CAPÍTULO XII - Última Parte

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Karin acordou no meio da grande cama, cercada por travesseiros e deu um longo bocejo. Era bom dormir num colchão macio - quem dera pudesse sempre fazê-lo - e aproveitar as comodidades que bons anfitriões forneciam. Levantou-se e foi até a suíte. Lavou seu rosto, ajeitou os cabelos bagunçados e seguiu para o grande salão para tomar café da manhã. Em seu caminho estava o quarto indicado para Lucius e, passando por ele, a porta estava aberta e notou a cama feita. "Será que acordou tão cedo?", pensou.

Chegou à copa. A longa e retangular mesa estava posta - com cestas de suculentas frutas, pães à vontade e três diferentes bules de prata, provavelmente um com cada bebida quente: café, leite e água para chá -, mas suas doze cadeiras estavam vazias. Esperava encontrar Lucius ali. Viu alguém no terraço, por trás das esvoaçantes cortinas vermelhas e acelerou o passo até lá. Era Sallah.

- Bom dia... - não conseguiu lançar o cumprimento animadamente como costumava.

- Bom dia, Karin. - sorriu.

- Está melhor? - chegou ao lado da jovem, no para-peito.

- Energias renovadas! Tirando esse braço, claro... - riu de leve.

Karin deu um sorriso amarelo.

- Lucius já tomou café?

- Ele está dormindo ainda...

A jovem demorou alguns segundos, até que, decepcionada, entendeu o que aconteceu.

- Ah...

Elas ficaram em silêncio por um tempo.

Sallah admirava a paisagem, em paz, enquanto Karin se remoía por dentro, pensando se perguntava o que havia acontecido entre os dois naquela noite.

- Bom dia.

- Bom dia, Lucius! - era difícil não notar a empolgação de Karin ao ver o rapaz.

Ele se aproximou de Sallah, que fez um carinho em seu rosto, beijou-lhe a testa e a abraçou.

Karin não entendendo nada, mas ao mesmo tempo compreendendo algumas coisas, mudou sua feição alegre para uma um tanto triste.

- Vamos tomar café? - Sallah desprendeu-se dos braços de Lucius ao notar a amiga desconfortável com a situação.

- Por favor! Estou faminta! - Karin forçou uma animação e foi na frente.

Sallah estava indo atrás, quando Lucius a segurou pela mão e puxou-a de volta para seus braços, selando-lhe os lábios rapidamente. Ele queria fazê-lo o tempo todo, mas a jovem havia pedido descrição. Logo a soltou e eles seguiram em direção ao salão.

Após o café da manhã, foram convocados àquela mesma sala para encontrarem a Rainha. Estavam ansiosos e sedentos por informações mais precisas. Erëndriél já estava acomodada em sua poltrona, seus ruivos cabelos soltos batiam na altura de seu peito e seu rosto cheio de sardas tinha uma expressão um tanto neutra, mas seu olhar dizia ser uma mulher séria. Novamente acompanhada de Elendïl, sua fiel conselheira, mas sem uma escolta. Karin e Sallah sentaram-se no sofá em frente a rainha e Lucius permaneceu em pé, atrás do móvel. A outra elfa estava em pé ao lado de Erëndriel, seus longos cabelos louro-médios trançados, passados por cima de seu ombro, chegavam até a frente de seu quadril. Sob seu braço havia um embrulho de couro macio. Com todos acomodados, ela abriu o pacote e entregou um largo diário à rainha, ajeitando seus óculos na face logo em seguida. As folhas amarronzadas do manuscrito entregavam o quão antigo era. A elfa alisou a capa do encadernado, folheou algumas páginas das letras cursivas de seu pai e parou ao encontrar o que procurava.

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"Elbereth rebelou-se contra sua própria espécie e ordenou um ataque surdino, em meio a escuridão da noite do último ciclo de Mahina, para aniquilar seus semelhantes. A investida fora tão bem organizada que chegamos a conclusão que a Dragão Negro planejava sua traição há tempos. Os continentes foram tomados por criaturas jamais vistas pela maioria. Com seu poder das Trevas, Elbereth deixou as criaturas vís de Lumnia ainda mais despezíveis e poderosas.

Silver Leaves - O Dragão Negro (COMPLETO - SEM REVISÃO)Where stories live. Discover now