Sweven [Nicholas Scratch]

☾ 19

Era estranho regressar a esta casa depois de tudo o que se tinha passado.

Olhei para o grande portão de ferro preto. Fiz um pequeno gesto com a mão para que ele abrisse, pois havia um encantamento que reconhecia o sangue da nossa família deixando a pessoa entrar sem precisar de chave.

Tínhamos um grandioso jardim a frente da mansão com uma fonte no meu lado direito que era a única peça naquele jardim que eu realmente gostava pois o resto daquele jardim apenas me trazia lembranças tristes e depressivas. 

Logo que entrei porta a dentro vi a minha mãe.

A mesma ajeitava umas dálias pretas recentemente colhidas que eram das poucas coisas que tínhamos plantadas que não serviam para propósitos mágicos. Ela logo que me viu ficou de imediato pálida.

- Margaret, filha...

- Olá querida mãe.

- O que estás aqui a fazer? O teu pai...

- Vim fazer uma visita a família... ou melhor dizer a Medusa porque talvez é a única coisa que ainda me liga a esta casa.

Eu continuava a andar subindo a escadaria com a minha mãe sempre atrás de mim.

- Não digas isso querida.

- Apenas a levantar factos.

- O aniversário... foi um mal...

Andava em passos pesados e rápidos por isso rapidamente cheguei ao meu quarto e fechei a porta na cara dela não querendo se quer ouvir mais nenhuma desculpa da boca da minha mãe. Sempre me tinha dado pena a maneira com que ela tinha sido tão manipulada naquele casamento e ter ficado tão a mercê do meu pai enquanto ela mesma pertencia a uma poderosa e antiga família de bruxos.  Porém neste momento só me dava nojo.  

Olhei para o meu quarto que dividi com o meu irmão até aos 13 anos que foi quando lhe deram um quarto só para ele maior que este. 

Ouvi um miar e de imediato me virei em direção ao mesmo vendo a Medusa numa poltrona. Dei um sorriso fraco e andei até ela fazendo-lhe algumas festinhas da maneira que ela gostava.

- A mamã vem te buscar quando tudo se resolver, eu prometo.

Ela ronrona quando roça-se na minha mão. Levanto-me de novo e ando até a porta sendo logo de imediato seguida por ela. Sabia que não lhe precisava de dizer as minhas intenções pois ela as entendia como se conseguíssemos transmitir pela mente. 

Ando até ao quarto do meu irmão e reparo que ele não está lá. Começo a investigar pelo quarto tentando descobrir mais coisas que eles podem me ter escondido pois havia chegado a um ponto que estaria a espera de tudo. 

Porém ouço passos aproximarem-se então, mando-me para a cama e de imediato a medusa chega ao pé de mim deitando-se ao meu lado. Fazia-lhe festas quando o meu irmão entra pelo quarto a dentro a escrever alguma coisa num caderno preto que segurava nas suas mãos. 

Ele para de escrever e fecha o caderno.

- Bem vinda Mag.

Virei-me ficando sentada na cama.

- Então como foi o resto da festa sem mim? Queria ter mandando uma carta a perguntar porém depois me lembrei que não queria saber.

- Mag, se tu pelo menos ouvisses o que eu...

- Se queres que te diga já tiveste a tua oportunidade para o fazer e o prazo expirou.

- Tu sabes como o pai consegue ser e ele não me iria ouvir.