Sweven [Nicholas Scratch]

☾ 9

Isto tinha sido a cereja no topo do bolo.

Não conseguia acreditar que o meu pai tinha sido capaz de fazer isto a sua própria filha, como se tivesse cometido um crime contra as vontades do Senhor das Trevas.

Lá no fundo eu sabia que o meu pai nunca me veria como vê o meu irmão Klaus, por mais esforço que eu fizesse, por mais lutas que eu vencesse, por mais feitiços que eu praticasse e por mais que eu tentasse ser uma filha perfeita, o meu pai sempre iria preferir o meu irmão apenas pelo que ele tinha entre as pernas.

Decidi ir dar uma volta pelas ruas escuras enquanto bebia uma garrafa inteira de whiskey que eu nem gostava, mas tinha sempre bebido para me incluir nas conversas de negócios do meu pai e esta garrafa em particular era para ser uma prenda de aniversário para o meu querido mentor, porém se ele achava que eu não tinha direito a ser celebrada em mais um ano da minha vida também não iria festejar mais uma dele.

O líquido que ardia pela minha garganta era a minha única fonte de calor por ter vindo apenas com o vestido preto que tinha vestido hoje e o mesmo era de alças.

Ser bruxa também significava que demorava a ficar bêbada e naquele momento, esse pequeno detalhe estava a irritar-me um pouco.

Um grande sinal de néon chamou a minha atenção. Andei a frente do segurança ignorando os insultos das pessoas que estavam na fila.

- Tem de ir para fila.

- Acho que não querido

Sussurrei um encantamento e por segundos os olhos deles ficaram completamente brancos. Ele de imediato abriu espaço para que eu entrasse. Sorri vitoriosa e levei a garrafa de novo aos meus lábios.

Ao entrar pelo pequeno e escuro espaço cheia de gente, comecei a mexer o meu corpo ao som da música não me importando muito com a qualidade da mesma. Não sabia quanto tempo fiquei a dançar, apenas queria sentir-me como se não restasse nada a minha volta e fosse apenas eu na pista de dança, como se por alguns segundos a música levasse todos os meus problemas para longe.

Queria parar o meu cérebro por instantes e principalmente congelar aquelas imagens sem sentido na minha cabeça. Apenas parei quando bebi a última gota da garrafa que tinha na mão.

Andei até ao corredor com menos gente tentando acender o cigarro que tinha colocado nos lábios quando um grupo de rapazes bêbados passa por mim a rir-se.

- O que está a fazer uma menina tão linda sozinha?

- Não é a tua espera de certeza.

Os outros rapazes começam a rir-se. Enquanto deixava o fumo sair da minha boca finalmente, o outro rapaz aproximou-se de mim tentando me encurralar contra a parede.

- Para quem está sozinha tens muita atitude.

- Apenas para rapazes que gostam de se meter com raparigas quando elas estão sozinhas.

- Mas não chegaste a responder a minha pergunta.

- Que pergunta?

- O que estás a fazer aqui sozinha? É uma parte perigosa da cidade. Não queríamos que uma cara tão adorável como a tua fosse estragada.

Enquanto ele falava isto, ele apoia uma das mãos na parede retirando mais um pouco do espaço que nos dividia.

- Eu sei cuidar de mim. Se calhar tu é que devias ter medo de mim.

- Porque boneca? Sei que te consegues mexer pelo que vi na pista de dança, mas acho que a única coisa que podes provocar em mim é uma dor que eu irei gostar.