Silver Leaves - O Dragão Negro (COMPLETO - SEM REVISÃO)

CAPÍTULO X - Parte 3

Durante o almoço contaram tudo o que sabiam para o recém descoberto Guardião:

- Quem de vocês já tem os poderes? - Dan'han estava de braços cruzados, largado ao encosto de sua cadeira.

Karin e Sallah se olharam, e depois viraram-se ao mesmo tempo para Lucius.

- Olha só... - reclinou-se para frente - Há quanto tempo?

- Dois anos...

- Hum... - coçou o queixo e esticou o braço direito sobre a mesa, com a palma voltada para cima. Os olhos azuis do moço brilharam em prata, e no centro de sua mão uma pequena esfera de luz branca surgiu. As moças se encantaram com a pequena bola luminosa. Ele cerrou o punho, desfazendo sua magia, com a luz esvaindo-se por entre os dedos - Quatro anos... - estava exibindo-se. Olhou para Karin e piscou para ela.

Lucius não caiu na provocação e apenas permaneceu calado. O clima entre os dois estava tenso. Ele levantou-se abruptamente e agradeceu pela hospitalidade, estava na hora de procurarem um local para ficar e, com essa desculpa, chamou as amigas.

- Por que não ficam aqui? Tem espaço para todos...

Fato. A casa de madeira era grande, simples e espaçosa. O fazendeiro parecia morar sozinho com o tio - o senhor que os recebera logo cedo.

- Eu não me importaria... - Karin respondeu primeiro.

Sallah percebera o incômodo do amigo em ficar, queria tomar o lado dele, mas também soava interessante permanecer ali e passar mais tempo com o corsel branco. Ficou em silêncio aguardando a decisão do jovem.

- É o mínimo que eu posso fazer pelos meus novos amigos Guardiões. - deu um sorriso de canto.

Lucius suspirou e sentou-se novamente como resposta. Teria que aprender a conviver com a peça rara que acabara de conhecer.

Dan'han - ou Dan, como pedira para ser chamado - passou o resto do dia mostrando a fazenda, os outros cavalos que criava e o pequeno terreno que tinham para plantio. Por fim mostrou a casa. Dos dois quartos sobressalentes, as moças poderiam dividir a cama de casal de um deles e Lucius ficaria no outro, também com a cama grande.

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Na manhã seguinte conversaram sobre o que fariam a seguir. Resolveram dar alguns dias à Sallah para ver a evolução em relação ao cavalo escolhido e posteriormente se prepararem para a ida à Mérüem. Lucius não queria ficar ocioso nesses dias, então resolveu sair à cidade em busca de qualquer serviço que lhe pagasse algumas moedas. Era assim que sempre davam um jeito de conseguir um dinheiro extra. Uma lenha cortada aqui, uma louça lavada ali, ou até mesmo uma noite servindo clientes numa taverna - mas esse último era o bico preferido de Sallah -. Karin era a mais acomodada, criada na realeza Élfica, dinheiro não era um problema para ela.

Dan'han e Sallah logo cedo foram para a cocheira que seu novo cavalo estava. Próximo a outros animais ele parecia mais tranquilo. Mas ao ver os dois humanos chegando ficou agitado. A jovem tomou a dianteira e pediu o cabresto para que ela tentasse colocá-lo. Abriu a porta da baia e entrou do mesmo jeito que fizera no dia anterior: com as mãos a vista do animal - mostrando-lhe o acessório - e em passos lentos. Aos poucos o animal se acalmou e, dessa vez, Sallah tocou-lhe o pescoço quando chegou nele. Calmamente tirou a crina do equídeo da testa dele, liberando o caminho para colocar o cabresto. Dan ainda estava incrédulo com esse "jeito" da moça com animais. A garota segurava a rédea na mão, mas tentou fazer com que o quadrúpede a acompanhasse sem que precisasse puxá-lo. E assim foram ao redondel.

Dan'han a ajudou abrindo a porteira e rapidamente se retirou. Seguiu em direção à um pequeno galpão ao lado do estábulo, destrancou um grande cadeado e entrou. Ali ficavam os diferentes tipos de selas e todos os outros acessórios necessários para uma montaria. Procurou por um modelo simples e leve. Colocar uma sela de longos percursos logo de cara no jovem cavalo não seria bom. Ergueu a peça por cima do ombro, pegou os itens que precisava e voltou ao cercado. Aos longe viu Sallah ao chão e assustou-se. Correu até o local e largando a sela. Estava prestes a entrar no espaço quando notou o animal cheirando-a na face e ela rindo.