CAPÍTULO XVIII - Parte 1

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Já estavam há dois dias em Delëndíl e Lucius claramente estava fora de si. Não conseguia raciocinar direito nem ficar parado ouvindo o que os outros tinham a dizer. Karin e Dan tentavam tranquilizá-lo, mas não tinham sucesso. O rapaz não aguentava mais ficar parado sem fazer nada. Ele só pensava em voar a esmo atrás de Sallah, assim pelo menos estaria fazendo alguma coisa. Algumas vezes deixava o castelo para caminhar um pouco nas margens do rio e se acalmar, o barulho da correnteza de certa forma limpava sua mente. Estava com raiva do Dragão Negro, mas mais do que isso, estava com raiva dele mesmo por não ter previsto o ataque, por não ter notado a presença do dragão e não ter reagido em tempo de, pelo menos, saber para onde ia.

Karin nunca imaginou que Lucius pudesse ficar tão irritado. Já não sabia mais o que fazer para amenizar seu humor, que estava deixando-a aborrecida com suas respostas um tanto quanto grosseiras. Não o culpava completamente, pois sabia que aquela não era a natureza dele. Perguntou-se algumas vezes se ele estaria dessa mesma maneira se fosse ela a capturada, e não Sallah. Dan'han era um mulherengo incorrigível, mas tomou sua defensiva algumas vez que Lucius fora estúpido sem necessidade com ambos, e isso a deixou com o coração menos quebrado. Dan se mostrou nos últimos dias mais gentil, e até briguento, do que aparentava.

Dan saiu em busca do amigo nos arredores do reino. Perguntando para alguns guardas, descobrira que ele havia deixado o castelo. Queria tentar conversar a sós com o rapaz. Fora fácil para ele ligar os pontos e perceber que Lucius gostava de Sallah, e por esse motivo tentava entender a raiva do colega. Mas não justificava o jeito que ele vinha tratando todos, especialmente Karin, que ele também notara ter uma queda pelo jovem dragão. Demorou quase uma hora até encontrar Lucius sentado sobre uma pedra a poucos metros do rio. Este notou a aproximação do Guardião, mas continuou com o olhar perdido no fluxo da água.

- O que quer...? - a voz de Lucius transparecia sua impaciência. Não aguentava mais Karin e Dan ao seu ouvido dizendo-lhe o que não fazer.

- Calma lá! Tá pior que égua prenha! Não pode chegar perto que já dá coice... - Dan tentou quebrar a tensão do clima.

Lucius inspirou fundo e depois olhou para o colega.

- Desculpe...

- Eu estou acostumados com coices. Você tinha é que se desculpar com a Karin... - ele cruzou os braços - Ela está bem aborrecida... Não vê-la toda espalhafatosa por aí por conta da Sallah é uma coisa, agora por sua causa é outra... - Lucius riu de leve quando ouviu o "espalhafatosa". Era um bom termo para a amiga.

- Eu não aguento mais esperar, Dan! Eu preciso fazer alguma coisa! - esbravejou.

- Nós sequer sabemos onde ela está! Vai morrer por esgotamento antes de achar o lugar se sair do jeito que quer! - o Guardião respondeu no mesmo tom. Não dava mais para ficarem só passando a mão na cabeça do outro - E mesmo que encontre, estamos aqui para proteger os novos Dragões e você quer ir lá para morrer??

Isso fez Lucius bufar e abaixar a cabeça. Percebera que estava novamente descontrolado e sem pensar nas consequências de seus atos.

- E outra... Se querem aprender a usar a tal pedra, ela com certeza está viva. - Dan continuou e colocou a mão sobre o ombro de Lucius, apertando-o, em sinal de conforto.

O rapaz olhou para o céu e respirou fundo novamente:

- Sim...

Naquele mesmo dia, no fim da noite, Eldar finalmente entrara em contato com Elendïl dizendo que encontrara o irmão e que estavam a caminho. Como não podiam levantar suspeitas, fariam toda a viagem como os seres humanos que supostamente eram. Sem paradas desnecessárias, levariam pelo menos um ciclo para chegarem em Delëndíl. Até onde sabem, Morthond não tinha conhecimento dos novos dragões, então era melhor manter dessa maneira e evitar exporem-se. Como já estava em seus aposentos, notificaria todos na manhã seguinte, inclusive a Rainha, que provavelmente já estaria dormindo.

 Como já estava em seus aposentos, notificaria todos na manhã seguinte, inclusive a Rainha, que provavelmente já estaria dormindo

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A noite chegou e mal conseguia ver as estrelas pelo buraco no alto da caverna. Mesmo com seu sentidos mais aguçados, não enxergava suas mãos a pouco mais de um palmo de sua face. Pensou que por estar extremamente fraca, seus sentidos estivessem mais próximos ao que eram antes de seus poderes aflorarem. Seus braços ainda pareciam paralisados, dormentes pela posição em que ficaram por muito tempo. Seus pulsos doiam bastante, feridos pelas algemas de ferro. O sangue seco coçava incomodamente. Não entendeu bem o plano de Amroth ao deixá-la daquele jeito, mas iria aproveitar para enfim dormir um pouco - ou pelo menos tentar -. Morthond parecia não sentir frio ali, e logo ela imaginou que o poder de gelo do Dragão fosse o responsável por isso. Tentou se concentrar por um tempo, mas não se sentiu bem. A comida recebida mais cedo fora suficiente para matar-lhe a fome daquele dia, porém não para recuperar suas forças. Teria que dormir passando frio, se realmente conseguisse superá-lo. Acomodou-se da maneira que pode, encolhendo-se em posição fetal. Fechou os olhos e começou a contar as respirações, na tentativa de relaxar e adormecer. Mas era impossível. Seu cérebro queria pensar em mil e uma coisas.

Sentiu pequenas gotas geladas formando-se em sua pele já fria. Olhou para o céu e notou através da fraca luz da noite a fina neve que caia. "Sempre tem um jeito de piorar, não?". Tateou o chão até localizar a parede e, escorando-se, colocou-se de pé com bastante esforço. Suas pernas estavam bambas e pareceram ter esquecido como se andava. Caminhou pelo espaço até encontrar um local em que sentisse que a brisa não trazia a neve, voltando a sentar-se ainda usando as pedras sob suas costas como apoio. Abraçou as pernas e encostou a testa nos joelhos. Lucius passou-lhe a mente. Deveria estar bastante preocupado. Se perguntou se estariam bolando algum resgate, mas ao mesmo tempo não queria que os amigos viessem. Morthond parecia ser poderoso demais. A saudades bateu. Desde que voltara de Ciantera, nunca haviam ficado tanto tempo longe um do outro. O peito apertou e lágrimas encheram seus olhos, sendo impossível contê-las. Chorou por um tempo e no fim adormeceu, vencida pelo cansaço, com os pensamentos no rapaz.



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Eu tenho ficado sem saber o que escrever aqui para vocês nesses últimos capítulos...

Mesmo sendo uma parte triste (já aviso até o final do livro é assim), não esqueçam do votinho...

Silver Leaves - O Dragão Negro (COMPLETO - SEM REVISÃO)Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum