Horror na montanha oca

Start from the beginning
                                    

— Faz sentido. — Masha colocou força para que o portão cedesse. Este moveu-se numa série de estalos e roncos metálicos graves. A luz penetrou e desenhou linhas ascendentes de uma longa escadaria.

O constante zumbido que pulsava alto na mente do menodrol deixava-o inquieto, mas também, igualmente curioso. Masha tirou uma lanterna da bolsa para iluminar o caminho adiante. O teto do túnel se estreitava numa terminação trapezoidal e era polido e lustroso, refletindo bem a luz. Foi uma longa subida de degraus estreitos e altos. No topo, encontraram um amplo salão oval que a lanterna mal conseguiu iluminar. Estátuas representando as circunspectas figuras dos antigos wlegdars circundavam o recinto, e entre estas, passagens para diversos corredores. O lugar era grande e Masha deixou escapar.

— Isto não se parece nada com uma tumba...

Clarão seguiu o zumbido que agora ecoava em sua mente como se estivesse a escutar o badalar de sinos numa torre de alerta. Mal notou que Masha vinha falando com ele. Ela teve que puxá-lo pelo braço para ter sua atenção.

— Está me escutando? Tudo bem?

O menodrol tinha os olhos vidrados e olhava como se a moça fosse transparente. Apenas assentiu com um gesto e seguiu para uma das passagens a passos largos. Masha o seguiu apreensiva passando a lanterna para a mão esquerda. Sacou sua pistola com a destra.

— Esse lugar é assustador — murmurou.

O corredor escavado na forma de trapézio seguiu até um segundo lance de escadas num padrão espiral.

— Clarão, espere! — disse Masha ofegante. — Preciso descansar...

O menodrol ignorou as súplicas de Masha e seguiu subindo a longa escadaria, incansável. Masha reuniu forças para segui-lo, mas aos poucos foi ficando para trás. Ela chegou a um salão que lhe evocou sensação familiar. Possuía bancadas, estante e mesas que a lembravam de um laboratório abandonado. Chegou a tempo de ver, do outro lado do salão, o menodrol sair. Ele passou por uma porta da qual escapava luz tênue de fonte distante. Masha notou um zumbido distante, mas não teve fôlego para seguir. Seus pulmões e suas pernas estavam queimando. Estava encharcada de suor. Ajoelhou-se e depois deitou-se no chão de pedra fria e polida. Bufou por alguns instantes. Se esforçou para ficar de pé novamente e grunhiu. Seguiu com as pernas pesadas e latejantes na direção da porta suavemente iluminada.

Ao aproximar-se, um odor desagradável preencheu suas narinas. E ao ver mais um lance de escadas ascendentes, chorou de raiva e cansaço. Apertou os punhos e reuniu forças para continuar subindo.

— Como é que ele aguenta?

O cheiro foi ficando mais forte e pungente. No meio do caminho, guardou a pistola na bolsa e tirou da mesma um lenço que passou a pressionar contra o nariz. Viu que faltavam apenas uns trinta degraus, mas a exaustão tomou-a por completo. Debruçou-se sobre os degraus e deu tempo às pernas para descansar. Dali, escutou vozes longínquas dialogar, sem distinguir as palavras. Sentiu arrepios. A luz de sua lanterna poderia denunciar sua presença e resolveu desligá-la. A escuridão tomou a escadaria, mas aos poucos, os olhos se ajustaram e os contornos do batente da porta acima ficaram nítidos.

Masha raciocinou e concluiu que Clarão havia sido atraído pelo sinal, como um inseto para a luz de uma lanterna. Usando as mãos e pernas escalou lentamente os degraus. Quase no topo, começou a distinguir as palavras.

— Obviamente inesperado — disse uma voz arrastada, fraca e rouca, como a de um velho.

— O que faremos com ele, Yurleg?

— Vamos descobrir como chegou aqui e depois, consumi-lo.

— Sim! — foi a resposta excitada da voz mais jovem. — Isso nos poupará uma viagem até a cidade.

A Queda de DurkheimWhere stories live. Discover now