CAPÍTULO I - Última Parte.

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    Sallah estava desnorteada, agarrada à criança em seu colo e tentando voltar à superfície. Estava tudo muito escuro ali e a situação era desesperadora, uma vez que não podia usar seus braços para nadar. Quis gritar pela ajuda prometida, mas logo percebeu que poderia se afogar. Foram longos segundos até que reparou que estava respirando normalmente e a pequena menina também parecia bem. De repente um clarão surgiu e ela avistou outros três seres da água: mais uma mulher, que estava bem ao seu lado lhe auxiliando, um jovem e um homem adulto. A fêmea segurou Sallah e nadaram todos em direção ao mar.

    Quando estavam à uma distância segura e cobertos pela floresta, subiram à tona e tiraram as duas resgatadas do rio. O cianterano mais velho foi quem as ajudou a sair e em seguida fez o mesmo. Sua longa cauda no mesmo instante transformou-se em pernas. Era como se as escamas se realocassem pelo seu corpo, e as que não eram mais necessárias se desfizeram em pequenas gotículas d’água. Foi uma cena tão estonteante que Sallah chegou a ficar fora de si por um instante. As asas, que na verdade eram nadadeiras, continuaram ali.

 - Meu nome é Aerandir, Sallah… Ouvimos o pedido de socorro e viemos ajudar. - disse ele tirando uma pequena bolsa que estava presa à sua cintura - Sinto não termos chegado mais cedo… - retirou um frasco de dentro da pochete - Isto é uma pomada para suas feridas. Irá parar o sangramento e impedirá que infeccionem. - ele já estava com o dedo lambuzado para tratá-la.

A jovem humana estava pasma com a beleza daquele ser de pele levemente azulada, de cabelos curtos jogados para trás. Mesmo tendo um nariz diferente dos seres humanos, era um homem estranhamente atraente. Ele estava prestes a passar a pomada nela quando finalmente falou:

- Cuide primeiro dela, por favor… - estava ofegante e levemente rouca por conta da fumaça inalada.

E assim ele o fez:

- Qual seu nome, pequena?

Entre tosses e suspiros a criança respondeu:

- Aeriel…

Ela estava com queimaduras leves então a aplicação do produto foi rápida, mas ela tossia muito e ele não tinha como ajudar… Voltou para cuidar da jovem adulta que tinha machucados mais graves: uma facada profunda em sua coxa direita, um corte maior, mas menos profundo, no braço esquerdo e alguns outros arranhões pelos braços e costas. Enquanto fazia isso, os outros dois habitantes da água se mantinham oclusos sob uma névoa sutil criada por eles.

Aerandir finalizou seus cuidados e colocou o pote de vidro na mão de Sallah:

- Fique com isto… E assim que conseguir se levantar siga para Algathar e cuidem-se. - ele tirou um pequeno saco de moedas de sua bolsa e colocou ao lado dela, que estava sentada na grama, escorada em um largo tronco de árvore - Deve ser suficiente para encontrar um lugar para dormir por algumas noites… Nós tentaremos descobrir o motivo desse ataque.

- Quero ir! - tentou levantar-se.

- Não, você deve cuidar de sua saúde, principalmente da menina.

A jovem olhou com ternura para Aeriel:

- Você está certo… Obrigada pela ajuda… - acalentou a criança.

- Posso levar isso? - referindo-se à espada de Bargon presa a Sallah.

- Mas…

- É de seu avô, sabemos… Prometo honrá-lo apropriadamente! Você não está em condições para isso…

Receosa, entregou a espada. Realmente não conseguiria fazer um túmulo para seu avô no momento, e nem tinha condições para ficar carregando uma arma que não sabe manusear.

Silver Leaves - O Dragão Negro (COMPLETO - SEM REVISÃO)Where stories live. Discover now