início de tudo, a segunda vez que nós vimos eu me sentia  tão bem que não sabia como explicar, esse homem que conhecia a pouco tempo me fazia sentir tão à vontade.

Um dia depois desse encontro desastroso, Viktor ligou para mim e marcamos para ir comprar uma nova blusa no outro dia pela tarde, ele tinha me dito que era médico e tomou o turno da manhã no trabalho e eu não tinha aulas pela tarde. Saí da universidade, e fui até o local combinado, era um shopping que tinha inaugurado a alguns meses, estava morrendo de fome, já era hora do almoço e ainda não tinha comido nada, o café da manhã há muito tempo havia sido digerido, decidi que depois de receber a blusa iria almoçar, poderia aproveitar a oportunidade e chamar o rapaz de cabelos prateados para comer junto. Quem sabe podemos nos tornar amigos? Mas eu ainda não entendo porque ele me parece tão familiar. Eu tenho certeza que nunca o vi. Entrei no shopping e olhei para o relógio que marcava 12:36 horas, estava seis minutos atrasado, resolvi ligar para ver se havia chegado.

The Lost MemoryWhere stories live. Discover now